Fotografia da nossa viagem para Europa, novembro de 2009.
Clique na foto acima para ver o Curriculum Vitae do Professor Wolmir.
Boa Leitura
Tema: Eleições e voto consciente
Domingo, outra vez, o Brasil vai às urnas. Agora, é a última e definitiva votação. Da escolha consciente de cada cidadão dependerá o futuro de Goiás e do Brasil.
Em regimes representativos, é preciso eleger quem representa politicamente todos os cidadãos. É por isso que, no domingo, retornamos às urnas. Da escolha bem acertada da maioria é que vai depender a boa representação e o êxito dos futuros governos.
Passos importantes aconteceram no amadurecimento da democracia brasileira. Há poucos dias, o Supremo Tribunal aprovou que a lei da Ficha Limpa será aplicada ainda nessas eleições. Isso confirma o desejo do povo brasileiro pela ética na política. Ainda temos que enfrentar a corrupção, os escândalos financeiros e a influência do dinheiro na política. Entretanto, segundo a organização Transparência Internacional, numa análise comparativa com os demais países do mundo, nosso país melhorou sua posição ética na lista dos índices mundiais de corrupção.
Terminou o período da campanha eleitoral. Por quatro meses, acompanhamos debates e exposições sobre planos de governo e perfis de candidatos. Não faltaram as baixarias e o jogo do vale-tudo para ganhar. O poder econômico, outra vez, jogou pesado no processo eleitoral. E os partidos, mais uma vez, enveredaram para as alianças partidárias de conveniências.
Por tudo isso, o eleitor não pode tudo com o seu voto. Podemos escolher apenas os candidatos que grupos minoritários escolheram e apresentaram à sociedade. Justamente por isto, o voto deve ser consciente. Os que votam apenas como protesto contra a política, poderão se decepcionar ainda mais em ver que “pior do que está, fica”. E os que vendem seu voto, verão as conseqüências de não escolher para o bem comum.
Viver em sociedade não é fácil. Por isto, é preciso fazer escolhas acertadas. Domingo, deve ser um dia de alegria e esperança. Nosso futuro, em parte, está em nossas mãos. Temos a chance de fazer escolhas. Que os impasses atuais da política brasileira não sejam o motivo para o desânimo e a descrença. Podemos fazer um Brasil melhor. Então, vamos às urnas, com nosso voto consciente.
Tema: Dia do Professor
Você se lembra do nome de seus professores? Algum deles marcou em especial a sua vida. Hoje, 15 de outubro, é dia de homenagem aos professores e professoras.
Nascemos no contexto de uma família e por ela somos educados. Pais e familiares são presença indispensável para a aprendizagem, para o afeto e para a formação da personalidade.
Entretanto, num certo momento da vida, a família busca o apoio da escola. Sabe que a educação formal oferecerá condições para uma aprendizagem diferenciada, para uma convivência mais ampla e para o acesso a novas linguagens.
Da Educação Básica à Educação Superior, do maternal à Universidade, há diferentes fases de aprendizagem, percorridas num caminho que vai do simples ao complexo. Cada fase, ciclo ou etapa representam auto-superação, conquista e crescimento.
Certamente, temos milhares de lembranças sobre a escola. O ambiente escolar não é apenas um lugar onde se passa por ele. É, sobretudo, um tempo precioso da vida, que marca consciências e corações. Por isto, guardamos muito vivo na memória os amigos do tempo escolar, as dificuldades que enfrentamos na escola, as descobertas que nela fizemos.
No coração da escola está o professor, a professora. Uma escola pode ter belos prédios, sofisticados equipamentos ou abundância de livros na biblioteca. Entretanto, se não tiver bons, qualificados e comprometidos professores, será uma escola que não consegue implementar seu projeto pedagógico.
No passado, os métodos da docência colocavam no professor a suprema autoridade do conhecimento. O mundo mudou e o jeito de ser professor também mudou. Hoje, o ensino-aprendizagem se faz no diálogo, apresentado de modo propositivo. E o professor é um facilitador, que ajuda o estudante a descobrir, a buscar e a se entusiasmar pelo conhecimento.
Sou professor há 25 anos. Acompanhei grandes mudanças ocorridas na ciência, na tecnologia, nas concepções curriculares e pedagógicas. Entretanto, o que mais me impressionou foi a emergência de uma nova geração de estudantes, com novos paradigmas psico-culturais, com um novo jeito de ver a vida, com um novo estilo de ser e de agir. Tanto quanto eu, milhares de educadores, em todo o mundo, tivemos que rever nosso jeito de ensinar e nosso modo de ser educadores.
Hoje, grandes desafios se impõem para a profissão do professor. O principal desafio é o salarial. Isso tem desmotivado a juventude para ser professor ou professora. Por isto, os cursos de licenciatura enfrentam uma crise de esvaziamento. E o país experimenta um déficit de mais de meio milhão de professores com habilitação. Entretanto, se o Brasil quiser conquistar a liderança mundial, terá que assumir com coragem a Educação. E, sobretudo, será preciso valorizar os professores.
Sábio é o povo que reconhece os seus mestres. Ao professor e a professora, nossa homenagem e reconhecimento.
Tema: Nossa Mãe Aparecida
Neste 12 de outubro, o povo brasileiro celebra o dia da padroeira do Brasil. Com filial devoção, como povo mariano, tomamos emprestado o olhar materno de Aparecida para suplicar a benção às crianças brasileiras, a justiça para a pátria, o cuidado para com as águas do rio Parnaíba e de todos os rios, fontes e nascentes do país, o amor solidário para a superação da violência e a construção da paz.
"...Rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte". Assim tenho rezado há ininterruptos 45 anos. Ultimamente, na pressa do trabalho que me aguarda, ao abrir os olhos no cedo amanhecer, tenho feito preceder à oração mariana um ardente o orante desejo: "Que um dia, Senhor, eu possa acordar dentro do Teu coração".
A devoção e amor que tenho para com a Mãe de Jesus Cristo é uma preciosa herança espiritual transmitida há dois mil anos dos pais aos filhos, de comunidade à comunidade, de povos a povos. Sua evocação faz memória da Mãe que é constante presença; no anúncio do anjo, um sim responsável; na gruta de Belém, um sim amoroso; na fuga para o Egito, um sim aflito; no filho entre os doutores da lei, um sim preocupado; no casamento em Cana da Galiléia, um sim solidário; na vida pública de Jesus, um sim de seguimento; ao pé da cruz, um sim de dor; nas primeiras comunidades, um sim à Igreja nascente.
A singular presença de Maria nos momentos mais decisivos da vida de Jesus fez com que o cristianismo tivesse por ela especial carinho. Entretanto, embora não seja nunca o desejo de uma mãe, entre filhos há também incompreensão e desentendimento. No século terceiro e quarto, já sob forte influência da cultura grega, os cristãos sentiram a necessidade de formular teologicamente alguns princípios. Para superar a afirmativa de que Jesus havia sido só humano, ou só divino, afirmou-se eclesialmente que Ele era "verdadeiro Deus e verdadeiro homem, gerado, não criado, consubstancial ao Pai". Se Jesus é humano e divino de modo indivisível, então, Maria é Mãe de Deus. Ora, isso levou muitos a concluírem que, por esta afirmação, Maria podia ser erroneamente considerada de natureza divina, o que redundaria em grave equívoco teológico. A isso se acrescentou, mas tarde, a questão das imagens (por influência de algumas culturas que valorizavam a arte, principalmente da pintura e da escultura), a devoção aos santos e uma mudança do foco cristocêntrico na história da salvação. A tais questões se somaram outras de causa política, econômica, social e cultural. Foi o suficiente para provocar grandes e dolorosas divisões no cristianismo, tão conhecidas e de tão difícil superação.
Não obstante os dissensos da história, Maria e os principais seguidores de Jesus continuam hoje no coração das comunidades cristãs mediante as dimensões constitutivas do cristianismo: Pedro remete ao ministério; João, ao amor; Paulo, à liberdade do Espírito e à missão; Tiago, à fidelidade da tradição; e Maria, à expressão materna e acolhedora que se expressa no testemunho de solidariedade, justiça e ternura. Por isso, em diferentes séculos da história, nas situações mais trágicas da vida, quando tudo parecia desmoronar, videntes puderam reconhecer, escutar, ver e testemunhar ao mundo a atualidade da mensagem mariana.
Lugares tornaram-se títulos à mãe de Jesus. Por isso, ela é invocada como Nossa Senhora de Fátima, de Caravággio, de Lourdes, de Salette, de Guadalupe. A cada aparição, os traços da fisionomia, a linguagem e o estilo de cada povo, numa profunda identificação com a alma de cada cultura.
Situações existenciais também foram motivos de identificação mariana. Assim, invocamos a Mãe de Deus como Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da Boa Morte, da Paz, Auxiliadora, Desatadora dos Nós.
Ainda, se quis que cada cidade ou local de devoção fosse incorporado como título mariano. Então, à Mãe de Jesus chamamos de Nossa Senhora das Oliveiras (padroeira de minha Diocese de Vacaria - RS), do Pantanal (MS), da África; ou, ainda, Nossa Senhora dos Navegantes, das Candeias e de tantas outras profissões e condições da vida.
É uma identificação cheia de emoção, que alcança as profundezas da alma humana.
Nesse dia 12 de outubro, invocamos Maria sob o título de Nossa Senhora Aparecida. Pescada por pobres homens, durante o duro trabalho para encontrar o alimento de cada dia, naquela pequenina imagem de Maria o povo brasileiro se reconheceu. Ela foi encontrada nas águas, em pedaços e com cor negra. É um ícone da história coletiva que nos formou como povo brasileiro. Remete-nos a abundância das águas no território em que habitamos, às origens fragmentadas na formação da nação e à etnia negra que, embora grandiosa, foi reduzida, durante séculos de exclusão, ao tamanho daquela pequena imagem "aparecida".
Há um ano, por ocasião do cinqüentenário da PUC Goiás, Universidade que tenho a honra de presidir, o Santuário de Aparecida doou para nossa Instituição a réplica daquela imagem original encontrada pelos pescadores. Foi trazida por um missionário redentorista. Fomos buscá-la no aeroporto de Goiânia. Ao lado daquela pequenina imagem tive a graça de permanecer, no carro do Corpo de Bombeiros. Percorremos muitos quilômetros. Senti-me naquele percurso - feito sob os aplausos, foguetes, cantos e buzinas -, com uma serena presença espiritual. E do alto daquele caminhão, compreendi alguns dos acontecimentos da Universidade que até então não havia suficientemente interpretado. Como Maria, "guardei tudo no coração"(Lc 2,51).
Hoje, dia de nossa padroeira, com ternura, confiança e ardente súplica, pedimos à Mãe Aparecida: abençoai e protegei o povo brasileiro.
Tema: Cinto de segurança no banco de trás
Para o comentário de hoje, atendemos à sugestão de um telespectador. A semana do trânsito terminou. Mas os perigos e os cuidados no trânsito continuam. Gostaria de lembrar sobre a importância do uso do cinto de segurança no banco de trás do veículo. Isso pode evitar a lesão na medula e os acidentes fatais.
O uso do cinto de segurança já é bastante usado. Foi preciso de muita campanha de conscientização sobre sua importância. E da cobrança de pesadas multas. Entretanto, dificilmente os passageiros do banco traseiro usam o cinto. Acham que estão protegidos pelo banco da frente. Ou, simplesmente pelo fato de viajar atrás, não correm nenhum risco. Ora, não existem por acaso os cintos de segurança em todos os bancos do carro.
Sete em cada dez pessoas que viajavam sem cinto no banco traseiro sofreram lesão medular no acidente em que foram vítimas. A maioria das colisões entre veículos é frontal. Em um acidente frontal, todos os ocupantes do veículo são arremessados na mesma direção e na mesma velocidade que o carro estava andando na hora da batida. Quem está no banco traseiro sem o cinto, é jogado para frente, a 60 km/h, contra o encosto do banco dianteiro.
Quem está no banco de trás, não é arremessado apenas para o banco dianteiro. Também é jogado para cima, contra o teto do carro. Isso porque em uma colisão frontal a traseira do carro é impulsionada para cima, levantando rapidamente as rodas do chão. Dependendo de quanto o carro é impulsionado para cima, o passageiro do banco de trás baterá a cabeça contra o teto do carro.
O problema é que ao mesmo tempo em que o passageiro é jogado contra o teto, seu corpo continua se deslocando para frente, na direção do banco da frente. O teto segura a cabeça da pessoa, ocorrendo, então, o risco de uma flexão extrema do pescoço. Essa flexão pode provocar uma fratura da coluna cervical que, muitas vezes, é seguida do ferimento da medula na espinha, a lesão medular.
Dependendo da velocidade do veículo, o corpo da pessoa, pesando quase uma tonelada devido à força do arremesso, pode ser jogado fora do carro, depois de atravessar o pára-brisa. Isto, depois de atropelar o motorista ou o passageiro dos bancos da frente, impondo a eles enorme risco de morte. Respeitar a própria vida e a vida dos outros também supõe assumir pequenos gestos de cuidado. Ao sentar-se no banco de trás do veículo, seja agradecido com a carona e com a vida; use o cinto de segurança.
Tema: Prevenir é o melhor remédio
As doenças que invadem nossos corpos geralmente se desenvolvem lenta e silenciosamente. Quando a dor e o mal-estar dão o alarme, a situação pode ter se tornado muito complicada. Então, das crianças aos idosos, pequenos cuidados de prevenção contra as doenças podem ser o melhor remédio.
Recente pesquisa sobre saúde e bem-estar, realizada no Brasil e em outros sete países, pela Philips em parceria com o Instituto Ipsos, constata que o brasileiro não tem o hábito de se prevenir contra os problemas de saúde. Isso pode custar caro, seja porque provoca o aumento nos custos financeiros do Sistema Único de Saúde, o SUS, seja porque reduz a expectativa de vida e a qualidade dos anos que se vive.
Há três caminhos importantes quando o assunto é prevenção. O primeiro é a imunização contra as inúmeras doenças. Para isto, é preciso fazer as vacinas na infância e nos demais períodos da vida.
O outro caminho da prevenção é alimentar-se de modo saudável e praticar exercícios físicos. Os exercícios contribuem para a defesa do organismo, reduzem as taxas do mau colesterol e previnem de doenças coronárias.
O terceiro caminho da prevenção é fazer os exames médicos ao menos uma vez por ano. Isso previne especialmente, para as mulheres, contra o câncer de mama e de colo uterino; e, para os homens, previne contra o câncer de próstata.
Algumas dicas, tão bem conhecidas, que merecem sempre ser recordadas como alerta para a saúde:
1º Não fume. A nicotina prejudica a irrigação do organismo e a defesa contra as doenças;
2º Cuidado com o consumo excessivo do álcool. Prejudica o sistema respiratório e é causa de várias doenças, como as pneumonias;
3º Para uma alimentação saudável, evite frituras e alimentos gordurosos. Prefira verduras e frutas. Evite também os refrigerantes e beba muita água.
4º Evite ficar exposto ao sol das 10 horas às 16 horas.
5º Controle seu peso e evite a obesidade.
6º Cuide de sua saúde mental. Viva em harmonia com a família. Procure dormir bem. Visite os amigos, faça passeios, leia, tenha alguma diversão.
7º Se tiver pressão alta, fique atento às variações da pressão. E procure o médico pelo menos uma vez por ano.
8º Informe-se sobre as vacinas que existem e procure ficar imunizado das doenças. E proteja-se das doenças sexualmente transmissíveis.
Tudo isso pode fazer a diferença em sua qualidade de vida. Prevenir ainda é o melhor remédio.
Tema: Riqueza que ofende
Dinheiro na mão é vendaval. Pode tanto que é preciso de muito juízo para bem usá-lo. Do contrário, cega a consciência e endurece o coração. No topo da pirâmide social, cresce a concentração da riqueza. Com ela, também se expande o mercado de luxo.
Tem gente, em Goiânia, que compra carro de luxo importado no preço de R$ 750 mil, casa no valor de R$ 5 milhões, vestido de festa no valor de R$ 9 mil, ou uma simples blusa no custo de R$ 1 mil. Também existem locais para reuniões festivas onde as peças de móveis são únicas, como uma cadeira de madeira estilo marquesa, avaliada em mais de R$ 30 mil, um tapete turco avaliado em mais de R$ 20 mil e, ainda, talheres banhados a ouro e lustre americano.
Nos sete primeiros meses deste ano, foram vendidos e emplacados em Goiânia 322 carros esportivos de luxo, com preços acima de R$ 150 mil e chegando a R$ 700 mil.(O Popular, 29/08/2010, p. 14-15).
No ano de 2009, no auge da crise financeira internacional, o mercado de luxo brasileiro faturou mais de seis bilhões de dólares, com um crescimento de 4% em relação ao ano de 2008. E para esse ano o faturamento está projetado em aumento de 22%, na relação com o ano passado.
Pesquisa realizada sobre o perfil do consumidor de produtos caros, assim o caracteriza: é um consumidor que gasta em média R$ 3,5 mil (três mil e quinhentos reais) por compra; as mulheres representam 63% desses consumidores; 40% tem entre 26 a 35 anos de idade; 47% tem pós-graduação; 47% faz investimentos pessoais de até R$ 100 mil; e, acredite se quiser, possuem a faixa de renda mensal entre R$15 mil e R$ 20 mil (MCF Consultoria e Conhecimento; GFK Brasil).
Diante de tanto luxo e riqueza, mais uma vez, é preciso revisitar o sentido da vida. Com certeza, todos precisam de um mínimo de recursos para viver com dignidade. Entretanto, quanto maior for a acumulação da riqueza, menor será a liberdade. Será preciso proteger a riqueza contra tudo e contra todos. Certamente, com muito dinheiro, haverá mais chances para fazer escolhas sobre objetos do desejo; entretanto, na inquietante dialética hegeliana do senhor e do escravo, tais objetos, além de se rebelarem e escravizarem quem os possui (daí o possuidor se torna um possuído), também suscitam uma satisfação momentânea, que se confunde com a felicidade.
Além da interrogação filosófica, a questão do luxo ainda remete para a questão ética. O caminho da excessiva sofisticação leva ao orgulho, à arrogância e à disposição de se sentir o maior e o melhor. É uma direção perigosa, seja porque afasta da convivência e da autenticidade nas relações, seja porque dificulta o exercício da liderança. Um livro dos mais lidos na atualidade, sobre a essência da liderança, indica a humildade como uma das principais exigências para a liderança e para o êxito das empresas, das organizações e das instituições (James Hunter, O Monge e o Executivo, p. 86). Em outras palavras, o luxo pode levar ao fracasso nos negócios, à insensatez do desperdício e à propensão de perder tudo o que se possui, mesmo que seja muito: muito poder, muita riqueza, muita amizade!
