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Educação Brasileira, ingresso e permanência Jun/11

Educação Brasileira, ingresso e permanência

Wolmir Amado

 

A maioria das famílias brasileiras tem parentes que ingressaram mais tarde na escola ou na universidade, ou tem idade fora da faixa etária que corresponde ao ano escolar ou acadêmico. Outros abandonaram os seus estudos, com consequências desfavoráveis para toda sua vida. A questão do ingresso e da permanência na educação não é apenas uma questão técnica, um assunto especializado e restrito aos educadores. Ela atinge a vida das pessoas, seu presente e seu futuro; impacta sobre as famílias, os filhos, a capacitação para o trabalho, as condições de sobrevivência, o modo de compreender o mundo. Atinge, também, o conjunto da sociedade, o desenvolvimento do país e a soberania da nação. A gravidade desse prejuízo afeta a todos e por isso requer uma reflexão que não pode se restringir às redes escolares.

Há na educação superior brasileira – universidades, centros universitários e faculdades, públicas, comunitárias e particulares -, quase 6 milhões de estudantes. A meta do atual governo é chegar aos 10 milhões. Mas este é um grande desafio, pois, anualmente, para cada 1,5 milhão que ingressam na educação superior, a mesma quantia se estabelece para os que saem das universidades. Destes, 1 milhão são os que se formam e 500 mil abandonam seus estudos.

Esse gargalo educacional também é dramático no ensino médio. Dos 10,2 milhões de jovens em idade de 15 aos 17 anos, 45% deles estão com o ensino fundamental incompleto, por atraso decorrente de reprovação ou, no caso 15 %, porque já desistiram da escola.

Embora, nos últimos anos, que muitos tenham retornado às escolas e universidades em idade adulta, isso ainda está longe de ser uma tendência. Uma vez abandonada a escola, fica difícil retornar: o emprego, a condição financeira, o sustento dos filhos, as motivações profissionais ou pessoais, essas e tantas outras são razões que dificultam o retorno aos estudos. Por isso, as escolhas e oportunidades do jovem são decisivas e têm consequências para toda a sua vida. E para o futuro do país. Por isto, é preciso enfrentar com criatividade e coragem o empenho pela permanência na escola ou na universidade.

Em todos os países há um pequeno percentual daqueles que não dão continuidade aos seus estudos porque “não querem” ou sentem “dificuldade na aprendizagem”.  Entretanto, no caso do Brasil, os números da evasão são bastante preocupantes e apontam para outras causas. No caso da educação superior, três causas, dentre outras, têm sido recorrentes para a evasão. Uma é a indefinição vocacional, ou profissional. O estudante escolhe um curso superior, inicia seus estudos e os abandona após o segundo semestre por não se identificar com uma futura profissão, ou com uma área de conhecimento. Isto tem se intensificado nos últimos anos devido às mudanças psicoculturais do tempo em que vivemos. Cada vez chegando mais cedo à escola e com maior acesso à informação, uma parcela das crianças e dos jovens se caracteriza pela desenvoltura e pela precocidade, mas não pela maturidade para tomar grandes decisões profissionais ou existenciais. Para ajudá-los a acertar em suas escolhas, a família não pode impor profissões de status, que não correspondem às habilidades de seu filho. E as universidades ou faculdades precisam dispor de um serviço para a orientação vocacional, com a qual o estudante possa encontrar um apoio ao seu discernimento.

Outra causa para a evasão na educação superior é a dificuldade na aprendizagem. Isso tem se verificado predominantemente na área tecnológica, sobretudo na das engenharias, por exigir maior domínio da matemática. Aqui, temos um problema estrutural muito grave porque se verifica uma grande defasagem proveniente da educação básica, sobretudo nas escolas públicas, e porque as licenciaturas, na educação superior, sofreram um grande declínio nos últimos 20 anos.  Aulas complementares de reforço nas escolas, ampliação das escolas de tempo integral, incentivo às licenciaturas (aos cursos de formação de professores) e aulas complementares de reforço ou de orientação especial nas faculdades e universidades podem ajudar na superação desta causa de evasão.

A terceira causa para a evasão na educação superior, pública, comunitária ou particular, é a financeira e, talvez, seja a causa mais dramática e importante a ser enfrentada. Para as instituições federais de ensino há vários benefícios de assistência estudantil. Para as instituições comunitárias e particulares há diversas formas de bolsas de estudo e de financiamento. Entretanto, ainda não conseguimos evitar que muitos estudantes pobres abandonem seus estudos por dificuldade financeira.

Na educação básica, as causas da evasão são ainda mais amplas e complexas. As condições salariais dos professores, a falta de professores formados em química, física, matemática e língua portuguesa, a precária infraestrutura escolar, a falta de qualificação para a gestão escolar, as insuficiências nas metodologias de ensino-aprendizagem, os múltiplos problemas nos núcleos familiares, o avanço da violência e das drogas, essas e tantas outras causas têm levado às reprovações e à evasão escolar.

Atenção ainda maior merece o ensino médio. Fragilizado pela falta de uma identidade, essa fase escolar enfrenta uma profunda crise e uma grande confusão. Alguns enveredaram para um “conteudismo” sem fim, desvinculado de práticas e do ensino vivenciado; outros avançam temerariamente para níveis de especialização só cabíveis no curso superior; há os que ocupam o tempo e a inteligência de milhares de adolescentes para a memorização de dezenas de fórmulas que serão de uso incerto nos próximos níveis de ensino; e há uma grande maioria, inclusive correspondendo às expectativas dos pais, que restringe o ensino médio a uma preparação para passar no vestibular. Sob tal perspectiva, reprovação escolar e evasão são inevitáveis, sobretudo em escolas públicas. E, o mais grave, a saúde psíquica e a referência dos valores cede lugar à concorrência e a uma perigosa concepção de sucesso.

O Brasil já é líder mundial em mídias sociais. Por que não haverá de encontrar novos e criativos caminhos para superar a reprovação e a evasão escolar? Por que não haveria de conseguir incorporar novas ferramentas tecnológicas a serviço do ensino-aprendizagem? Por que não haveria de se empenhar numa aprendizagem mais eficaz, agradável e colaborativa? Com a firme determinação da família, do governo e das escolas e universidades, em ação conjunta, é possível superar as reprovações e o abandono dos estudos. Mas, é preciso querer!

 

Wolmir Amado é Reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.