O mais gritante e doloroso, entretanto, é que ao lado do luxo de alguns existe a miséria e a fome de muitos. Essa imensa disparidade social provoca indignação, revolta e violência. É uma das mais graves ameaças sociais, que põe em risco qualquer possibilidade de convivência humana. Sobre tal situação, dentre outras, duas disposições seriam necessárias, uma legal e outra moral. Legalmente, seria imprescindível uma rigorosa taxação sobre a riqueza e sobre os produtos de luxo. Moralmente, gostaria de sugerir que os consumidores do mercado de luxo conhecessem ao menos uma entidade filantrópica e que transformassem seus desejos em solidariedade e amor.
Tema: Seminário Santa Cruz, 150 anos
Seminário, para a Igreja Católica, é o lugar onde se formam os padres. Também as Igrejas evangélicas históricas possuem seus seminários para a formação dos pastores. No Brasil, por razões peculiares na história da nação, além da formação de padres, os Seminários foram responsáveis pela formação de grandes lideranças sociais, políticas e educacionais. Hoje, é Dia do Seminário Santa Cruz, que completa 150 anos. Também é aniversário do Instituto Santa Cruz, criado há sete anos.
O projeto de criação do Seminário Santa Cruz é datado dos inícios da segunda metade do século XIX. O nome Santa Cruz foi escolhido como exaltação à cruz, símbolo da salvação redentora de Cristo à humanidade, e ainda em homenagem ao goiano Felipe Cardoso de Santa Cruz, que em 1858 foi o autor do projeto para a sustentação financeira do Seminário.
A ocupação territorial brasileira começou pela costa litorânea. Chegados pelo mar Atlântico, os portugueses criaram os arraiais e cidades ao longo do litoral. Foi tardia a ocupação do interior do Brasil. Os primeiros povoados foram criados pelas entradas e bandeiras, especialmente com a finalidade de extração do ouro. Avançaram para Ouro Preto, Cuiabá e Goiás, criando em nosso estado principalmente as cidades de Vila Boa e de Pirenópolis.
Oficialmente, o Seminário Santa Cruz foi criado pelo Decreto Imperial nº 2.543, de 03 de março de 1860, trigésimo nono ano de Independência do Brasil. Foi assinado pelo imperador D. Pedro II e pelo ministro da Secretaria do Estado de Negócios da Justiça, João Lustosa da Cunha Paranaguá.
A criação de um Seminário de estudos eclesiásticos, por ato do imperador, é decorrente do direito do padroado. Desde os inícios da colonização da América, o papa fez um acordo especial com os reis católicos da Espanha e de Portugal. Confiava aos reis o governo da Igreja nas colônias. Cabia ao Estado português, no caso do Brasil, não apenas a defesa territorial, como também o poder de administrar e supervisionar a evangelização. Era uma estreita aliança entre Igreja e Estado. Por isso, também no caso do Seminário Santa Cruz, em Goiás, sua criação foi ato administrativo do imperador.
O decreto de Dom Pedro II sobre a criação do Seminário Santa Cruz, em quatro artigos, estabelecia: (a) os conteúdos curriculares a serem ministrados: geometria, latim, francês, retórica, eloqüência sagrada, filosofia racional e moral, teologia dogmática, história eclesiástica, instituições canônicas, liturgia e canto; (b) o pagamento anual para os professores: um conto e duzentos mil réis; (c) os professores e os livros seriam indicados pelo bispo e aprovados pelo governo; (d) o modo de alternância e substituição dos professores, com respectivo procedimento para o pagamento dos salários.
No século XIX, Goiás ainda era uma província distante e inóspita. Do Rio de Janeiro até a Vila Boa de Goiás, chegava-se no lombo do cavalo. Também quase não existiam escolas. Predominava o analfabetismo. Para a formação do clero, os seminaristas eram enviados a São Paulo e ao Rio de Janeiro. E alguns faziam os estudos eclesiásticos em Roma, como é o caso do Cônego Silva e Souza, considerado um dos primeiros historiadores de Goiás. É sob tal contexto cultural que se compreende o significado e a importância em criar um Seminário. Era uma importante e rara oportunidade de estudar.
Estudei nove anos em seminário. Era dirigido pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Cursei o ensino médio, em regime de internato, no Seminário Seráfico São José, em Veranópolis, no Rio Grande do Sul. E o seminário maior, para os estudos da Filosofia e Teologia, foi em Mato Grosso do Sul e em Goiás. Meu tempo de seminário foi um dos mais belos e intensos da vida. Foi o seminário que me proporcionou sólida formação intelectual, cultural e espiritual.
O Seminário Santa Cruz foi inaugurado pelo terceiro bispo de Goiás, Dom Joaquim Gonçalves de Azevedo, em 06 de janeiro de 1872. Vinte anos depois, em 1892, D. Eduardo Duarte, quinto bispo de Goiás, transferiu o Seminário para a cidade de Ouro Fino.
Nos primeiros anos da república, com a separação entre Igreja e Estado, o Seminário enfrentou dificuldades de manutenção e foi fechado. Reabriu em 1908. Mais tarde, em 1936, Dom Emanuel Gomes de Oliveira transferiu o Seminário Santa Cruz para Bonfim, hoje Silvânia.
Em 1956, foi criada a Arquidiocese de Goiânia. Entretanto, o Seminário Santa Cruz permaneceu em Silvânia até 1961, quando então foi transferido para Goiânia. A partir de 1975, o Seminário Santa Cruz passou a ter apenas a formação superior, com os cursos de Filosofia e Teologia. Em 2004 foi criado o Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz, agora com prédio próprio e organização acadêmica segundo as exigências do MEC.
Seminários são mais que uma “sementeira de vocações”, ou um local com condições propícias para o discernimento vocacional e a preparação a um ministério eclesial. Seminários preparam lideranças e formam para a vida. Comunidades eclesiais ou igrejas saudáveis tiveram seus líderes formados em bons seminários. Em tempos de investidas fanáticas para queimar o Alcorão, ou de legislações de estados teocráticos que fixam penas de apedrejamento para as uniões ilícitas, vale a pena valorizar e fortalecer os seminários, verdadeiras escolas que formam para o respeito, o diálogo e a paz.
Tema: Dia Municipal pela Cultura da Paz
Construir uma cultura de paz é o grande desafio e exigência para superar a violência e os conflitos. Goiânia também abraçou essa causa. Hoje é o Dia Municipal pela Cultura da Paz.
Somados em anos, temos na história humana mais tempos de guerra que os tempos de paz. Países e cidades que já foram inteiramente destruídos pela guerra, sabem que o ódio pode colocar tudo a perder. O ódio é o pai das bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima, dos aviões lançados sobre as torres gêmeas nos Estados Unidos, dos freqüentes atentados que ocorrem em países da Europa e do Oriente Médio.
Além dos conflitos internacionais, a violência invade nossas cidades, estados e o país. O trânsito urbano foi tomado pela violência da excessiva velocidade, do desrespeito às normas e sinais, da imprudência nas manobras, dos atropelamentos e mortes. As brigas e desentendimentos desestabilizam as famílias, as escolas e as instituições. A política partidária se transformou em guerra de ataques e, nos casos extremos, em adversários que matados a bala. O conflito no campo persiste há décadas, amparado pelo latifúndio e pelas monoculturas do agronegócio.
Temos mil razões para construir e proteger a paz. “Olho por olho e o mundo acabará cego”, dizia Mahatma Gandhi. “Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão”, insistia em dizer João Paulo II. Pacem in terris, escrevia o papa João XXIII, no difícil período após a II Guerra Mundial. Investir no perdão como alternativa estratégica para viabilizar a política, refletiu Hanna Arendt. Shallon: assim aprendemos dos judeus a fazer a saudação cotidiana. Fraternidade foi o ideal de sociedade preconizado pela Revolução Francesa. Paz e Bem, assim proclama o franciscanismo a todos os povos.
Motivações para a paz não nos faltam. E arautos da paz emergem em todas as culturas e em todos os tempos. São porta-vozes do silencioso e ardente desejo humano de paz, que habita em cada um de nós. Aos poucos, o protagonismo pela paz também é exercido coletivamente por instituições, organizações e redes sociais.
Temos, dentre outros organizações que se empenham pela paz: a Comissão Justiça e Paz, vinculada à Igreja Católica; a AMISRAEL, associação dos Amigos de Israel; a Comunidade Bahá’i; a Unipaz, Universidade da Paz; e a Rede Permanente pela Paz, reconhecida pela UNESCO para atuar em projetos e programas pela paz Essa Rede nasceu em Goiânia, no ano de 2002 É uma iniciativa de segmentos representativos da sociedade goianiense que buscam caminhos para diminuir e/ou prevenir a violência em Goiânia.
No dia 20 de julho de 2010, o prefeito de Goiânia sancionou a Lei 8929, aprovada pela Câmara Municipal. Pelo seu inusitado alcance e significado à boa convivência, certamente entrará para a história dessa capital. Textualmente, essa lei municipal assim estabelece: “Art. 1º Fica instituído o dia 15 de setembro como o Dia Municipal pela Cultura da Paz; Art. 2º Neste dia, em todo o município de Goiânia, haverá a realização de confraternizações com atividades artísticas, científicas, religiosas e culturais, devendo as instituições [...] cultuar a Bandeira da Paz;
Art. 4º Fica criado o Grupo de Trabalho da Paz. [...] Tem por objetivos: (a) estabelecer diretrizes para a construção da cultura da paz a serem desenvolvidas de forma integrada pelos órgãos de Administração Municipal ou em parceria com a sociedade civil; (b) elaborar programa de formação de recursos humanos do Município acerca da importância da cultura da paz e da humanização no atendimento à população usuária dos serviços públicos da Administração Municipal; (c) promover, em parceria com o Governo Federal, Estadual e empresas privadas, entidades civis, organizações não governamentais, políticas voltadas para a construção da cultura da paz; (d) promover estudos visando o estabelecimento de condições para a dotação de recursos orçamentários e mecanismos institucionais para a execução da política da paz do Município de Goiânia; (e) dar cumprimento e fiscalizar a aplicação desta Lei, especificamente no que dispõe sobre a comemoração do Dia Municipal da Cultura da Paz, do incentivo ao culto da Bandeira da Paz e de divulgação por meio de mídia impressa, internet e outros meios possíveis de ações pela paz, praticados por cidadãos ou entidades públicas ou privadas, que trabalham pela Cultura da Paz.
A convocação para celebrar a Cultura da Paz não se restringe aos goianienses. É um forte apelo ao Brasil e ao mundo. O dia 21 de setembro é o Dia Internacional da Paz. E a semana que antecede esta data é um grande momento para a mobilização da Primavera da Paz.
Que a paz possa florescer em nossas famílias, com nossos vizinhos, nas cidades e nos campos, e nas relações entre todos os povos.
Tema: Por um Estatuto da Juventude
Os jovens não são apenas o futuro. E o tempo da juventude não é apenas o amanhã. É preciso reconhecer o protagonismo do jovem, cuidar do seu presente e estabelecer uma política de Estado e uma rede de proteção social para a juventude.
Refletir sobre a juventude é dar atenção ao Brasil. Somos um país majoritariamente formado por jovens. Existem mais de 51 milhões de jovens entre 15 e 29 anos (IBGE). A força juvenil também foi uma importante razão que o nosso país superasse com mais rapidez a crise econômica internacional. É comovedor ver a força, o entusiasmo e vigor dos jovens para trabalhar, estudar e ajudar os pais e irmãos. Também é belo ver os jovens pais e mães no cuidado e zelo para com seus filhos.
É preciso estar atentos para evitar as generalizações sobre os jovens. Com alguma freqüência, a juventude é criminalizada, ou vista como um problema. Ao jovem são atribuídos os problemas da droga, da violência, do vandalismo e da agitação social. Ninguém nasce bom ou mau. Se forma nos valores e contra-valores da sociedade. Se construímos um modelo de felicidade baseado no consumo, no poder e no prazer, como pretender que as novas gerações não assimilem nossos sonhos e nossas mazelas sociais?
Não temos um único modelo de jovem. Existem juventudes, no plural. Podem ser delimitadas e identificadas por uma mesma faixa etária, mas são distinguidas pelos seus sonhos e seus contextos. Há os jovens que vivem no interior, no trabalho com a terra ou na condição de sem-terra. Há os jovens de periferia, os jovens pobres, os jovens negros ou índios, os jovens na escola e na universidade, os jovens nas prisões, os jovens que são líderes estudantis, os jovens que militam na política partidária, os jovens das pastorais da juventude, os jovens pais e mães.
Minha convivência há décadas com os jovens levou-me a uma disposição interior de imediata simpatia e confiança para com a juventude. Mais que em outras idades, os jovens ultrapassam as barreiras das idades para brincar e conversar. Amam com especial generosidade, superam mais facilmente os preconceitos, tem sensibilidade para com os sonhos e os ideais de vida, são atentos às experiências e às narrativas existenciais, entregam a própria vida por uma boa causa, possuem grande abertura quando se estabelece uma relação de confiança, escuta e respeito.
Essa condição e disposição da juventude é sua grandeza e, também, seu principal desafio. Pela falta de políticas públicas efetivas para a juventude, os jovens são os mais vulneráveis ao desemprego, ao tráfico de drogas, às mortes, à violência, à ideologia do consumo e ao mundo virtual. A grande maioria dos jovens não tem acesso à educação de qualidade, aos serviços de saúde pública e às possibilidades de emprego e renda. Grande parte dos municípios não tem condições para atender os jovens. E o poder público, com freqüência, não dialoga com os setores organizados da juventude.
Aos apressados em encaixar a juventude na categoria de uma letra do alfabeto, denominando-a de “geração y”, é preciso que revisitem as teorias e análises que fracassaram exatamente por terem reduzido a vida aos modelos rígidos de compreensão e análise. Aos que criminalizam os jovens, que se perguntem se os problemas e as incoerências humanas não pertencem também as demais faixas etárias.
No Brasil, há estatutos para quase tudo: Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Torcedor, Estatuto da Igualdade Racial. Urge agora criar o Estatuto da Juventude. Essa será uma grande solução para que a atenção ao jovem não dependa apenas dos programas e projetos de governos, ou da sensibilidade dos gestores de plantão. É preciso estabelecer políticas continuas para a juventude, como firme opção de Estado. Quanto à família e à sociedade, que jamais sejam dispensadas do cuidado, do diálogo e do amor aos jovens. Ao contrário das visões estatizantes ou judicializantes, que sejam – família e sociedade – harmonicamente integradas ao Estatuto da Juventude, e reconhecidas na corresponsabilidade para com todos os jovens e para com o jovem todo.
Tema: Voto consciente
Você se lembra em quem votou nas últimas eleições? Como conheceu os candidatos? Em que critérios você se fundamentou para fazer as escolhas? Do seu voto consciente depende o presente e o futuro do Brasil.
Estamos próximos ao dia das eleições. Esse é um período muito importante para que todos os eleitores conheçam bem os candidatos e seus respectivos projetos políticos. O aperfeiçoamento da democracia brasileira depende também da consciência de seus eleitores. Por isso, cada um deve fazer bem a sua parte na construção de um futuro melhor para o país.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, elaborou “Dez mandamentos para o voto consciente”. São boas sugestões para refletir e para fazer escolhas acertadas. Vale a pena conhecer essas orientações:
1º) Procure conhecer o passado, as idéias e os valores do candidato ou candidata. Se ele já se envolveu em escândalos de corrupção, comprou votos, foi cassado pela Justiça, renunciou a mandatos para escapar de punições ou se aliou a grupos envolvidos com essas práticas, simplesmente não vote nele.
2º Não basta que os candidatos tenham a ficha limpa. É preciso conhecer as intenções e os propósitos de cada candidato ou candidata. Quem financia a sua campanha? Quem ele realmente vai representar? Procure se informar. Exija de seu candidato uma vida honrada, do mesmo jeito com que você procura conduzir a sua vida.
3º) Conheça mais sobre a lei eleitoral. Participe de palestras reuniões e debates sobre política. Sua vida em comunidade exige que você esteja mais informado sobre assuntos tão importantes acerca do que é o bem-comum.
4º) Ajude a criar ou fortalecer um Comitê da Lei 9840, para o combate à corrupção eleitoral e a aplicação da Ficha limpa.
5º Denuncie a compra de votos. Quando uma pessoa aceita um benefício em troca do seu voto, se condena a viver sem emprego, educação e segurança pública. Assim, o remédio hoje recebido em troca do voto poderá mais tarde custar a falta do hospital que salvaria a sua vida ou a de seu filho.
6º) Denuncie o desvio de recursos públicos para fins eleitorais. É muito grave que um candidato se utilize de bens e serviços públicos para ganhar as eleições.
7º) Tire fotos, grave ou filme se notar qualquer sinal de compra de voto ou de apoio eleitoral utilizando o dinheiro público. Isso ajuda a comprovar a irregularidade da denúncia ao Juiz Eleitoral, ao Ministério Público ou até mesmo à Polícia.
8º) Não vote em pessoas que mudam de partido como quem muda de roupa. Ao votar no candidato, não estamos votando somente na pessoa, mas no partido, ajudando a eleger outros candidatos do mesmo partido ou coligação. Por isso, saiba quem são os outros candidatos da legenda.
9º) Procure saber se o candidato tem compromisso com a defesa da vida – da concepção ao seu declínio natural. Saiba também sobre seu compromisso com a Reforma Política, com a Reforma Agrária e com os Direitos Sociais fundamentais: criação de emprego e geração de renda, melhoria da saúde e da educação, defesa do meio ambiente e da cultura da paz. Cobre esses compromissos.
10º) Pense bem antes de votar, escolhendo pessoas que se prepararam para administrar, presidente e governador, ou estão preparadas para fazer as leis, o deputado federal, o deputado estadual e os senadores. Não deixe para a última hora a escolha dos candidatos a deputado e senador. Depois da eleição, acompanhe o trabalho dos eleitos.
Que ninguém desperdice o seu voto. Voto não tem preço, tem conseqüências.
Tema: Grito dos Excluídos
Hoje, no Brasil, além das comemorações da independência do Brasil, também acontece o 16º Grito Nacional dos Excluídos. Com o tema “A Vida em Primeiro Lugar”, os brasileiros que foram colocados de lado querem dizer que existem e também tem direitos sociais.
De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, são dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”
Essa Declaração foi escrita após a segunda guerra mundial. Suas conclusões não foram redigidas na comodidade de um escritório. Nasceram do sangue e da morte. Foram universalmente concluídas.
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e isso para todos deveria ser evidente, as pessoas já nascem livres e iguais, com dignidade e direitos, simplesmente por serem humanas. Não entra aí nenhum outro tipo de merecimento: não depende de situação social, de integridade física, de ração, cor da pele, sexo, religião, esforço moral. Por isso, qualquer tipo de exclusão viola o princípio da dignidade humana.
A exclusão social é uma porta pela qual a paz escapa e a violência entra na vida de todos. E a sociedade que, diante do desrespeito aos direitos humanos, permite, incentiva ou assiste indiferente, também acaba instalando o risco de uma violência sem fim, que ameaça a todos.
Há atos de desrespeito à dignidade humana que, por serem tão vergonhosos e violentos, são imediatamente caracterizados como criminosos. Como não são aceitos às claras, ficam escondidos nos subterrâneos da sociedade, nos escuros porões das cidades e campos.
Nos porões da humanidade, ocorre o tráfico de crianças, o comércio de órgãos, os dominados pela droga e os traficantes, os presos que são torturados, o trabalho escravo fora do alcance da fiscalização pela Justiça do Trabalho.
Há, também, outros atentados gravíssimos à dignidade humana, até então escondidos nos porões e na penumbra. A prostituição, em suas várias modalidades, inclusive a prostituição infantil, antes relegada a lugares distantes das cidades, agora se escancara nas ruas, em plena luz do dia.
A exploração do trabalho infantil, que é uma forma equivalente ao trabalho escravo, na prática é aceita como uma decorrência das dificuldades vividas pelo povo. A multidão de sofredores de rua, entre eles muitos idosos, crianças e famílias inteiras, simplesmente vivem ao relento e jogados à própria sorte (cf. o texto-base da CF-2000 Ecumênica, “Dignidade Humana e Paz. Novo Milênio, Sem Exclusões”).
Essa realidade cruel e imoral aos poucos vai sendo aceita como natural. Nos acostumamos. Acabamos achando que é assim mesmo, que nunca vai mudar, que no mundo sempre foi assim.
O Grito dos Excluídos não ocorre somente no Brasil. Infelizmente, a exclusão social está globalizada.Há vários anos, no dia 12 de outubro, em 28 países do continente latino-americano, grupos indígenas, lavradores e pessoas de periferia sabem às ruas para participarem do Grito Continental dos Excluídos.
No Brasil, neste 7 de setembro, o grito que um dia aconteceu às margens do rio Ipiranga, acontece na voz rouca das ruas, pelo Grito Nacional dos Excluídos. Esse grito mostra o fortalecimento de uma sociedade civil que faz questão de participar das decisões, antes reservadas ao poder do Estado ou apenas a alguns.
O mundo e o Brasil não podem ser de poucos. A terra é de todos. Por isso, o grito da independência não é apenas de Dom Pedro I. É o grito de muitos outros pedros, josés e marias. São brasileiros e humanos. Também querem ser incluídos, simplesmente porque são gente, como nós.
Tema: UCG TV, 1 ano
Hoje, a UCG TV completa 1 ano em que sua emissora foi inaugurada. Doze meses atrás, entre alegrias e apreensões, descerramos a placa de inauguração. Conosco esteve o Cardeal Zenon Grocholewschi, prefeito da Congregação para a Educação Católica, que fez a benção às instalações. Com gratidão e confiança, iniciamos um árduo trabalho, cheios de compromisso com o futuro dessa emissora e com a comunicação em Goiás.
No dia 8 de setembro de 2009, foi inaugurada a sede da emissora da UCG TV. Nos meses e dias que antecederam a inauguração, o trabalho foi intenso. Era preciso que tudo ocorresse bem para o pleno funcionamento da emissora. As horas da madrugada e os finais de semana foram preenchidos para a instalação dos equipamentos, dos móveis, do ajardinamento e da sinalização interna. Enfim, chegou o grande dia.
Cumprindo uma semana com intensa agenda de visita, o Cardeal Zenon Grocholewski já havia celebrado missa no Santuário-Basílica do Divino Pai Eterno, visitou a Vila São Cottolengo e o Carmelo da Santíssima Trindade, conheceu o Memorial do Cerrado e os demais espaços da Universidade Católica, visitou os seminários, o Instituto Santa Cruz, o IFITEG e as escolas católicas. Também proferiu uma conferência, recebeu o título de Doutor Honoris Causa e presidiu missa solene e consagração da Igreja São João Evangelista, sede da Paróquia Universitária.
Foi nesse contexto de programação que ocorreu a inauguração da sede da emissora UCG TV. Um ano de vida sempre é motivo para comemorar e agradecer. Caminhamos muito. Somos a única emissora de Goiânia que é “cabeça de rede”. E em doze meses já temos treze programas locais e dois que são produzidos localmente e exibidos nacionalmente.
Um contrato firmado com o IBOPE mede a audiência da UCG TV a cada minuto. Graças ao apoio de você, nossos índices de audiência triplicaram. E alguns dos programas já são amplamente reconhecidos, firmando a marca e a identidade de nossa televisão. Com coragem, firmeza, humildade e muita empolgação, vamos procurando fazer a cada um dia um pouco melhor. Qualidade em comunicação é nossa meta, nossa causa e razão de nosso empenho.
Lembramos, com carinho, a Carta Apostólica de João Paulo II (“O Rápido Desenvolvimento”), dirigida aos responsáveis pelas Comunicações Sociais. Disse-nos o papa que “o desenvolvimento positivo dos meios de comunicação a serviço do bem comum é uma responsabilidade de todos e de cada um.
Pelos fortes laços que os meios de comunicação têm com a economia, com a política e com a cultura, é necessário um sistema de gestão que esteja em condições de salvaguardar a centralidade e a dignidade da pessoa, o primado da família, célula fundamental da sociedade, e a correta relação entre os diversos sujeitos”(n.10).
Nesse primeiro aniversário da UCG TV, desejo externar meu profundo reconhecimento a toda a equipe que faz a grandeza dessa emissora. Também continuamos contando com o apoio e a sintonia de você. Mas, após um ano recebendo a sua atenção, creio que se estabeleceu uma relação de confiança entre nós que me permite pedir algo mais.
Se você defende que a televisão seja um meio de comunicação democrático, participativo, que defende os valores humanos, que respeita a família, que se preocupa com a educação de seus filhos e netos, que procura desenvolver um sentido positivo da vida, se isso é sua convicção, então peço que nos ajude.
Não o queremos apenas como telespectador. O queremos como amigo e irmão, aliado na causa de uma comunicação sadia e que constrói o bem. Ajude-nos a divulgar essa emissora. Comente com seus amigos, colegas e familiares sobre os programas que você assiste. Difunda as idéias, as imagens e os conteúdos que aprendeu e com que compartilha. E sinta-se participante na construção dessa grande obra de comunicação. Obrigado pela sua audiência. E, sobretudo, obrigado pelo seu apoio e pela sua amizade. Por você, vale a pena continuar!
Tema: O que falta aos programas de governo?
Uma listagem imensa de propostas e de promessas integra-se aos programas de governo. Geralmente, são propostas conhecidas e previsíveis. E, com alguma freqüência, os diferentes programas têm promessas bastante parecidas. O que falta de novo, então, aos programas de governo?
É bastante conhecida e elogiável a lista de propostas dos candidatos ao governo federal. Apresentam dezenas de projetos para a saúde, a educação, a segurança pública, o emprego e renda, a infra-estrutura, a habitação, a urbanização, os programas sociais, o esporte e o lazer, a moradia e as reformas na estrutura e no modelo da gestão pública. Entretanto, a meu ver, dois aspectos importantes são pouco mencionados: a questão da segurança nacional para proteger a nação, em acelerado ritmo de globalização; e o modo como a sociedade irá participar nas políticas de Estado.
Para quem tem acesso apenas aos programas eleitorais do rádio e da televisão, não fica claro o modo como e governo contará com a participação da sociedade. Fica a impressão de que o Estado será o provedor de tudo e que não depende de ninguém, senão de si próprio, para implantar as novas políticas públicas. Mistura-se uma visão messiânica a outra visão estatizante.
O messianismo político, herdeiro do populismo e do patrimonialismo, criou os salvadores da pátria, que se acham capazes de tudo realizar. A visão estatizante, herdeira de esquerdismos autoritários, pensou que tudo deve ser respondido pelo Estado e que as ações da sociedade civil organizada devem no máximo ser toleradas, não sem marcos regulatórios e controle estatal.
Mas, a política brasileira construiu uma nova consciência, mais desperta e mais amadurecida. Hoje, o que as Organizações Não Governamentais, as empresas, as instituições particulares, as igrejas, os sindicatos, os conselhos comunitários querem saber é qual será a sua participação nas políticas públicas. É daí que se distingue o futuro perfil e estilo de governo.
Outro aspecto, pouco mencionado nos programas de governo, é a questão da segurança nacional. Ela é uma atribuição fundamental do Estado moderno, e sua prerrogativa exclusiva. A globalização favoreceu a expansão geográfica dos crimes transnacionais. O narcotráfico, o terrorismo e o contrabando atuam em conjunto, ou de forma complementar. O dinheiro com a venda do crakc, em Goiânia, certamente financia o contrabando de armas e o terrorismo em outros países. A internacionalização do crime é uma grave ameaça à sociedade e aos Estados nacionais. Organiza-se como Estado paralelo, com sua própria lei e com a adesão de muita gente.
A segurança nacional consiste em assegurar, em todos os lugares, em qualquer momento e em todas as circunstâncias, a integridade do território, a proteção da população e a preservação dos interesses nacionais contra todo tipo de ameaça e agressão. Em tempos de governo militar, a ideologia da segurança militar foi usada amplamente a serviço da repressão. Em tempos de democracia, esse não pode ser um assunto proibido. É preciso que o governo seja claro nas definições legais e constitucionais sobre o modo como orientará a política de segurança.
As operações de inteligência governamental e policial, aliadas aos dados de informação entre Serviços de Inteligência são instrumentos legais à disposição do Estado, usados na busca da informação sigilosa e protegida. O Estado pode usar seu poder econômico, militar e político, bem como sua estrutura diplomática, para estabelecer alianças, tratados e acordos internacionais. Além das Forças Armadas, do serviço de Inteligência e da diplomacia, a segurança nacional ainda requer: a implementação da defesa civil e medidas preventivas, definidas em lei, para as situações de emergência; a promoção de infra-estrutura de segurança em todo o território nacional; e o uso da Inteligência para detectar, prevenir ou evitar espionagem ou atentados e para proteger informações confidenciais.
Dentre as questões de interesse e segurança nacional, também está a defesa das fronteiras territoriais, a garantia da parte dos oceanos que pertence ao Brasil, a proteção, das águas, das matas e dos minérios, a garantia para a biodiversidade da flora e da fauna brasileira, a segurança aos órgãos federais e às instituições de interesse estratégico nacional e a proteção da produção intelectual brasileira.
Comenta-se, mundo afora, que o serviço de araponga está em alta. Estrangeiros chegam ao país, roubam informações e mudas de plantas medicinais e as vendem para importantes laboratórios internacionais. Outros, vasculham as descobertas científicas sem patente, publicadas em periódicos internacionais, e as colocam à disposição para empresas e governos estrangeiros.
No Brasil, há 11 anos, no dia 7 de dezembro de 1999, foi criada a ABIN, Agência Brasileira de Inteligência. Além de fomentar a integração da comunidade de Inteligência, a ABIN tem assinado importantes termos de cooperação técnica com institutos de pesquisa, empresas, instituições públicas, autarquias e órgãos federais, a fim de salvaguardar os conhecimentos de interesse estratégico para o Brasil.
Em agosto de 2009, também foi publicada a Portaria que instituiu o Programa Nacional de Proteção do Conhecimento, com a finalidade de proteger os conhecimentos científicos de interesse do Estado brasileiro. Atualmente, importante relação foi estabelecida entre a ABIN e a comunidade científica, especialmente com as Universidades. Com freqüência, reitores têm participado de encontros sobre a proteção e o patenteamento do conhecimento científico.
Definir qual será a postura estratégica de defesa nacional e como será a relação do futuro governo com a sociedade civil, é disso também que se espera esclarecido nos programas de governo. Quem não teme, por que esconder?
Tema: Violência na escola
Escola é lugar de aprender. E a aprendizagem não é apenas de conteúdos. Aprende-se também a conviver e a ser. É isso o que se espera de um ambiente educativo. Entretanto, com muita preocupação, educadores e sociedade vêem crescer a violência e as agressões nas escolas.
Escola nunca foi um lugar idílico, feito de absoluta compreensão e diálogo. Desde remotos tempos, há depoimentos sobre a violência escolar, seja nos métodos de ensino-aprendizagem, seja na forma de docilização e controle dos corpos. Entretanto, hoje a violência nas escolas apresenta-se com novas formas e sob novos impasses.
A violência da sociedade projeta-se em relações de violência na escola. Culturas com adensada violência criam processos educativos violentos. Foi isso o que constatou a recente Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, realizada nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, a pedido dos ministérios da Educação e Saúde. Mais que o problema das drogas, a vida sexual ou os problemas familiares, o que mais tem inquietado os estudantes são as brigas na escola. Nove a cada dez estudantes que estão na idade entre 13 a 15 anos, já estiveram envolvidos em brigas e agressões. Em delegacias de apuração de atos infracionais, 40% dos casos atendidos são de ocorrências escolares (O Popular, 05/09/2010, p. 3-4).
As formas de violência mais freqüentes nas escolas são a agressão física e verbal, a ridicularização, a humilhação, o constrangimento e a intimidação. Os motivos para as brigas são fúteis e banais. As conseqüências, geralmente são desastrosas.
Uma das principais agressões que ocorre na escola é a brincadeira de mau gosto. Alguém é escolhido para ser o cristo da turma, geralmente por ser tímido ou diferente. Torna-se motivo de chacota, de ironia, de piadas e gracejos, submetendo-se à constante depreciação e aos apelidos. Fica isolado, pois, nenhum colega deseja se aproximar para não ser envolvido. Assim, aos poucos se destrói a auto-estima da vítima e o adolescente se desmotiva com a escola. Fica marcado para o resto da vida. Foi colocado na escola para crescer. Nela é destruído.
Esse problema da agressão nas escolas não ocorre apenas no Brasil. Mundo afora, é conhecido pela palavra bullying. Essa palavra inglesa deriva das palavras bull, equivalente à força, e bully, que é o brigão, o valente. As pesquisas sobre o bullying, iniciadas desde 1978, revelam que o problema acontece em diversos países, em todas as escolas e nos diversos níveis de Educação, da educação básica à educação superior.
Nas universidades, é bastante conhecido o trote aplicado aos alunos calouros. Com a frase “quem gosta de trote é cavalo”, há um intenso trabalho para dissuadir a violência na recepção aos calouros. Há situações trágicas, que chegam à morte. Pessoalmente, já presenciei diversos atos de violência nos trotes. Carteiras de identidade picotadas, mochilas rasgadas, dinheiro roubado das carteiras e bolsas, bebida alcoólica ingerida à força, cabelos raspados. São humilhações de todo tipo.
Na Universidade Católica, há oito anos, reeditamos um ato normativo que proíbe qualquer tipo de trote. Evita-se até os chamados “trotes solidários”. Qualquer prática de violência na recepção aos calouros tem imediata aplicação de penalidade. Além disso, contrata-se um reforço de seguranças. E uma ampla reunião com os representantes estudantis é realizada antes do início de cada semestre. De minha parte, não admito práticas de violência contra estudantes, nem nas imediações do espaço da Universidade. Já arregacei as mangas, literalmente falando, e enfrentei dezenas de estudantes, fisicamente bem mais fortes do que eu, que estavam na praça aplicando trotes. Dispunha apenas da voz e da força moral. Corri algum risco. Mas era preciso evitar um risco maior: o de ver a família enviar com alegria seu filho à Universidade e recebê-lo de volta machucado.
Com a violência na escola não se brinca. É preciso vigilância constante. Pode-se, também, contar com o apoio de conselhos de alunos, com o acompanhamento e colaboração das famílias e, se necessário, com a instalação de uma ouvidoria e o monitoramento através de câmeras e seguranças. Além disso, é preciso também cultivar uma cultura de paz. Acirrar competições esportivas ou científicas, usar linguagem agressiva, restringir o projeto educativo apenas à informação e transmissão de conteúdos, dispensar a formação humanista, tudo isso cria condições para que a violência se instale na escola. Não estamos imunes à violência social, que perpassa a realidade educacional. Entretanto, aquilo que está ao alcance da escola, ela mesma deve fazer.
Tema: O futuro está na qualificação
Para que a indústria goiana possa ser competitiva, no Brasil e no mundo, com urgência precisará capacitar seus funcionários. Num futuro muito próximo, quem tiver pouco estudo também enfrentará grande dificuldade para conseguir emprego.
O Mapa Estratégico da Indústria Goiana, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás, a FIEG, projeta o desenvolvimento estratégico da produção e dos negócios até 2020. Para a próxima década, a indústria goiana tem como meta o crescimento para ocupar 4% do Produto Interno Bruto, o PIB.
O crescimento nacional e internacional da indústria goiana não será uma tarefa fácil. Nosso estado tem a predominância da agricultura e da pecuária. Sua logística e estratégias de crescimento precisam ser mais planejadas. Goiás precisa avançar mais na infra-estrutura. E ainda é incipiente a cultura do empreendedorismo.
Ser empreendedor é ter capacidade criativa, é planejar estratégias para a produção e os negócios, é ser capaz de criar um ambiente favorável para a inovação, é ter acesso e saber lidar com a informação, é recriar-se e criar novas possibilidades, é saber avançar em novos relacionamentos e parcerias, é saber transformar as crises e dificuldades em oportunidades de crescimento.
Lidar com uma empresa não é trabalho para franco atirador. Não basta boa vontade ou empenho no trabalho. Gestão supõe ir do operacional ao estratégico, integrando ação e interpretação, produção e visão global sobre a realidade. O despreparo para administrar tem levado ao alto índice de mortalidade das pequenas empresas.
É freqüente andarmos pelas ruas e vermos que muitas empresas fecharam suas portas. O negócio faliu. Há casos de professores, bancários ou funcionários públicos que, depois de aposentados, acham que podem se aventurar com um pequeno negócio. Sem preparo para a gestão, o empreendimento vai para a falência antes de completar um ano. E nessa perigosa aventura perdem o dinheiro que conseguiram com o trabalho de uma vida inteira.
Para a indústria goiana crescer, deverá principalmente dobrar a qualificação de funcionários. Ou, na projeção do Mapa Estratégico elaborado pela FIEG, o número de trabalhadores da indústria, com ensino médio e superior, deverá aumentar dos atuais 43% para o índice de 67%. Isso significa que, nos próximos anos, a indústria vai precisar de muita gente formada. Sem qualificação da mão de obra, não tem como a indústria crescer.
O recado está dado. No futuro próximo, haverá muito mais emprego em Goiás. Mas o emprego vai exigir estudo, nível de escolaridade, bom desempenho na aprendizagem, boas notas escolares. Quem ainda é jovem, que não perca tempo.
Tema: Não às queimadas
O Brasil arde em fogo. O desmatamento, o fogo na mata e no pasto, as serrarias ilegais, as carvoarias, o fogo nos canaviais, tudo isso fez dobrar a quantia de queimadas nesse ano. Ao clima seco e à baixa umidade do ar, soma-se a fumaça. É doença na certa!
Há um tempo não muito distante, as queimadas passavam quase despercebidas nas cidades. Eram em pequena quantidade, ocorriam de vez em quando e ocasionalmente prejudicavam o transporte aéreo. Isso mudou drasticamente. Hoje, o Brasil passa pela maior quantia de queimadas que se tem notícia na história.
A natureza não ateia fogo. Grande parte das queimadas é provocada por gente. O fogo é usado para limpar o solo depois do desmatamento, especialmente na Amazônia. Ou, para reformar o pasto de uma forma rápida e barata, como ocorre na região centro-oeste. Ou, ainda, para limpar os canaviais a fim de facilitar a colheita.
Goiás é o quinto estado brasileiro no ranking dos mais atingidos pelo fogo no período da seca. Para quem não mora na região Centro-Oeste, vale lembrar que por aqui esse período ocorre nos meses sem erres. Na dianteira das queimadas está Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Em apenas um dia, em Goiás, o Grupo de Modelagem e Interfaces da Atmosfera do CPTEC/INPEC constatou que as queimadas provocaram a emissão de mais de 20 mil toneladas de monóxido de carbono. Para efeito de comparação, nesse mesmo dia, os veículos e indústrias, que são os que mais emitem monóxido de carbono nas cidades, emitiram 2.620 toneladas.
As queimadas destroem, ou no mínimo fragilizam as florestas, especialmente a mata atlântica. Para o cerrado, isso ainda é mais grave, pois, esse bioma não se recupera. O pasto volta a ficar verde, mas as plantas medicinais, a riquíssima diversidade de flores e as centenas de espécies animais são dizimadas pelo fogo. A tudo isso, ainda se acrescenta o aquecimento global do planeta, com o conseqüente derretimento da neve nos pólos da terra, o aumento do nível do mar, a propensão de aumento na quantidade e intensidade dos furacões e das tempestades, a possibilidade de períodos mais longos de estiagem e, sobretudo, as mudanças drásticas na temperatura e as oscilações climáticas.
Além do impacto ambiental, as queimadas também provocam prejuízo econômico. As redes de fornecimento de energia elétrica sofrem interrupção. Fica desperdiçada a possibilidade de usar o bagaço da cana como geração de bioenergia. Regiões como o norte do Brasil, que dependem do transporte aéreo, ficam intransitáveis, isolando pessoas e comunidades, especialmente em situações de emergência.
A tudo isso, ainda se acrescenta o problema das doenças respiratórias provocadas pela fumaça das queimadas. Em algumas regiões, essa fumaça corresponde ao consumo diário de três cigarros, fumados involuntariamente também por crianças e idosos.
É preciso acabar com as queimadas, inclusive com aquelas feitas no fundo do lote. Em 1989, o governo federal criou o Sistema de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, o PrevFogo. Além dessa ação governamental, também o legislativo, na lei de crimes ambientais, a Lei 9.605/98, estabeleceu a prisão de três a seis anos para quem descumpre as normas sobre as queimadas, além de multas que variam de R$ 50 (reais) a R$ 50 milhões. Também há alternativas tecnológicas que amenizam o problema das queimadas. Para as plantações de cana, por exemplo, foram inventados os tratores de rola-faca, que cortam e desfolham a cana, dispensando queimadas. Além de cortar e triturar, esse equipamento devolve para a terra os resíduos biológicos ricos em nutrientes.
São muitas as alternativas legais, tecnológicas e governamentais. Mas o fogo parece estar vencendo essa parada. Se o Brasil não tomar consciência sobre o mal que as queimadas provocam, morreremos sufocados pela insensatez.
Tema: Semana da Pátria
Povo heróico! O sol da liberdade brilhou no céu da pátria. Brasil, de amor eterno, és pátria amada, és mãe gentil, és sonho intenso, és belo e forte. Teu futuro espelha essa grandeza. Verás que um filho teu não foge à luta. Paz no futuro, glória no passado. Com estas frases do Hino Nacional, outra vez fazemos nossa declaração de amor ao nosso querido Brasil.Estamos na Semana da Pátria.
No dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, o Imperador D. Pedro I proclamou a independência do Brasil, oficializando a separação com Portugal. O reconhecimento da independência brasileira se fez com o Tratado de Paz e Aliança, assinado entre Portugal e Brasil.
A nação brasileira foi construída com o trabalho dos escravos negros, com o sangue dos indígenas, com a defesa fronteiriça dos soldados brasileiros, com a realidade multi-étnica das imigrações, com a pujança dos recursos naturais e da extensão territorial, com os intelectuais e os trabalhadores braçais, com as instituições que se fortaleceram no tempo da nação, com os poderes que se constituíram, com a formação do Estado de direito, com a ação política e o desenvolvimento econômico, com a afirmação da cultura brasileira e da identidade nacional, com a luta dos heróis e os percalços das vítimas, com o sacrifício e o esforço das gerações passadas.
O conceito de pátria traz implícita a idéia de unidade. Longa foi a discussão e os impasses para se chegar à unidade federativa. A solidariedade orgânica, assegurada pelo Estado-Nação, cimentou a unidade entre os cidadãos brasileiros. Por isso, os símbolos nacionais são, também, o retrato do Brasil, de nossa terra e de nossa gente. A bandeira, o hino nacional, o brasão devem ser tratados com respeito. Mais que nos tempos da copa do mundo, o patriotismo verde-amarelo precisa ser um empenho educativo e social.
Há oito anos, quando assumi a reitoria da PUC Goiás, uma das iniciativas da administração foi a de colocar mastros com as bandeiras em todas as áreas e campi, e em todos os auditórios da Universidade. Para as solenidades de posse dos gestores, para as formaturas, para as semanas acadêmicas, para todos os eventos importantes da Instituição, foi introduzido o hino nacional. Atualmente, nas formaturas, ouve-se o hino à bandeira, o hino pontifício, o hino de Goiás, o hino de Goiânia e o hino da Universidade. E canta-se o hino nacional. Essas iniciativas possuem um sentido cívico e educativo. Os símbolos têm uma linguagem própria, remetem aos valores, apontam para a direção a seguir. Por isso, não podem ser desconsiderados ou ignorados.
A independência do Brasil não foi apenas um gesto heróico do passado. Ainda há muito para construir nessa nação inconclusa. Revoltados com os impostos, os brasileiros do século 19 se rebelaram contra Portugal. Entretanto, ainda hoje, somos o país que mais paga impostos e trabalhamos durante cinco meses do ano exclusivamente para pagá-los. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o consumidor brasileiro gasta 40,54% de seu rendimento bruto com o pagamento de impostos, taxas e contribuições aos governos federal, estadual e municipais.
A afirmação de uma nação se faz com a identificação de seus cidadãos e com o direito de cidadania aos imigrantes que nela se fixaram. Entretanto, milhares de jovens e de famílias brasileiras viram-se forçados a trabalhar, estudar e morar em outros países porque sua pátria não foi mãe gentil. Outros, ainda, foram vítimas do tráfico humano que exportou para a prostituição. É preciso, sempre mais, que o Brasil seja um país para todos os brasileiros.
A afirmação na nação, por outro lado, não pode caminhar para os nacionalismos fechados e indiferentes ao mundo. Uma verdadeira nação, com plena identidade e consciência de si, também é solidária à “pátria grande”. Não há fronteiras para a fome e para o tráfico de drogas. Também não devem existir fronteiras para a solidariedade e a dignidade humana. Na semana da pátria, seria importante lembrarmos também dos expatriados, dos refugiados que procuram asilo. Refugiados são as pessoas deslocadas à força por conflitos, perseguições e catástrofes naturais. Segundo o relatório elaborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o Acnur, em 2009 foi mais de 43 milhões de pessoas que foram deslocadas à força em todo o mundo, o maior número registrado por conflitos e perseguições.
A conquista brasileira da independência não é apenas um feito memorável do passado. Acima de tudo, é uma luta de cada dia, a ser empreendida também pela nossa geração, com o mesmo heroísmo e coragem das gerações que nos antecederam. Por isso, a Semana da Pátria não deve ser tratada com leviandade, ou como alguns dias de feriado descompromissado. A comemoração da Pátria deve despertar a consciência do povo sobre sua pertença ao Brasil. E, outra vez, reiterar que esse patrimônio territorial, cultural e social pertence a todos os brasileiros.
Tema: Respeito à vida animal
Nos rodeios, vaquejadas e rinhas de galo, com espantosa freqüência, os animais sofrem crueldades e maus tratos. Não bastassem os chicotes, arreios e cangas para os animais domésticos, também são fabricados as gaiolas e os aquários para o tráfico dos animais silvestres. Maltratar e traficar os animais, não é apenas crime; é sintoma de uma sociedade violenta, que não respeita a vida e que perdeu a sensibilidade e endureceu o próprio coração.
Há poucos dias, uma égua, já idosa, de tão castigada pelo trabalho forçado para puxar uma carroça, foi encontrada agonizando, num lote vazio, no Jardim Goiás, em Goiânia. O excesso da carga era tanto que a deixou, literalmente, com os intestinos para fora de tanto esforço físico (O Popular, 28/08/2010, p.2).
Maltratar os animais está se tornando uma prática corriqueira. Há uma semana, na noite de domingo para segunda, numa casa vizinha ao local onde moro, um pobre cachorro chorou e uivou a noite inteira. Seus donos viajaram durante uma semana. O animal ficou sem água, sem comida e sozinho no lote. No dia seguinte, esquentei um arroz e uma carne, coloquei tudo num pote vazio de margarina, arranjei outro para a água, e os introduzi no lote, pela fresta do portão. O cachorro comia e bebia a água com uma sofreguidão que nunca vi na vida. Repeti o gesto até a chegada dos donos. Entretanto, saciado da fome e da sede, ainda faltava-lhe o afeto.
Durante toda a semana, dia e noite, o cachorro deixava a cabeça na fresta do portão. Foi domesticado por gente. Não conseguia mais sobreviver sem os humanos. Quem passava por aquele portão, especialmente os idosos e as crianças, diziam-lhe alguma palavra de carinho. Foi assim que ele suportou aqueles dias. Durante uma semana, da janela de minha residência, acompanhei inquieto e compadecido o sofrimento daquele pobre animal.
Abusos e maus tratos contra animais configuram-se em crime ambiental e devem ser comunicados à polícia, que registrará a ocorrência e, depois, irá instaurar inquérito. A denúncia de maus tratos é fundamentada pelo artigo 32 da Lei Federal 9.605/1988 (é a Lei de Crimes Ambientais). Quando ocorrerem maus tratos aos animais silvestres, o crime também pode ser denunciado à Polícia Federal.
Os animais domésticos são aqueles que não vivem mais em ambientes naturais e tiveram seu comportamento alterado pelo convívio com os humanos. Dentre os exemplos mais conhecidos estão o cavalo, o cachorro e o gato. Até o tempo de nossos avós, o cavalo foi o principal meio de transporte da humanidade. Viajava-se no lombo do cavalo para comercializar, guerrear, disputar práticas esportivas ou evangelizar. Hoje, cavalos são usados também para a terapia com pessoas deficientes. É a equinoterapia. Cães e gatos também são excelente terapia e companhia para as crianças e os idosos.
São considerados animais silvestres ou selvagens todos os que vivem ou nascem em um ecossistema natural, como florestas, rios e oceanos. Existem animais silvestres nativos, do ecossistema brasileiro. Lobo-guará, onça-pintada, mico-leão-dourado, piranha, boto, curió, papagaio e capivara são exemplos desses animais silvestres nativos. Também existem os animais silvestres exóticos, de outros países. Alguns exemplos conhecidos: o leão, o tigre, o elefante, o pavão, o canguru.
Não é permitido manter em cativeiro os animais silvestres. O IBAMA autoriza apenas os zoológicos e as entidades com fins científicos para manterem os animais silvestres. Ainda assim, rodoviárias e aeroportos de todo o país precisam exibir cartazes alertando para a proibição da compra e venda dos animais silvestres. Ao evitar comprar um animal silvestre, também se coíbe o tráfico de animais. Separar um animal silvestre de seu ambiente prejudica não só esse animal que foi afastado de sua família. Também é prejudicada a flora de seu ecossistema e os vários outros animais que dependem daquele animal traficado para a sobrevivência.
Há no Congresso dois projetos de lei, em tramitação, que tratam sobre os animais. Um é o Projeto de Lei nº 215/2007, que defende a aprovação do Código Federal de Bem Estar Animal. Outro é o Projeto de Lei nº 4.548/1998, que visa acabar com a proteção para os animais domésticos e, assim, descriminalizar atos de abuso e maus tratos a esses animais. O objetivo desse projeto é defender os rodeios, as vaquejadas, as rinhas e outras crueldades contra os animais. Se aprovado, será retirado o artigo 32 da Lei 9.605. Esse artigo diz que é crime “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”.
A mim, toca profundamente o legado franciscano deixado à humanidade. Há mais de 800 anos, Francisco, aquele pobrezinho e encantador jovem de Assis, compreendeu que a paz e o bem dependiam da fraternidade universal, sem limites ou fronteiras. Movido por rara sensibilidade, chamava os animais de irmãos. Sentia-se irmanado ao lobo, aos pássaros, aos peixes! Com eles convivia, com respeito e ternura.
Os animais não dominam nossa linguagem, não escrevem, não votam. Nós falamos, lutamos, votamos e temos a possibilidade de defendê-los.
Tema: Proteção às testemunhas das CPIs
Quem tem coragem de denunciar os crimes de corrupção que existem nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário? Desde os tempos do processo de impeachement de Collor, nos inícios da década de 1990, até os recentes escândalos dos mensalões e mensalinhos, as testemunhas foram fundamentais para desvendar os crimes de corrupção. Entretanto, passado o tempo do aplauso e do reconhecimento público, quem foi testemunha acaba amargando com o desemprego, o desamparo e as ameaças de morte. Agora, o Senado aprovou o pagamento de salário às testemunhas de CPIs.
Não existe crime tecnicamente perfeito. Todo crime deixa um rastro que permite desvendá-lo. Os indícios são diversos. Há freqüentes provas materiais, geralmente descobertas quando há uma boa polícia técnica. Mas, especialmente, sempre há quem vê ou escuta sobre aquilo que é feito criminosamente.
No Brasil, motoristas, secretárias e ex-esposas tornaram-se importantes testemunhas na apuração dos crimes de corrupção. Ganharam notoriedade. Tornaram-se famosas da noite para o dia. Até gostaram de suas fotografias nos jornais e suas imagens de heróis na televisão. Entretanto, depois, o preço da verdade custou caro. Amargaram com o desemprego, a insegurança e a vida profissional destruída. Agora, o Congresso quer dar um jeito para reparar esse problema.
“Testemunha é pessoa que presta declarações a respeito de um fato de que tem conhecimento, ou, ainda sobre aspectos ligados à determinada pessoa. Por meio dela, produz-se prova relevante no processo penal, pois, na maioria das vezes, a verificação do crime e da autoria dependem de depoimentos das testemunhas” (Antonio Scarance Fernandes). Quando se trata de crime organizado, por exemplo, a principal fonte probatória é a testemunha.
O Senado aprovou recentemente um projeto que determina o pagamento de ajuda financeira para testemunhas que colaborarem com os trabalhos das Comissões Parlamentares de Inquérito, as CPIs. O benefício será concedido às testemunhas que, devido a sua participação nas CPIs, tenham sido afastadas ou demitidas do trabalho, ficando sem salário.
O projeto de lei determina que a concessão da ajuda financeira às testemunhas fica “condicionada à demonstração de que, em função dessa participação [na CPI], elas sofrem restrições à liberdade de exercício do trabalho, ofício ou profissão”. Para receberem o benefício, as testemunhas devem ajudar as CPIs na solução de crimes e atos de improbidade administrativa. A nova lei ainda permitirá que a ajuda financeira seja concedida mensalmente, de forma continuada, “até que a testemunha consiga se recolocar no mercado de trabalho”. Quando obtiver novo emprego, a ajuda financeira será suspendida.
O valor da remuneração às testemunhas deverá ser calculado com base naquilo que elas recebiam no momento de participação na CPI, “levando-se em conta a perspectiva de progressão profissional”. Em caso de morte do beneficiário, a ajuda financeira deverá ser transferida aos seus dependentes.
O novo projeto de ajuda às testemunhas das CPIs vem ampliar uma lei já existente. Trata-se da lei 9.807, de 1999. Essa lei estabelece três importantes determinações: (a) define as normas para a organização e a manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas; (b) institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas; (c) e dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração na investigação policial e ao processo criminal.
Às vítimas e às testemunhas, conforme a lei 9.807/99, são oferecidas as seguintes garantias: (1º) segurança na residência, incluindo o controle de telecomunicações; (2º) escolta e segurança nos deslocamentos da residência, inclusive para fins do trabalho ou para a prestação de depoimentos; (3º) transferência de residência ou acomodação provisória em local compatível com a proteção; (4º) preservação da identidade, imagem e dados pessoais; (5º) ajuda financeira mensal para provar as despesas necessárias à subsistência individual e familiar, no caso de a pessoa protegida estar impossibilitada de desenvolver trabalho regular ou de inexistência de qualquer fonte de renda; (6º) suspensão temporária das atividades funcionais, sem prejuízo dos respectivos vencimentos ou vantagens, quando servidor público ou militar; (7º) sigilo em relação aos atos praticados em virtude da proteção concedida; (8º) apoio ao órgão executor do programa para o cumprimento de obrigações civis e administrativas que exijam o comparecimento pessoal. E, ainda, é previsto, diante de situações excepcionais, a mudança do nome.
A partir da lei 9.807, em diversos Estados do país foi criado o PROVITA, Programa de Proteção de Testemunhas e Vítimas. Esse programa é geralmente criado pelas Secretarias de Segurança, em parceria com instituições ou Organizações Não Governamentais que defendem os Direitos Humanos.
Ao ampliar a lei 9.807 às testemunhas das CPIs, seria importante que o Congresso avaliasse o que tem ocorrido até agora. Em Goiás, por exemplo, o Ministério Público Federal recentemente fez a recomendação para que se faça uma auditoria ao programa de proteção às testemunhas. O Programa passa por crises financeira, operacional e administrativa.
Conheço bem de perto esse Programa de proteção às testemunhas e às vítimas. Há alguns anos atrás, numa parceria entre Secretaria de Segurança e a PUC, acolhemos a gestão desse Programa na Universidade. Dois problemas obrigaram à rescisão do convênio. O primeiro era que a instalação de tal Programa havia instalado insegurança à comunidade universitária, por motivos e acontecimentos óbvios. O segundo problema foi o prejuízo financeiro causado à Universidade por funcionários do Programa, quando recorriam à Justiça do Trabalho.
A proteção às testemunhas das CPIs será um avanço para a superação da corrupção no Brasil. Enquanto não houver ética na política e nas estruturas burocráticas do Estado, será preciso encorajar e amparar as testemunhas para que denunciem as falcatruas. Que não nos roubem o direito de sonhar com o bem.
Tema: Saneamento básico no Brasil
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou recentemente os resultados da pesquisa nacional de saneamento básico, no Brasil. Os resultados são bastante preocupantes. São milhões de brasileiros que ainda não possuem água tratada, coleta do lixo e rede de esgoto.
Em 8 anos, o saneamento básico avançou pouco no Brasil. É o que revela o IBGE. A pesquisa que realizou está baseada no levantamento feito nas prefeituras, em órgãos públicos e privados responsáveis pelo saneamento e em associações comunitárias de todos os municípios brasileiros.
Há, no Brasil, 12 milhões de domicílios que não tem acesso à rede de abastecimento de água. Mas, o mais grave é a inexistência de redes de esgoto. Apenas quatro em cada dez domicílios brasileiros tem acesso à rede geral de esgoto. São 34,8 milhões que vivem em cidades nessa situação.
Também é preocupante a situação do lixo. Em cada dez municípios, cinco despejam resíduos sólidos em vazadouros a céu aberto. Menos de 28% dão o destino correto, em aterros sanitários. A cada três municípios, um tem área de risco no perímetro urbano e necessitam de drenagem.
Goiás não é exceção na precariedade do saneamento. De seus 246 municípios, apenas 69 possuem uma rede coletora dos dejetos. O PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, prevê investir R$ 928,8 milhões em 201 obras de rede de saneamento em Goiás. Apenas cinco destas obras foram concluídas. Outras 53 estão em andamento.
Para a obrigatoriedade do saneamento básico, não faltam leis. Prá variar, leis existem. Mas não são cumpridas, seja por incapacidade financeira, seja por desinteresse político. A Lei 11.445 estabelece marcos regulatórios para o saneamento básico no Brasil.. Apresenta as exigências para o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais.
Essa pesquisa do IBGE apresenta constatações. Mas é preciso que nos perguntemos também pelas causas. Por que existe essa trágica situação do saneamento? Fazer redes de esgoto não dá visibilidade quanto a fazer asfalto. Por isso, não dá voto.
Coletar o lixo e tratá-lo em aterros, ou fazer a coleta seletiva e reciclar o lixo, tudo isso custa ao município mais caro que manter, por exemplo, toda a despesa com a rede municipal de Educação. Portanto, sem uma eficiente gestão municipal junto ao Governo Federal, fica difícil aos municípios ou estados pobres realizar o saneamento básico. Assim, são os pobres que pagam, com a saúde e a vida, o preço desse desmazelo. Os dados do IBGE comprovam isso.
O saneamento é distribuído de maneira desigual no Brasil. Dos brasileiros que vivem em municípios sem rede coletora de esgoto, 44% são nordestinos. A situação pior fica nos estados do Piauí, Maranhão e Alagoas. Também é grave a situação no Amapá e no Amazonas. Em Mato Grosso, o índice de saneamento também é muito baixo, de menos de 6%. Entretanto, em Mato Grosso, 26% das obras de saneamento financiadas pelo PAC já foram concluídas
Quem tem fossas que entopem de tempos em tempos, juntando barata e provocando mau cheiro, sabe que o saneamento é uma questão de dignidade e qualidade de vida. Quem ainda depende de cisternas e baldes para conseguir a água de beber e de tomar banho, sabe da falta que faz a rede de água tratada.
Municípios que vêem seus córregos, antes límpidos, agora totalmente contaminados pelo esgoto despejado pelos moradores, sabem que aquele líquido precioso é uma riqueza que perdem para sempre. Secretários de Saúde, premidos pela exigência de mais ambulâncias e estruturas hospitalares, sabem que seriam menores os índices de mortalidade infantil e metade das doenças seriam evitadas se a população dispusesse de boa estrutura de saneamento.
Mais uma vez se constata a máxima de que “o essencial é invisível aos olhos”. Certamente, Exupéry não estava pensando em saneamento básico. Mas, pela importância que o saneamento tem para a vida, nos faria de bom gosto uma concessão. Redes de saneamento ficam enterradas, distantes de nosso olhar, invisíveis. Mas, são essenciais para a qualidade de vida e o bem-viver.
Tema: Soldados do Brasil
Com abundância de recursos naturais, o Brasil é um dos países do mundo com maior biodiversidade e extensão territorial. Assegurar a paz, defender o território e suas fronteiras para os brasileiros, proporcionar a segurança e a proteção, garantir os direitos constitucionais, essas são algumas das responsabilidades do Exército Brasileiro. Por isso, no dia do soldado do Brasil, nossa homenagem a esses homens que se vestem de verde-oliva em amor à pátria.
O dia 25 de agosto foi escolhido como o Dia do Soldado por ser a data de nascimento de Duque de Caxias, declarado patrono do Exército Brasileiro em 13 de março de 1962. A data tem por objetivo homenagear o trabalho dos membros do Exército Brasileiro. É comemorada em todos os Quartéis do Exército, em homenagem a todos os soldados, de todas as patentes e graduações.
“Sigam-me, os que forem brasileiros”. Essa é uma das mais célebres frases de Duque de Caxias, na guerra do Paraguai. A liderança e capacidade desse homem marcou nossa história. Com pouco mais de 20 anos já era Capitão e aos 40 anos era Marechal de campo. Era considerado “o pacificador”. Enfrentou muitas rebeliões, guerras internas e, especialmente, a Guerra do Paraguai, vencida pela aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai. Após a guerra, o imperador concedeu a Lima e Silva, em 23 de março de 1869, o título de Duque de Caxias. O povo brasileiro compreendeu o reconhecimento e popularizou a palavra Caxias, aplicando-a aos que fazem tudo com empenho e zelo.
Você daria a vida pelo Brasil? Amaria a tal ponto a sua pátria que a defenderia sem desertar? Enfrentaria todos os riscos e dificuldades por amor ao povo brasileiro? Iria a locais inóspitos para socorrer em situações de calamidade? A essas perguntas, os soldados brasileiros respondem com um sonoro sim. Com o lema “Braço forte, mão amiga”, o soldado brasileiro é símbolo de integração nacional, assim como o Exército, nas suas profundas raízes populares, é um dos esteios da nossa unidade territorial brasileira, primeiro no Império e, depois, na República. Por essa razão, o povo brasileiro cita o Exército como uma das instituições do país com maior credibilidade.
Ao lado de Zilda Arns, vários deles também morreram cumprindo sua missão no Haiti, em nome dos brasileiros. Nas missões internacionais, nas tragédias e calamidades nacionais, nos riscos de instabilidade interna por forças paralelas do narcotráfico, nas regiões mais distantes e isoladas do país, lá está o soldado brasileiro. Cumpre, como Exército, a missão de defender a Pátria, de garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem. Participa de operações internacionais e apóia a política externa do Brasil. E, especialmente em tempos de paz, exerce funções subsidiárias, por delegação especial.
Por que chamamos de soldados aos que protegem e lutam em defesa de um povo? O nome vem de longe e existe há milênios. Quando Roma ainda era um império, o controle e domínio de vasto território - com muitos povos, idiomas e culturas -, se fazia com poderosos exércitos. Além da defesa e expansão do império, trabalhavam duro na construção de estradas e pontes, facilitando o transporte, o comércio e a unidade territorial. Para o pagamento a esses milhares de homens que formavam os exércitos romanos, além de pagar com o vinho e o sal também inventaram a moeda soldo, do latim solidus. Foi assim que se começou a chamar a esses homens das armas de soldados.
Quem são os soldados? Acaso são pessoas estranhas e indiferentes as nossas vidas? Não. São nossos filhos ou familiares. Quando partem para o serviço militar temporário, choramos suas ausências. Tem rosto jovem e coração cheio de idealismo. Em suas almas, latejavam sonhos de heroísmo. São capazes de entregar seus corpos como trincheira para nos proteger. Prepararam-se para os combates, mas são os que mais pedem a Deus pela paz e harmonia entre os povos. Por isso, reconhecemos no soldado brasileiro aquele que consagrou sua vida ao Brasil. Ele tem amor filial à pátria e dedica ao país sua honra, abnegação, brio, solidariedade, coragem, paciência e civismo.
Talvez, a recente experiência do regime militar, com suas vicissitudes e graves contradições, ainda seja uma real dificuldade para que o país hoje se levante em aplauso ao soldado brasileiro. Integradas atualmente ao Ministério da Defesa, Exército Marinha e Aeronáutica tem por objetivo a defesa dos direitos constitucionais. Seu chefe supremo é o presidente da república, escolhido democraticamente pelo voto do povo brasileiro. Em vias de superação dos impasses, conseqüências e seqüelas do passado, num momento histórico em que o Brasil se agiganta nas possibilidades de liderança mundial, é oportuno, necessário e decisivo o reconhecimento sobre a missão das Forças Armadas.
O Brasil precisa do soldado brasileiro e de seu orgulho em servir a pátria com dignidade. Integrado à nação, cabe ao soldado brasileiro interpretar os atuais anseios da pátria, comungar de seus ideais, participar de suas realizações, assumir em plenitude as obrigações constitucionais e, acima de tudo, assegurar no presente as possibilidades de nosso futuro. Por tudo isso, parabéns soldado brasileiro!
Tema: A cura da AIDs
Há mais de 30 anos a humanidade se angustia com a epidemia da AIDS. Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, estima-se que, no mundo, 25 milhões de pessoas morreram pela AIDS e que outros 33 milhões sejam portadores do HIV. Após mais de três décadas de pesquisa, agora, há sinais alvissareiros de que a ciência esteja no caminho para encontrar a cura da AIDS.
Segundo estudos publicados pela Revista Science, o vírus da AIDS nasceu do cruzamento de outros dois vírus encontrados em macacos, na África. Embora haja diversas hipóteses, ainda não se sabe ao certo como surgiu o vírus símio de imunodeficiência. Mas é possível compreender a sua evolução. As duas cepas virais passaram para os chipanzés quando estes se alimentaram de carne de macaco infectada que, depois, chegou ao organismo humano em forma de HIV. E como chegou ao homem?
No começo do século XX, os habitantes da África embrenharam-se na mata em busca da carne de macacos. Durante a caça, alguns caçadores eram mordidos. Após abaterem os macacos, vários deles doentes, colocavam os animais ensangüentados em suas costas. Assim, o sangue contaminado dos macacos entrava em contato com o organismo humano. Em pouco tempo, a ação do vírus símio de imunodeficiência dava origem ao HIV, responsável pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a AIDS.
A transmissão por ato sexual contaminou milhões de pessoas. Nos inícios da década de 1980, quando quase não havia o recurso de remédios que minimizassem a doença, era estarrecedora a condição dos portadores de AIDS. Aos poucos, foram desenvolvidos diversos medicamentos que ajudavam a controlar a doença e dar mais qualidade de vida aos contaminados. Mas, os cientistas ainda se debatiam nas pesquisas por uma solução de cura da AIDS. Agora, uma importante descoberta pode estar surgindo.
Cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém afirmam ter descoberto uma nova forma de eliminar as células do organismo infectadas com HIV. Pela técnica desenvolvida, as células infectadas recebem um DNA viral que faz com que a célula morra, sem afetar as células não-infectadas. A pesquisa ainda está no estágio inicial, a técnica foi desenvolvida em pequena escala e há mais de um tipo de vírus. Mas é um passo promissor, que interessa a toda a humanidade.
Essa é a importância da ciência. Embora acessível e desenvolvida por poucos, seus resultados impactam sobre a vida de todos. Investir em pesquisa científica é potencializar a inteligência humana para que desenvolva mais recursos e condições à qualidade de vida.
Tema: Como será o seu final de semana?
O maior índice de acidentes nas estradas, de brigas e assassinatos, de violência e de tragédias, acontece nos feriados e nos finais de semana. Para que serve o dia de domingo? Para que serve o final de semana?
O final de semana trás variadas expectativas nas pessoas. Há quem o aguarda para trabalhar, pois tem no sábado e domingo os dias de maior movimento comercial. Há os que se sentem entediados, com solidão e sem ter nada prá fazer. Há os que se empenham em trabalho pastoral ou social. Há os que planejam os passeios, o descanso e o lazer. E, ainda, há quem passa o tempo todo embriagado e envolvido em brigas. Qual é mesmo o sentido de um final de semana? Como se dispõe do tempo?
Para o povo hebreu, o sábado (shabbat) era o dia do descanso jubilar e do recordar para santificar. A narrativa da criação do mundo, numa visão antropomórfica, descreve sobre o descanso do Criador no sétimo dia a fim de contemplar e regozijar-se por tudo o que foi criado. O repouso assumiu, para os hebreus, um valor sagrado. Sentiam-se repousando no Senhor, devolvendo-lhe toda a criação, na ação de graças e na intimidade filial.
O sábado hebraico, além da obra da criação, também era reconhecido como libertação da escravidão no Egito. Como escravos, não tinham o direito ao descanso. A terra prometida, mais que um território, foi conquista da liberdade e da dignidade. E isso devia ser permanentemente recordado. “Recorda-te de que foste escravo do país do Egito, donde o Senhor teu Deus te fez sair com mão forte e braço poderoso. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia do Sábado” (Dt 5,15).
Em 31 de maio de 1998, o papa João Paulo II escreveu uma belíssima Exortação Apostólica, intitulada Dies Domini, o Dia do Senhor. Nesse documento, o papa lembra que o domingo é uma festa primordial, reveladora do sentido do tempo. O domingo é uma antecipação da parusia, do futuro definitivo de todos nós. É uma profunda experiência de gratidão a Deus, é afirmação plena de nossa liberdade, é repouso no Senhor e em sua graça. Por isso, o oitavo dia é a imagem da eternidade.
O domingo é a memória da ressurreição. Foi ao amanhecer do primeiro dia da semana que os discípulos tiveram a mais bela notícia da história: Ele havia ressuscitado. Então, nele, todos ressuscitaríamos. Por Ele, se estabelecia uma nova criação e uma nova aliança. Por isso, os cristão da primeira hora do cristianismo procuraram fazer uma progressiva distinção entre o sábado hebraico e o domingo. Não se tratava de substituir o sábado pelo domingo, mas de compreender e viver o domingo como o dia do Senhor ressuscitado, um novo gênesis em que toda a criação se refez, uma nova aliança em que não apenas os grilhões da escravidão egípcia, mas os grilhões da morte e do pecado haviam se rompido pelo cordeiro imolado na cruz. Assim, o domingo tornou-se a páscoa semanal, o dia do Senhor ressuscitado, o dia da assembléia eucarística para celebrá-lo, o dia do banquete pascal e do encontro fraterno, o dia da participação, o dia do envio para a missão, o dia da caridade e dos gestos de solidariedade.
Guardo com viva memória essa reflexão sobre o significado do domingo. Eu a aprendi com apenas 12 anos. Levei-a tão a sério que ninguém em casa me convencia, no domingo, sequer a ajudar a lavar a louça do almoço. Compreendi, com limitado alcance, que o dia do Senhor era o dia do repouso e da oração. Não faltava à missa e não trabalhava por nada! As décadas se passaram e nesse tempo muita coisa mudou. Também mudei. Tive que reinterpretar e recolocar o significado do domingo. Mas ficou aquela primeira lição da infância, jamais esquecida. E, assim, os domingos sustentaram e deram sentido aos demais dias de minha vida.
Talvez, outra vez, seja necessário reaprender a bem-viver os finais de semana e a repensar acerca do significado do tempo. Certamente, o tempo traz consigo denso significado espiritual. Mas, sobretudo, uma nova consciência sobre os finais de semana pode suscitar menos violência, mais diálogo familiar, maior convivência e encontro, mais fraternidade e paz.
Tema: Beleza, saúde e culto ao corpo
As academias de ginástica e as indústrias de cosméticos e de perfumes estão entre os setores mais aquecidos e exitosos da economia no Brasil. O cuidado com a saúde e a beleza ganhou uma importância jamais vista na história. O que terá acontecido para que as pessoas tenham dado mais atenção ao corpo?
Em Goiás, estima-se que existam em torno de 150 indústrias do ramo de Beleza. No ano passado, faturaram mais de 24 bilhões com a venda de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Nestes valores não está somado o que os salões de beleza e as barbearias movimentam na economia. Hoje, as pessoas gastam mais com o cuidado do corpo. E esses gastos deixaram de ser exclusividade das mulheres e dos adultos. Os homens e as crianças são grandes consumidores de produtos de beleza. E cuidam da pele, do cabelo e do corpo com inusitado interesse.
Também estão aquecidos os negócios ligados a atividades físicas no país. No Brasil, há mais de 15 mil academias e o setor gerou receitas de mais de 1 bilhão no ano de 2009. E projeta-se que esse setor de atividade física, saúde e bem-estar será um dos que terá maior expansão nos próximos 10 anos. O segmento que mais vai crescer é o de academias de baixo custo, devido ao aumento da renda das classes C e D.
Na história do Ocidente, herdamos uma visão platônica que estabelecia uma cisão entre o corpo e o espírito. Para atingir o espírito, ou os conceitos, era preciso superar a condição da matéria e o aprisionamento dos sentidos do corpo. Essa concepção de Platão recebeu uma matiz especial com os estóicos. Estes, afirmavam que o corpo deveria ser mortificado a fim de se alcançar a felicidade. Essas idéias dos gregos influenciaram profundamente o cristianismo em suas origens. E se fizeram pensamento religioso e moral cristã.
Durante décadas, aprendemos a repudiar os desejos da carne e tratamos o corpo como motivo de queda moral. Criamos uma civilização da culpa e da repressão. Repudiamos o riso o humor, tratando-os como futilidade. Docilizamos os corpos pela disciplina e pelo controle. Então, se percebeu um grande mal-estar da civilização, adoecida pelo seu modo repressor de viver. Foi quando Freud disse que “somos de carne e temos que viver como se fossemos de ferro”.
A ruptura com essa concepção dualista e repressora cedeu lugar a outro extremo. Talvez, seja aquilo que Saviani chamou de curvatura da vara e Foucault considerou uma condição pendular. Tudo o que está num extremo tende, com a mudança, a ir para o outro extremo. Era para termos construído uma nova concepção, numa visão personalista, onde a pessoa é um feixe de relações, uma unidade entre o corpo e o espírito. Era prá ter entendido que o corpo é a totalidade do eu, o micro-cosmo com a síntese de tudo o que existe. Pensava-se que poderíamos integrar aparência e essência, exterior e interior, história e eternidade. Não foi o que aconteceu.
O cuidado e respeito ao corpo físico é importantíssimo.A memória sacramental da presença de Jesus Cristo num pedaço de pão se faz com a proclamação “Isso é o meu corpo”. Entretanto, as guerras, a fome, o trabalho escravo, os abusos sexuais, a violência, a prostituição, o aborto, a eutanásia, essas e tantas outras situações indicam o desrespeito e falta de cuidado social aos corpos. O Ministério da Saúde também nós tem alertado, a nós homens, para que cuidemos da saúde, como fazem as mulheres. Morremos, na média, cinco anos antes das mulheres porque não damos atenção às doenças que minam nossos corpos. Vamos deixando passar porque nos achamos fisicamente mais fortes. Até o dia em que uma doença nos vence definitivamente.
Entretanto, para não entrarmos em nova crise de sentido civilizatório, é preciso saber discernir entre cuidado do corpo e culto ao corpo. Cultuar o corpo é substituir a aparência pela essência, é trocar a beleza interior pela exterior. É muito bom que aumente o número das academias de ginástica. Ruim é que a quantidade de livrarias não aumenta na mesma proporção. Gastamos uma hora em malhar, mas não uma hora de leitura. Durante muito tempo nos olhamos no espelho e cuidamos da aparência. Nem sempre nos olhamos a nós mesmos, nem exercitamos o olhar contemplativo do face a face com Deus.
O culto ao corpo leva ao reino da futilidade. Por isso, tem muita gente por aí com corpo sarado, mas na cabeça é só minhoca e a conversa é cheia de superficialidade. Quem suporta uma amizade, namoro ou casamento com gente assim, que só cuida do corpo? Que futuro podemos esperar de uma sociedade que apenas valoriza o jeito de vestir, o corte do cabelo, a pintura no rosto ou o peso do corpo?
Tema: Dia do Estudante
Amanhã é o Dia do Estudante. Tão importante quanto é o Dia do Professor, o Dia do Estudante merece ser lembrado com homenagem e reflexão. Sem estudante, a escola perde o sentido de ser. E a profissão do Professor é dignificante porque se remete ao ensino-aprendizagem com o aluno. É importantíssimo incentivar a estudar e aprofundar o significado do estudo. Isso cria um clima de aprendizagem e valoriza o estudante.
A colonização do Brasil aconteceu de um modo diferente do modo como foram colonizados os demais países da América Latina. Para a metrópole do império espanhol, as colônias deviam prosperar sob todos os aspectos, o que significava autorizar a criação e a manutenção de instituições de Educação. Por isso, pouco tempo depois da chegada de Colombo à ilha de Santo Domingo, logo foi criada sua primeira Universidade.
O império português teve uma visão diferente sobre a colonização do Brasil. Visava especialmente manter a conquista do próprio território, explorar seus recursos naturais e, mais tarde, cobrar impostos. Por isso, criou Fortes de defesa territorial em toda a costa litoral brasileira. E batizou sua colônia de Brasil, por causa da madeira daqui extraída e transportada para Portugal. Quanto à Educação, essa foi uma preocupação tardia. Nas origens, tivemos o empenho decisivo dos jesuítas e das demais Ordens e Congregações Religiosas para com a Educação. Mas esse não era o empenho do Estado português. Por isso, somente no século XX é que as Universidades brasileiras foram criadas.
Não fosse a ameaça da invasão francesa a Portugal e, consequentemente, da fuga da família real ao Brasil, e teríamos uma protelação ainda maior na criação de escolas e faculdades públicas. No dia 11 de agosto de 1827, D. Pedro I instituiu no Brasil os dois primeiros cursos superiores de ciências jurídicas, um em São Paulo e outro em Olinda. Cem anos depois, em 1927, Celso Gand Ley propôs que essa data fosse escolhida para homenagear todos os estudantes. Por isso, 11 de agosto é Dia do Estudante.
Quando ocorre o preenchimento de cadastros sempre há uma inevitável pergunta: Qual é a sua profissão? Quem estuda, deveria dizer com orgulho: sou Estudante.
Há quem considere que trabalhar é apenas quando se tem um vínculo formal de emprego. Engana-se. Também é trabalho o serviço doméstico, a educação dos filhos, o amparo aos pais idosos ou o cuidado a um familiar que está doente, ou é deficiente. Quem estuda, também está trabalhando. Gasta extenuantes horas do dia no empenho para aprender. Enfrenta dificuldades, empreende esforços, gasta energia, ganha aprovações e reprovações.
Há estudante que deliberadamente não estuda como devia, nem se esforça para aprender. Entretanto, isso ocorre em todos os demais trabalhos formais. Em todas as profissões, sempre há quem não faz direito as coisas. Isso não apenas os prejudica a si. Todos são atingidos pelos erros e pela falta do empenho pessoal no trabalho.
Quem estuda, deve assumir-se como sujeito da própria aprendizagem. O professor é muito importante, mas não faz milagre com quem não quer aprender. Estudar é colocar-se em movimento consciente, abrir-se para as pequenas e as grandes descobertas, decodificar e decifrar as óticas cifradas do mundo.
Estudar é apropriar-se criativamente de diversas linguagens, aprender como responder aos desafios, aprender a conviver e a colocar o seu conhecimento a serviço da humanidade.
Estudar é aprender a crescer, a ser mais e melhor, a ver um pouco a frente, a sonhar de um modo diverso a própria realidade e o seu próprio futuro. Estudar é uma disposição interior de busca. É colocar-se a caminho; é ser seu próprio caminho.
Há milhares de estudantes com dupla jornada de trabalho. Para quem, além de estudar, precisa de um emprego para se manter; para quem estuda e ainda tem filhos e família para sustentar; para quem é estudante gestante; para quem estuda vindo de outra cidade, estado ou país; para quem tem deficiências físicas e ainda assim enfrenta os estudos, essas e tantas outras situações especiais merecem empenho e homenagem especial.
Há milhares de estudantes que não concluem seus estudos. Param no meio do caminho. Mais tarde, fica difícil de retomar. A falta de estudo tem conseqüências para o resto da vida. Prejudica no crescimento profissional, atinge a qualidade de vida de si e de sua futura família, limita suas expectativas e suas esperanças.
A falta de estudo também provoca conseqüências sociais. A maior parte dos jovens que está nas prisões apresenta baixa escolaridade e abandonou precocemente a escola. Estados e países onde há pouca capacitação da mão de obra, também há menor crescimento econômico.
Por tudo isso, feliz a família que tem filhos ou pais que estão estudando. E feliz a sociedade que pode celebrar o Dia do Estudante.
Nesse dia tão especial, nosso aplauso vai também para todas as entidades representativas dos estudantes: a UNE -União Nacional dos Estudantes; a UEE – União Estadual dos Estudantes de Goiás; os DCEs – Diretórios Centrais de Estudantes; os CAs – Centros Acadêmicos; e todos os grêmios estudantis que se organizam nas escolas.
Tema: Dia da Televisão
Hoje é o Dia da Televisão. Santa Clara é a padroeira da Televisão e o dia do nascimento da santa de Assis foi escolhido internacionalmente como o Dia da Televisão. A história da TV revolucionou cosmovisões e mudou comportamentos. E impregnou a humanidade com a cultura da imagem. Por isso, podemos dizer que, em parte, a história da TV também é nossa história
Santa Clara foi oficialmente reconhecida como padroeira da TV pelo papa Pio XII. Desde então, a data de nascimento de Santa Clara, dia 11 de agosto, tornou-se também o Dia da Televisão.
Clara nasceu em Assis. Empolgou-se pelos mesmos ideais de vida de São Francisco. Com 18 anos, no dia 19 de março de 1212, numa igrejinha chamada Porciúncula, consagrou-se à vida religiosa. Mudou-se ao convento San Damiano. A ela vieram outras jovens, que também se tornaram freiras. Clara de Assis, ou Santa Clara, faleceu aos 60 anos. Foi declarada Santa pelo papa Alexandre IV.
A Carta Apostólica de Pio XII que define Santa Clara como a padroeira da televisão, cita uma história curiosa da vida da Santa. Era noite de Natal de 1252. O frio, na Itália, era intenso. Como estava muito doente, não pode acompanhar as Irmãs na celebração natalina. Entretanto, quando as Irmãs retornaram da missa, Clara descreveu detalhadamente o que ocorreu na celebração, como se estivesse presente. Clara teria tido uma visão, que foi considerado o “primeiro programa de TV” da história.
Há poucos meses estive em Assis, na Itália. Visitei a casa onde nasceu Clara, a pia onde foi batizada, a Porciúncula onde professou seus votos, e o convento San Damiano, onde Santa Clara passou grande parte de sua vida e, também, onde lá morreu. A cidade de Assis mantém toda a característica medieval. Guarda em si as origens da vida franciscana. Quem fica por lá alguns dias, vivencia com indescritível intensidade a mesma experiência existencial de Clara e de Francisco de Assis. E certamente entenderá que ambos tinham uma personalidade especial, uma forte experiência de encontro com Deus e, talvez, alguns talentos paranormais. Naquele contexto, é possível compreender de um modo diverso sobre a visão de Clara. Após 800 anos, e a humanidade ainda se sensibiliza por aqueles dois jovens pobrezinhos que um dia foram tocados por Deus. Quem tem Clara de Assis por padroeira, pode se sentir honrado e amparado.
As primeiras transmissões televisivas foram feitas no século XX, por meio de ondas eletromagnéticas. A partir da década de 1930, as transmissões de televisão se tornaram regulares nos Estados Unidos e na Europa. E rapidamente se criaram as redes de televisão. As imagens eram em preto e branco. A TV a cores começou a funcionar somente em 1954. Na década de 1970, a televisão foi comercializada em grande quantidade, tornando-se um dos principais e mais populares veículos de comunicação.
“Senhoras e senhores telespectadores, boa noite. A PRF – 3 TV – Emissora Associada de São Paulo orgulhosamente apresenta, neste momento, o primeiro programa de televisão da América Latina”. Esse foi o anúncio do primeiro programa de televisão exibido no Brasil, no dia 18 de setembro de 1950, na voz da atriz Iara Lins, pela emissora Tupi. No dia seguinte, foi exibido o primeiro telejornal brasileiro. Havia, então, no Brasil, apenas 100 aparelhos de televisão importados. No ano seguinte, a Tupi foi inaugurada no Rio de Janeiro e lançava o telejornal Repórter Esso.
A TV Tupi também foi pioneira ao introduzir a telenovela, que até então era um sucesso das emissoras de rádio. A primeira telenovela brasileira , exibida duas vezes por semana, chamava-se “Sua Vida Me Pertence”. Nessa novela, aconteceu o primeiro beijo na televisão, uma ousadia para aquele tempo. Entretanto, o primeiro sucesso de audiência foi a novela “O Direito de Nascer”, exibida pela Tupi, em 1965.
A primeira imagem de televisão que foi conhecida pelos goianos ocorreu, talvez, em 1957. Mas a primeira emissora, chamada de TV Rádio Clube, exibiu suas primeiras imagens na noite de 6 de setembro de 1961. A emissora logo mudou de nome e passou a se chamar TV Goiânia. Dois anos depois, em 23 de outubro de 1963, foi criada a TV Anhanguera. Entrou no ar com um programa de 30 minutos, “A Hora da Ave Maria” (Iúri Rincón Godinho, História da TV em Goiás, 2008).
Hoje, Goiânia conta com 9 emissoras de televisão: TV Anhanguera, TV Record, Fonte TV, TV Serra Dourada, TV Goiânia, TV Brasil Central, UCG TV, Rede VTV e TV Capital.
Creio que fomos todos marcados pela história da televisão no Brasil. Lembro-me da primeira televisão que conheci. Foi no ano de 1959, quando a televisão transmitia imagens da Apolo 11 e da chegada do homem à lua. Meu tio havia me levado até a casa da família de um advogado que havia na cidade. Possuíam uma televisão, em preto e branco. Era algo fantástico, mas pareceu-me, então, a exibição diminuída de uma tela de cinema. Pouco entendi. Mas aquele aparelho logo se popularizou. E quando minha família adquiriu o primeiro aparelho de televisão, já colávamos papéis coloridos e transparentes em frente à tela para transformar as imagens em preto e branco em imagens “coloridas”.
Nunca imaginei que também eu, um dia, estaria criando uma emissora de televisão. Sou professor. Trazia comigo a experiência de gestão em Educação, não em comunicação ou em gestão hospitalar. Tais desafios surgiram logo nos primeiros anos em que havia assumido a reitoria da Universidade.
Quatro fases marcaram a criação da UCG TV. A primeira foi em 2004, com a aquisição da outorga no Ministério das Comunicações. A segunda, a partir de 2005, foi com a construção da torre, a aquisição e importação do transmissor, a afiliação à TV Aparecida, o contrato provisório com o Sistema Argumento para a produção dos primeiros programas locais e, enfim, a inauguração das instalações de transmissão, ocorrida no Morro do Mendanha, em Goiânia, no mês de junho de 2006. A terceira fase foi especialmente marcada pela aquisição de terreno e construção da sede da emissora, a transmissão também pelo sinal da Net e, finalmente, a inauguração da sede no dia 8 de setembro de 2009. E, na fase atual, tivemos a formação e ampliação da equipe própria da emissora, a compra de equipamentos e veículos, a criação de novos programas e a veiculação de programas em rede nacional.
É grande a responsabilidade em fazer televisão no Brasil. Ela já foi chamada de quarto poder. Sua mensagem influencia mentes e corações. Por isso, não se pode rifar os valores ou ferir a sociedade apenas para manter índices mais altos de audiência e para faturar mais. É com essa convicção que, sem a pretensão de estabelecer rivalidades com as demais emissoras locais, ou em querer se considerar os melhores, vamos implementando, com serenidade e respeito, a UCG TV. E assim, com perseverança e constância, ela se torna sempre mais conhecida, reconhecida e amada.
A todos os que trabalham e fazem a televisão, em Goiás, no Brasil e no mundo, nossa homenagem e reconhecimento. E aos amigos da telinha, o desejo de que sua vida seja ainda melhor com a existência da televisão.
Tema: Síndrome da pressa
Você vive de olho no relógio? Está sempre achando que não tem tempo para nada? Diz que os dias correm muito rápidos e que não vê a vida passar? Quase tem um chilique se tem que esperar 10 minutos por alguma coisa? Fica inquieto e desassossegado quando a internet está lenta? Tem vontade de atropelar alguém que anda em um caminhar mais lento que o seu? Talvez, a maioria de nós responderia “sim” a todas essas perguntas. O passo acelerado, a fala atropelada e a escrita abreviada são marcas típicas da síndrome da pressa.
A pressa é uma característica dos dias de hoje. É muito difícil encontrar alguém que não tenha que cumprir prazos e horários, ou não se importe com o tempo e com a hora. Quando essa preocupação é excessiva, pode ser considerada uma síndrome, com conseqüências para a saúde.
Desde 1980 a síndrome da pressa está sendo estudada. A data não é por acaso. É uma marca da mudança que experimentamos nas últimas décadas. Temos origens rurais. Lá no interior, o ritmo de vida era mais lento e com menos novidades diárias. Havia certa rotina e um ritmo cadenciado da vida. Era sempre cedo a hora de deitar e de acordar. E havia tempo para conversar e visitar os parentes e a vizinhança. Via-se o tempo passar.
Nas últimas décadas criamos outro jeito de viver. Pelos novos recursos e possibilidades, deveríamos ter mais tempo à nossa disposição. Ao invés de demorar muitas horas para escrever uma carta e postá-la no correio, enviamos ágeis mensagens pela internet. O tempo que se gastava para fazer o pão caseiro, para tirar o leite e fervê-lo, para preparar o sabão, para lavar a roupa no tanque... tudo isso agora se encontra industrializado. Temos pães a pronta entrega, leites em caixas e prontos para o consumo, sabão em pó colocado em máquinas de lavar a roupa. Tudo ficou mais fácil e mais ágil. Portanto, seria de concluir que agora temos mais tempo disponível. Não é isso o que se constata.
Em torno de 30 % dos brasileiros declara-se atingido pelo transtorno da pressa. Vivem sempre com pressa. Sentem ansiedade permanente, não apenas em alguns momentos específicos. Acham que é pouco o tempo para dar conta daquilo que tem que fazer. Acumulam cada vez mais atividades e se sentem culpados se não fazem muitas coisas.
As causas da síndrome da pressa são externas, resultantes do modo atual de viver. Entretanto, aos poucos vamos internalizando esse ritmo acelerado e frenético. Tudo ficou muito rápido na vida: as notícias nos chegam do outro lado do planeta em tempo instantâneo; as inovações nos obrigam a fazer trocas constantes de roupas, móveis, veículos e equipamentos; o conhecimento científico exige permanente atualização; as atrações na televisão e no computador tomam nossas horas de sono. O tempo todo temos preenchido. Não há pausas para o silêncio, a reflexão, o planejamento. Não nos damos tempo para fazer com um ritmo que nos permita fazer bem feito e sem correria. Por isso, a pressa da vida social nos transformou em pessoas com comportamento apressado e, frequentemente, com um certo jeito artificial de viver.
A pressa não é considerada oficialmente uma doença pela psiquiatria. Mas merece cuidados especiais. Pessoas apressadas durante as 24 horas do dia tendem a ser mais agitadas, ansiosas e nervosas. A pressa atrapalha os relacionamentos e prejudica no trabalho. Com pressa, fazemos as coisas mal feitas e atropelamos a própria vida. Para superar essa síndrome, é preciso de alguns cuidados.
O primeira precaução para não desenvolver um comportamento apressado é saber se organizar. Uma agenda sempre ajuda. Nela é preciso estabelecer os horários adequados, com a devida distância entre uma atividade e outra. E, também, prever os momentos de parada, de cuidado para o asseio pessoal, de pausas entre um compromisso e outro. Isso vale também para quem tem o trabalho doméstico.
Outra alternativa para não ser um apressado é estabelecer prioridades. É preciso escolher o que é mais importante e se dedicar a isso. Ninguém consegue abraçar o mundo e fazer tudo ao mesmo tempo. Pessoas que tem foco na vida sabem priorizar e fazer escolhas. Isso as torna generosas, equilibradas e alegres. E as permite que acelerem o ritmo quando necessário, sem que isso as desequilibre ou as atropele.
Acima de tudo, para superar a pressa é preciso ter permanente consciência de si. Com alguma freqüência, é preciso que nos perguntemos: como estou vivendo? Aproveito bem o tempo que tenho disponível? O que vou fazer de importante amanhã? Que balanço faço da semana que passou? Estou satisfeito com meu modo de viver? Em que posso melhorar?
A vida é importante demais para que seja desperdiçada com a pressa e com o tempo acelerado.
Tema: Semana do Folclore
Você se lembra de algum dos causos contado pelos seus avós? Tem receio da sexta feira, treze? Já brincou de trava-lingua? Costuma tomar um chá quando fica gripado? Tem alguma simpatia para casamento ou mau-olhado? Você conhece alguma lenda? Ou gosta de festas juninas? Tudo isso é folclore. E estamos na Semana do Folclore.
Escolas e Universidades dedicaram essa semana à reflexão sobre o folclore. Na PUC, a 10ª Semana do Folclore acontecerá de 26 a 28 de agosto, no espaço do Memorial do Cerrado. Não há quem não se encante com esse evento. É gratuito e aberto ao público. Aí se encontram as fiandeiras, a moenda da cana e a garapa, a pinga feita no alambique, o sabão de bola, a moagem da mandioca e a preparação da farinha, o brinquedo com o barro, as cantigas populares de antigamente, a confecção de petecas e de bonecos de pano, as pinturas e os passeios ecológicos, as danças populares, a visita à cidade cenográfica rural e a uma réplica de fazenda, o passeio pelo Memorial. Isso tudo e muito mais.
O folclore é tão antigo quanto a civilização. É a manifestação da cultura popular, com suas danças, músicas, crendices, remédios, simpatias, festas, comidas e brincadeiras. Contudo, embora seja antiga manifestação da cultura popular, a palavra folclore surgiu no dia 22 de agosto de 1846, publicada na revista londrina “Athenaeum”. Quem criou a palavra foi o inglês William John Thoms. É uma palavra composta, anglo saxônica. Significa povo (folk) e saber (lore), ou sabedoria do povo. Com o tempo, foi unida numa só palavra; “folklore”.
O Dia do Folclore foi instituído no Brasil pelo Decreto nº 56.747, em 17 de agosto de 1965, pelo presidente Castelo Branco.
Você conhece alguma frase escrita em pára-choque de caminhão. Recentemente, li uma que achei genial: “Quando achei que já tinha encontrado todas as respostas, a vida mudou todas as perguntas”. Isso é sabedoria popular, é folclore.
Você lembra que pais e avós falavam para não deixar roupas do avesso para não atrair a morte em casa. Isso é crendice, é folclore. Era uma criação popular, um jeito de educar baseado no medo. Certamente, famílias com grande número de filhos, não era fácil se todos resolvessem deixar a casa desarrumada. O jeito para impor ordem em casa era inventar alguma crendice. Isso evitava de ter que ficar com excessiva cobrança e induzia todos ao comportamento da boa organização familiar.
Sabedoria popular é isso tudo: ditados, causos, lendas, crendices, orações fortes, brincadeiras e jogos, bordados, simpatias, benzeção, trovas, cantigas, parlendas, remédios caseiros.
Em tempos de vida urbana e pós-moderna, nosso folclore vai desaparecendo. Vamos assimilando uma cultura uniforme e massificada, tecnológica e cientificista. Por isso, é necessário transmiti-lo às novas gerações. Do contrário, perderão suas origens culturais.
Há quem estranhe que escolas e universidades realcem o modo folclórico de pensar e de viver. Esperam que instituições de Educação lidem apenas com a linguagem positivista da ciência e com os modernos recursos da técnica. Entretanto, essa é uma visão bastante limitada. Universidades, escolas e meios de comunicação autênticos são abertos a todas as manifestações culturais. Tem compromisso com a sabedoria do povo. Sabem que o sentido de vida também se faz com a herança do jeito de pensar e de viver das gerações que nos antecederam.
Tema: Cultivo da uva em Goiás
Goiás pode e deve ousar com novas fronteiras e possibilidades para a sua economia. É com essa visão que se deve apoiar a política de produção de uva em Goiás. Neste ano, a safra pode ultrapassar 15 mil toneladas, um crescimento de quase 40% sobre o ano passado.
Nasci e me criei no sul do Brasil. Onde morava, eram plantados imensos parreirais, também chamados de vinhedos. A produção da uva ajudava na economia familiar e fornecia condições para manter o homem no campo. A safra da uva ocorria apenas num período do ano, geralmente de janeiro até o mês de março, quando era o período que fazia mais calor e a fruta amadurecia.
O consumo da uva ocorria de três maneiras: era consumida in natura, ou dela se fazia doce ou, principalmente, era esmagada e seu suco, após a fermentação, era transformado em vinho. Como não existiam conservantes, era pequeno o consumo do suco de uva. Com o mosto, ou o bagaço da uva, se fazia a grappa, ou graspa, uma pinga especial de forte teor alcoólico.
Embora tudo fosse muito artesanal, o plantio da uva era muito importante para as famílias. Lembro-me de ajudar meus pais, avós e tios a preparar a uvada, o doce da uva. Colocava-se a uva no tacho até ferver. Depois, era passada na peneira. Em seguida, voltava ao tacho, era acrescentado o açúcar e ficava cozinhando durante horas. Quando a pá que mexia o doce mostrava o fundo do tacho, era o sinal de que o doce de uva estava pronto. Então, guardávamos o doce em caixas especiais e o tínhamos para o consumo familiar durante o ano todo, até a safra seguinte. O mesmo se fazia com o marmelo, o figo, a pêra, o pêssego e a goiaba. Era a marmelada, a figada, a perada, a pessegada e a goiabada. Tudo auxiliava na alimentação da família.
A uva é originária do árido Cáucaso, na Ásia. Sua origem é de 6 mil anos antes de Cristo. Foi o vinho que Jesus, há 2 mil anos, escolheu como sacramento de seu sangue derramado por nós.
No Brasil, o cultivo da videira começou em 1535, na Capitania de São Vicente, trazida pelos portugueses. Brás Cubas foi o responsável por trazer as espécies de Portugal. No século XVI, teve um grande impulso com a imigração italiana vinda especialmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Há milhares de variedades de uvas, adaptadas a vários tipos de solo e de clima, o que possibilita o seu cultivo em quase todas as regiões do mundo. Os vinhedos, preferencialmente, devem ser cultivados em regiões de temperatura mais elevada, baixa umidade e abundância de dias ensolarados. Em tais condições, o crescimento das videiras é contínuo, possibilitando as podas, o escalonamento da colheita conforme a demanda, além da produção de mais de uma safra por ano. Tudo a ver com as condições climáticas e de solo em Goiás.
Pensar a produção goiana apenas com a pecuária e o plantio da soja e da cana de açúcar é como querer tocar uma música com uma nota só. Quando surgem sucessivas dificuldades climáticas ou oscilação de preços no mercado, os agricultores entram em crise e migram para as grandes cidades. Cai a renda do Estado, aumentam os problemas urbanos e diminui a qualidade e a diversidade dos alimentos.
Especialistas afirmam que a qualidade e doçura da uva goiana são melhores que a da fruta trazida do Sul. Isso é resultado da qualidade do solo e do clima favorável, sem grandes variações de temperatura. Essas condições resultam em duas colheitas anuais, que ocorrem nos meses de junho e julho e nos meses de novembro e dezembro.
Atualmente, Goiás já tem 250 produtores de uva, que cultivam 600 hectares em 30 municípios. Já se realizou a 3ª Festa da Uva, formam-se cooperativas de viticultores, aumentam as possibilidades de financiamento e cresce o apoio técnico e as pesquisas científicas sobre a cultura da uva. Mas, ainda há muito por se fazer.
É preciso expandir os cursos tecnológicos sobre a produção do vinho e da uva nos Institutos Federais de Educação. As festas da uva podem ganhar mais amplitude com atividades culturais e maior abrangência com a divulgação nacional. As secretarias de Estado podem certificar ou acompanhar a qualidade da produção e incentivar as cidades elegendo-as como capitais, conforme a sua produção. No Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves é a capital do vinho; Caxias do Sul, a capital da uva; Veranópolis, a capital da maçã; Ibiraiaras, a capital da batatinha; Pelotas, a capital da produção de doces; Gramado, a capital das hortências e do cinema. Isso promove convicções, induz à produção local, cria possibilidades de turismo, suscita uma linha específica de crédito, orienta o foco educacional, gera empregos e fortalece a economia familiar.
Com o plantio da uva em Goiás podemos minimizar a derrubada do cerrado para a produção do carvão e para o plantio de pasto, podemos substituir parte da pecuária e do impacto dos gases que destroem a camada de ozônio, podemos diminuir as extensas e perigosas queimadas, podemos economizar a quantia de água usada para a irrigação de algumas culturas, podemos diversificar a produção, gerar mais empregos e alimentar mais gente. Sim, podemos muito. Agora, é preciso querer!
Tema: Internet, admirável mundo novo?
Em breve, Goiânia será uma capital digital, uma das primeiras cidades digitais do Brasil. O acesso será gratuito e possível em qualquer lugar da cidade. Estuda-se, também, a possibilidade de que todos os alunos da rede municipal tenham um computador a sua disposição. Isso pode revolucionar as metodologias e as práticas educativas. E consolidar um novo período da História, com o acesso universal às novas mídias e com a definitiva instalação de um novo jeito de se comunicar e de se relacionar. Temos pela frente novas esperanças e novos problemas.
Com a criação e a intensidade no uso da internet inaugurou-se uma nova concepção de espaço e um modo diverso de compreender a cultura. Para compreender esse fenômeno, foram criadas duas novas palavras: o ciberespaço e a cibercultura. Pierre Lévy define o ciberespaço, ou rede, como “um novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores”. Essa conexão não é apenas dos aparelhos; também se conectam os conteúdos e as pessoas.
Quanto à cibercultura, ela significa o conjunto “de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Em outras palavras, com a internet emergiu uma nova visão do mundo, outro jeito de estabelecer as relações, outra forma de consumir, de acreditar, de conversar e de viver.
De agora prá frente, duas palavras nos deixaram sem sossego: a abundância e a obsolescência. Cada vez mais temos a abundância de conhecimentos e informações, sem conseguir lidar com tudo isso no trabalho profissional, no ensino-aprendizagem e no cotidiano da vida. E tudo, com incrível velocidade, torna-se obsoleto, superado. E passamos a chamar de carroça ao computador de compramos há poucos meses, de aparelho do tempo da onça para a televisão de tela plana, de peça de museu para o telefone celular que tem a função apenas de conversar.
A internet será o centro espacial e cultural das redes do futuro. E vai inaugural um “admirável mundo novo”. Ela vai favorecer as relações e as transações; vai criar novas sincronias para as tarefas; vai descentralizar as atividades; vai reduzir os custos de comunicação; vai democratizar o acesso à informação; vai reorganizar os locais e as relações de trabalho; vai criar novas possibilidades de compra, venda e consumo. Nesta perspectiva, parece se realizarem em plenitude os antigos ideais da modernidade iluminista. Há igualdade entre todos os internautas; há liberdade para o acesso além fronteiras; e há fraternidade onde se formam comunidades mundiais (Nalini, 2009).
As novas facilidades da internet vão introduzindo-nos para facilidades extraordinárias, sequer imaginadas há poucos anos. Para certa parcela da população a internet é usada como fonte de pesquisa ou como meio para fazer a reserva de livros na biblioteca e matrícula na Universidade. Usa-se a internet para comprar e vender, para a leitura de livros e de jornais, para criar amizade, encontrar namorado, conversar com familiares distantes ou, simplesmente, para navegar, gíria usada para o passeio virtual.
Novas facilidades também trazem consigo novos problemas, que desafiam a Ética, o Direito, a Educação e a Psicologia. Os novos relacionamentos virtuais pela internet tendem a substituir os relacionamentos reais, o contato com pessoas de carne e osso, e produzem uma imagem falsa e artificial das pessoas. Com a mesma intensidade da dependência provocada pelas drogas, o computador está produzindo novos dependentes, incapazes de viver sem ficarem ligados on line o tempo inteiro, madrugada adentro. Nas pesquisas, há incontáveis trabalhos que são apenas copiados e colados, sem leitura, reelaboração da linguagem e citação das fontes bibliográficas e respeito aos direitos autorais. A gravidade disso chegou às teses de doutorado.
Pela internet ainda existem os vírus que destroem programas de precioso valor; há sites clonados e apresentados como se contivessem informações verídicas; há senhas que são seqüestradas para roubar; há venda ilegal de armas; há pedofilia e prostituição; há exposição da vida privada e invasão na vida dos outros. Tais problemas, e outros tantos mais, irão se universalizar sempre mais. Nesse ano, no Brasil, a internet já é acessada por um em cada quatro habitantes. Com o Plano Nacional de Banda Larga, o governo brasileiro quer ampliar o acesso da internet a toda a população. E, em recente Conferência Mundial sobre a Sociedade da Informação, foi estabelecido o ano de 2015 como meta para que o acesso à banda larga seja feito por metade da população global. Esse será o nosso futuro. Melhor será saber lidar bem com ele.
Tema: A violência e suas causas
A violência está em todo o lugar. Nas guerras, é o conflito entre os povos que se transforma em violência internacional. Na Copa do Mundo, a grande quantia de cartões vermelhos indicaram o grau de descontrole e de violência de alguns dos jogadores. A lista de exemplos sobre a violência parece não ter fim: jagunços assassinam sem-terra; latifundiários massacram os índios; fascistas metralham as crianças; fanáticos e terroristas jogam aviões contra os prédios; jovens de classe média queimam índios, arrebentam telefones públicos e picham as cidades; homens agridem as mulheres; pais espancam os filhos. Por que existe a violência?
A edição do Mapa da Violência no Brasil mostra que o índice de homicídios em Goiás cresceu seis vezes mais que no resto do País. Nosso Estado teve, de 1997 a 2007, um aumento de 105% a mais na quantia de assassinatos, enquanto no Brasil o aumento foi de pouco mais de 17%. Chama a atenção que Estados identificados mundialmente pela violência, tiveram redução no número de homicídios. São Paulo teve uma redução de 50% e Rio de Janeiro reduziu em mais de 20 % o número de assassinatos (O Popular, 30/07/2010, 5-A).
Em Goiânia, as Estatísticas da Polícia Civil também apontam para o crescimento no número de homicídios. O ano de 2008 foi o mais violento, com 443 assassinatos. Em 2009, caiu para 335 assassinatos. Nesse ano, já foram registrados 210 homicídios. Dessas mortes, 94,26% foi de homens e apenas 5,74 de mulheres. A faixa etária mais atingida pelos assassinatos é de 18 aos 30 anos (DM, 27/07/2010, 2-B)
Essas duas pesquisas revelam o perfil predominante das vítimas e dos agressores. As principais vítimas e, também, a maior parte dos autores dos crimes são jovens, do sexo masculino. Informações complementares sobre o perfil dos presos no Brasil ainda indicam que a maior parte deles é de moradores de regiões periféricas, que abandonaram a escola e não possuem emprego formal.
O fenômeno da violência é bastante complexo. Suas causas são variadas e, geralmente, umas têm implicação com as outras. Geralmente, a pobreza, tomada em si, não é causa da violência. Do contrário, todos os que são pobres seriam violentos, o que não é verdade. Entretanto, verifica-se que quando à pobreza se soma a falta de equipamentos e de serviços públicos de qualidade (quando falta saneamento básico, transporte público, energia elétrica, iluminação pública, lazer, praças e quadras esportivas, arborização e plantio de flores, praças e quadras esportivas, segurança pública, acesso à saúde, escolas etc), isso torna os bairros mais pobres também mais atraentes para a criminalidade.
A falta de emprego também pode favorecer à violência, pois, deixa a pessoa vulnerável ao crime. O crescimento do tráfico de drogas é outro fator relevante para o aumento dos crimes violentos. São altas as taxas de homicídio por acertos de contas, chacinas e disputas de gangues rivais. Em Goiânia, crescimento no tráfico e no consumo de crack e de outras drogas vai tirando a antiga paz dessa bela capital.
A disseminação das armas de fogo também é um grande indicador para os homicídios. Brigas de bar, de trânsito ou familiares terminam em assassinato quando uma arma de fogo está ao alcance das mãos.
Há, ainda, outros dois fatores como causa da violência. O anonimato nas grandes cidades reduz as pessoas a nada, sem valor e sem importância. Então, a vida se banaliza e pode ser tirada de alguém por uma aposentadoria buscada no caixa eletrônico, ou por uma bicicleta que transporta um inocente. Outro fator relevante para a violência é a desestruturação familiar. Quando não existem as mínimas condições de afeto e de convivência, isso resulta em desamparo e em formação de futuros agressores.
A mim, interrogam muito alguns dos estudos antropológicos e psicológicos sobre as causas da violência. Um desses brilhantes estudos é de Freud. Ele constatou que a violência é parte da herança da espécie, tanto biológica quanto historicamente. Essa herança mora no mais profundo de nossa estrutura psíquica. Criadas as condições objetivas ou subjetivas que sejam propícias, e logo a raiva, o ódio e o desejo de destruir vêm lá de dentro, com toda a força, e elimina o que encontra pela frente.
Na obra “Além do Princípio e do Prazer” (1920), para explicar os fortes impulsos interiores de violência, Freud criou a noção de pulsão de morte, ou Thanatos. Em 1929, escreveu a obra “Mal Estar da Civilização”, onde apresenta a constatação de que o maior obstáculo enfrentado pela civilização é essa disposição primária e instintiva de eliminar o outro. Para enfrentar esse obstáculo, segundo Freud, só mesmo a mobilização do Eros, do amor que supera o ódio e a morte.
Tema: O preço da violência
Ontem refletimos sobre a violência e suas causas. A complexidade do assunto me obriga a ele retornar. Creio que é preciso não apenas constatar e conhecer as estatísticas sobre a violência. O principal é construir novos referenciais e novos caminhos de paz e de fraternidade. É caro o preço da violência. Por isto, poderíamos nos colocar uma meta audaciosa: tornar Goiás o Estado com menor índice de violência do Brasil. O que você acha disso?
A violência tem preço. Traz prejuízos financeiros e custa caro à sociedade. Em Goiás, recentemente, foram contratados mais dois mil policiais. Além do ostensivo policiamento, ainda há o custo com as viaturas, o combustível, a compra de armas, as fardas, o treinamento do pessoal, a investigação dos crimes, as prisões, as Delegacias, as Secretarias de Segurança e a estrutura do Poder Judiciário. Tudo isso é pago pelo Estado, com o dinheiro dos impostos. Isso significa a redução de outros investimentos sociais.
Além dos custos com a segurança pública, também é caro o preço da segurança particular. Empresas, instituições e residências são obrigadas a reforçar a segurança de seus bens e de quem nelas trabalha ou reside. A uma estimativa de que o número de vigilantes particulares no Brasil chega três vezes a mais que todo o contingente das Forças Armadas.
Cidades com alto índice de violência têm o turismo prejudicado, o que significa redução de emprego na rede hoteleira e diminuição da atividade comercial. Bairros mais violentos desestabilizam os pequenos comerciantes, desestabilizam as escolas e amedrontam as famílias. A sociedade se sente com medo e com perda da liberdade. Teme-se pelo filho que chega mais tarde da escola, à noite. Há insegurança com os familiares que saem para uma diversão no final de semana. E, em casa, se coloca grades em todas as portas e janelas, aprisionando as vítimas e deixando a liberdade das ruas aos que praticam os crimes.
O maior preço da violência, entretanto, não é a insegurança e o prejuízo financeiro. Quando uma vida é tirada, quando se perde um filho ou um pai, isso nada pode pagar. Mesmo que se aplique uma pena severa pelo crime cometido, ninguém pode devolver uma vida. É essa a declaração que se escuta e se repete da boca dos familiares que perderam alguém vítima da violência.
Um clássico a estudar o fenômeno da violência nas sociedades arcaicas foi René Girard.É mundialmente conhecida sua obra “A Violência e o Sagrado”. Em suas pesquisas, Girard constatou que, em passado remoto, a violência também colocava em risco os grupos humanos. E de um ato violento isolado havia o risco de que a violência contaminasse a todos, levando a auto-extinção de toda aquela civilização. Para purificar da agressividade humana, nossos antepassados criavam ritos de sacrifício e vítimas expiatórias. Geralmente um animal era imolado, projetando nele todas as agressividades. Um dos ritos mais conhecidos é do bode expiatório, para o qual se transferiam todas as mazelas humanas e, depois, era jogado num precipício.
Também o cristianismo tem seu rito de expiação e de purificação. A Teologia deu uma nova dimensão ao sacrifício da cruz, transformando-a em sinal de doação e de vida. Mas não há quem não se arrepie ao ler o relato da paixão e morte de Cristo, ou ao meditar sobre a via sacra. Coroa de espinhos, chicotadas, cusparadas, vinagre para saciar a sede, coração perfurado, pregos nas mãos e nos pés, xingamentos. Teologicamente, o Cordeiro de Deus foi imolado para a salvação do mundo. Sociologicamente, o caminho do calvário foi uma ação violenta, praticada pelos poderes da época contra um pobre judeu, visto como revolucionário, blasfemo e agitador.
O limite último da violência é a destruição e a morte. Quando tudo acaba, cessa a violência. Ela não é um mal infinito, grande temor de Hegel. Levinas, um filósofo judeu da atualidade, ao propor uma ética da alteridade, reconhece que o outro, aquele que está sempre além e distintamente de mim, por mim jamais poderá ser definitivamente apropriado. Se minha violência o destruir, ele se recolhe na morte e cessa toda a minha ação e relação. Portanto, longe de ser uma antítese que me anula, como queria Sartre, o outro é sempre minha possibilidade de ser, de me conhecer e de conviver. Porque existe o outro, então, eu existo. A revelação do outro constrói minha identidade e meu viver. Se eu o destruir, destruo a mim próprio e nego a minha possibilidade de ser.
Tema: Caminhos de superação da violência
Com a violência não se brinca. Por isso, com razão, no Brasil foi proibida a fabricação e a comercialização de armas de brinquedo. Assim, crianças e adolescentes já não brincam mais de matar. E são educadas numa perspectiva de paz. Se essa medida foi possível, muitas outras podem ser tomadas para construir novos caminhos de superação da violência.
A Filosofia ensina que para problemas complexos suas respectivas interpretações também são complexas. Para a complexidade da violência, sua superação não acontece com uma única alternativa. É preciso assumir diferentes frentes, construir alternativas diversas, contar com muitos protagonistas, somar esforços entre Estado e sociedade, ter uma visão global e abrangente, formular um plano de enfrentamento, manter a constância, reavaliar e corrigir iniciativas que não deram certo. Penso que vale a pena mencionar algumas das alternativas, a maioria já em curso que, todavia, talvez careçam de aprofundamento coletivo, redimensionamento e de novo vigor.
1. A superação da violência se faz com a participação de toda a sociedade, organizando redes comunitárias de proteção e apoio, de desenvolvimento social e de segurança pública. Quando moradores de uma região com muita violência se unem, encontram no Ministério Público o apoio para seu problema, buscam soluções comunitárias e do poder público, dialogam com as escolas, igrejas e associações, promovem campanhas de paz, quando isso acontece a situação melhora. Não é tarefa fácil. Será preciso superar o isolamento e o medo que levam cada um a fechar-se em sua casa, até que uma fatalidade não o atinja e o desespere. A sensibilização social transforma a comunidade e cria um clima de mútuo cuidado e de recíproca confiança.
2. Planos de governo globais, bem articulados e, principalmente, bem administrados, devem integrar as políticas de segurança pública com as demais políticas urbanas. Nos municípios, no Estado e no país, segurança não é apenas responsabilidade dos policiais e do delegado. Dente outros protagonistas, dois são de especial importância: a escola e a polícia comunitária. Em Goiás, há passos importantes feitos no campo da Educação. Temos 120 escolas estaduais de tempo integral, com mais de 21 mil estudantes beneficiados, em 61 municípios. E 250 escolas tiveram ressignificados seus currículos do ensino médio, o que implicou em estabelecer o regime da semestralidade, a inclusão de aulas de mídia e tecnologia, cultura, arte, cidadania, meio ambiente e esporte.Certamente esse caminho da Escola é decisivo para a cultura da paz e a superação da violência. Também a polícia comunitária exerce um importante papel. São policiais conhecidos pela população e seus telefones celulares são colocados à disposição da comunidade. Isso gera mútua colaboração e cuidado coletiva para com a segurança pública.
3. Policiamento equipado, bem formado e valorizado é condição fundamental para a segurança. Os avanços da ciência também precisam ser melhor apropriados. O serviço especial de Inteligência e o uso de câmaras de monitoramento nas ruas são eficazes instrumentos usados por países que reduziram seus índices de violência. A isso se associam as mudanças de hábitos e os comportamentos preventivos das pessoas e das instituições. Às vezes, pequenos cuidados podem evitar grandes tragédias.
4. Não basta ter leis bem elaboradas. Também o Poder Judiciário deve ser ágil e rigoroso. Quando os processos demoram anos para chegarem ao julgamento final, cria-se uma perigosa sensação social de impunidade. Com a devida licença, juízes são servidores públicos, pagos pelos impostos da população e com delegação social para aplicar a justiça. Merece nosso reconhecimento a recente disposição do Judiciário em prestar contas sobre seu trabalho e em estabelecer um contato mais próximo com a comunidade. Quando os juízes descem as escadarias dos Tribunais, amplia-se o sentimento de confiança e de paz social.
Para superar a violência, cada um deve fazer a sua parte, naquilo que estiver ao seu alcance. Que ninguém se permita à omissão.
Tema: Volta às aulas
Hoje, milhares de estudantes, em Goiás, retornam às aulas. O ano escolar, em todos os países, geralmente acompanha as estações do ano. No Brasil, também há diferenças regionais. Em Goiás, devido à estação da seca, ao mês inteiro de julho são dedicadas as férias escolares. Agora, crianças, adolescentes, jovens e adultos retornam efusivos às salas de aula. Um bom tempo inicial é usado pelos professores para acolher, introduzir, empreender ritmo, disciplina e concentração aos estudos.
Com o fim das férias, cada estudante retorna às aulas trazendo sua própria história. Alguns chegam vindos de uma mudança recente de bairro, cidade ou Estado e enfrentam a fase da adaptação. Outros, fizeram viagens e passeios, visitaram familiares, descansaram e brincaram. Ainda há quem enfrentou desilusões, acidentes, morte ou desemprego na família. E a isso tudo ainda se soma a perda da Copa do Mundo. É com esse conjunto de situações existenciais que nós, professores, recebemos os alunos de volta às aulas.
O tempo escolar é um dos mais preciosos da vida. Não substitui os demais momentos educativos, mas é imprescindível e único. A educação escolar possui rigor metodológico; organiza, expande e aprofunda o pensamento humano; possibilita o diálogo entre as diversas ciências e o crescimento gradual na assimilação e na recriação do conhecimento. Por isso é que saímos de casa e vamos à escola, do espaço privado ao espaço público. Ainda que com seus limites e problemas, na escola há um amplo horizonte de aprendizagem. Por isso é que exigimos dela a competência e o compromisso.
Aulas autênticas não se improvisam. É preciso que a Escola toda se prepare. Carteiras, lâmpadas, pintura, quadro-giz, recursos audiovisuais, livros, laboratórios, secretaria, matrículas, tudo deve estar previsto. Também o currículo, o procedimento pedagógico, o método de ensino e de avaliação, o calendário escolar e uma semana inicial de planejamento com os professores e funcionários ajudam muito no ensino-aprendizagem.
Mas o fundamental são os professores. Deverão ter lido a bibliografia básica e definido os objetivos de suas aulas, as unidades do conteúdo programático, os recursos pedagógicos, as modalidades e o processo de avaliação. Compararão livros e leituras, agregarão informações de jornais e de revistas, formularão chaves de interpretação e temas geradores. Farão uma síntese pessoal de seu próprio domínio de conhecimento, evitando a dispersão, a confusão e a sobreposição do secundário ao principal. Meditarão sobre exemplos existenciais e formas de abordagem. Integrarão sua matéria ao currículo. Reafirmarão sua disposição interior de educar com sinceridade, honestidade, compromisso, paciência, disposição ao diálogo, firmeza, autoridade moral. Estarão capacitados para educar a aprender, a conviver e a ser.
Toda aula depende da corresponsabilidade de cada estudante. É preciso que cada um organize sua vida escolar, prepare adequadamente seu material, disponha de um lugar para seu estudo pessoal, faça as leituras e tarefas, empenhe-se nas atividades escolares. É preciso, ainda, muita disciplina, rigor, empenho e muitas horas de estudo e leitura. É preciso freqüentar às aulas, ser pontual, respeitar os professores e os colegas, querer ir à escola para estudar e crescer. Alunos motivados incentivam até o professor. Ninguém faz milagres com quem não quer aprender.
A família também tem um papel decisivo na educação dos filhos. Além da formação dos valores, pode e deve acompanhar seu desempenho escolar, auxiliar nas tarefas de pesquisa, incentivar e saber escutar nas dificuldades de aprendizagem, desligar a televisão e criar espaços de silêncio e respeito na hora do estudo, estar presente nas reuniões de pais e nos conselhos da escola, informar-se sobre o comportamento do filho. Aos pais compete a responsabilidade primeira pela educação dos filhos, mas avós e tios que tenham disponibilidade podem dar valiosa ajuda. Não se delegue à escola aquilo que é responsabilidade da família.
Que nenhum estudante volte desanimado e com preguiça às aulas. Que ninguém tenha medo das dificuldades e dos desafios que encontrar pela frente. Humildade, confiança, entusiasmo e esforço o ajudarão a vencer mais essa etapa importante da vida.
Tema: Dia do capoeirista
Quem andar pela Praça Universitária, em Goiânia, verá com freqüência o desempenho dos capoeiristas. Assim ocorre também pelo Brasil afora. Agora, a capoeira foi reconhecida oficialmente, pelo Estatuto da Igualdade Racial, como modalidade esportiva. É uma bela herança dos afro-brasileiros. Portanto, a capoeira, além de ser um esporte - para o qual também depende de recursos, espaços e educadores - também é uma importante expressão de nossos antepassados, de nossa cultura e da história brasileira. Por isso, no seu dia e em todos os dias, o capoeirista merece nossa homenagem, respeito e reconhecimento.
A capoeira é uma expressão cultural que mistura esporte, dança, conhecimento e brincadeira, desenvolvida por descendentes de escravos africanos trazidos ao Brasil, além de significar, é claro, a resistência dos negros à escravidão.
Com o Estatuto da Igualdade Racial, o Brasil faz justiça à capoeira e aos capoeiristas. Um dia, na história brasileira, a Capoeira foi considerada uma prática criminosa a ser banida. Era o início do período republicano. O então presidente Marechal Deodoro da Fonseca editou o decreto-lei número 487, de 1890, determinando que todo o capoeirista que fosse pego em flagrante seria exilado na ilha de Fernando de Noronha. Essa criminalização da Capoeira durou até 1937, quando Getúlio Vargas a reconheceu como uma prática legítima.
A Capoeira é uma expressão de nossa identidade cultural e de nossa controvertida história brasileira. Teria surgido supostamente no século dezessete, quando ocorreram os primeiros movimentos escravos de luta e resistência. No século dezenove, encontramos os primeiros registros documentais, com descrições detalhadas sobre a prática da capoeira.
O nome Capoeira deu-se em função do seguinte: os escravos, ao fugirem para as matas, a mando dos senhores eram perseguidos pelos capitães de mato. Em fuga, os negros reagiam e atacavam nas clareiras de mato ralo. Esse mato era chamado de capoeira. Com os pés, as mãos e a cabeça, lutavam contra seus perseguidores. Quando os capitães de mato voltavam para a Casa Grande, na fazenda, os senhores de engenho perguntavam: “Cadê os negros?” A resposta era: “Eles lutaram conosco na capoeira”. Assim, surgiu o nome Capoeira.
A Capoeira, no meio das matas, era praticada como luta mortal. Nas fazendas, sua prática parecia uma brincadeira inofensiva, acompanhada sob o olhar vigilante dos senhores. Para disfarçarem a característica de luta e de auto-defesa, os negros utilizavam o gingado, a base de qualquer capoeirista. Esse disfarce foi decisivo para o desenvolvimento da capoeira no período colonial escravocrata.
Hoje, a capoeira possui uma excepcional riqueza de arte, melodia, movimento e evolução dos movimentos. Também tem significado esportivo, coreográfico, terapêutico e educativo.
Alguns dos princípios do capoeirista são profundas lições de vida, inscritas também nas grandes tradições e culturas de outros povos milenares. Vale a pena citar alguns desses princípios:
1º) Conhecer é dominar-se;
2º) Somente se aproxima da perfeição quem procura com constância, sabedoria e humildade;
3º) Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para o bem;
4º) Praticar capoeira é ensinar a inteligência a pensar com velocidade e exatidão, a ao corpo a obedecer com justiça;
5º) A fraqueza é suscetível, a ignorância é rancorosa, o saber e a força dão a compreensão, quem compreende perdoa.
Que a sabedoria dos capoeiristas ajude o Brasil de hoje a vencer a violência e a construir a paz e a fraternidade.
Tema: O que quer o eleitor em Goiás?
Recentemente, o Tribunal Superior eleitoral traçou o perfil dos candidatos e dos eleitores do Brasil. As informações foram apresentadas com os dados globais sobre todo o país e por Estado. Em Goiás, há 4 milhões, 61 mil e 371 eleitores aptos a votar. Mais da metade são mulheres. E a maioria dos eleitores possui apenas o Ensino Fundamental. Engana-se quem pensa que esses eleitores não dão importância à Educação, para si e para seus filhos, apenas porque possuem baixo grau de escolaridade e porque a maioria são mulheres.
O levantamento sobre o perfil do eleitorado em Goiás mostra que 51, 3% dos eleitores são mulheres. Dos mais de 4 milhões aptos a votar, 2 milhões e 84 mil são mulheres; e 1 milhão e 976 mil são homens. Assim também ocorre com o perfil do eleitorado no Brasil. No país, as mulheres só não são maioria ainda em cinco Estados Brasileiros – Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins
Também são interessantes os níveis de escolaridade do eleitorado em Goiás. De cada 3 eleitores do Estado, 1 não terminou Ensino Fundamental. Isso significa que 1 milhão e 37 mil estudou apenas parte do primeiro grau. Outros 627 mil eleitores declararam que apenas sabem ler e escrever.
Ainda chama a atenção a comparação entre o número de analfabetos e o número de eleitores que tem ensino superior completo. Há 4 e meio por cento (4,5%) de eleitores que são analfabetos, o que significa mais de 184 mil pessoas analfabetas. Já o número de eleitores com ensino superior completo é de 122 mil pessoas. Há, em Goiás, portanto, mais eleitores analfabetos que eleitores com curso superior completo. Se tomarmos somente esses dois níveis comparativos de escolaridade, a rigor se pode afirmar que são os eleitores analfabetos os que decidiriam a eleição em Goiás.
Entretanto, o fato da maioria dos eleitores, em Goiás, possuírem baixa escolaridade não significa que, para tais eleitores, a Educação não seja prioridade. Isso, especialmente, porque a maioria dos eleitores é, na verdade, de eleitoras.
Minha experiência com a Educação permitiu-me o contato com milhares de famílias que tem filhos estudando. Especialmente das mães, incontáveis vezes ouvi a afirmação de que a maior herança que podiam deixar aos seus filhos era o estudo. E de que exatamente por não terem conseguido estudar quando jovens, não queriam que a seus filhos também fosse assim.
Ainda a outro aspecto interessante sobre mulheres com baixa escolaridade. Na Universidade, a cada ano cresce o número de adultos, especialmente mulheres, que voltam a estudar. Também na Universidade Aberta à Terceira Idade, a UNATI, a grande maioria são mulheres. Não tiveram oportunidade de completar os estudos quando jovens, por razões de casamento, trabalho e cuidado dos filhos ainda crianças. Retornam aos estudos na terceira idade porque entendem que não há limite de idade para a própria auto-realização.
Para o Programa Bolsa Família, numa decisão acertada, o cartão para receber o recurso financeiro é entregue às mulheres. Com elas, se tem certeza que comprarão comida para seus filhos. Qualquer que seja o nível de sua escolaridade, são as mães as que mais se preocupam com a escola e com o estudo de seus filhos. Para elas, Educação é prioridade.
Agora, as mulheres são maioria. Aos poucos, irão discernir e decidir pelo que é essencial para suas famílias e para a sociedade. Talvez, haja aqui um prenúncio de esperança para o futuro da política em Goiás.
Tema: Novo Estatuto do Torcedor, paz nos estádios?
Há poucos dias, foi sancionado o Novo Estatuto do Torcedor. Trata-se de um aperfeiçoamento dos marcos regulatórios e normativos, aplicável a todos os esportes. Mas, o foco central é o futebol, praticado nos grandes estádios. E a atenção é menos com cambistas ou com a arbitragem, temas esses que também foram regulamentados. A ênfase principal é com o problema da violência nos estádios brasileiros.
A violência não tem nem fronteiras, nem limites. Os estudos do filósofo Michel Foucault revelam que até as nossas relações mais íntimas são entranhadas pelo poder, por mecanismos de controle e por relações de violência. Qual uma praga que avança no terreno da vida, ou como uma sombra que escurece nossos dias, assim é a violência. Ela é capaz de transformar a festa em luto, a alegria em dor, o aplauso em violência, a convivência em separação.
A violência ocupa todos os espaços que lhe estejam ao alcance. Invade altares e sacristias, conventos e orfanatos, escolas e universidades, prisões e tribunais, congressos e palácios. Ninguém está isento ou imune da violência, como autor ou como vítima. Tragicamente, não há espaços de inocência, protegidos da sanha do mal que tudo destrói. Por isso, é claro que a violência, há muito tempo, também chegou aos estádios. E tomou conta de parte das torcidas organizadas, especialmente dos torcedores do futebol.
Como as gerações que nos antecederam há pouco mais de um século poderiam imaginar que aquelas bolas que rolavam no gramado, chutadas de pé em pé, poderiam ser um pretexto para a violência? Diz-se que a primeira bola de futebol foi trazida ao Brasil em 1894, pelo paulista Charles William Miler. Charles era filho de um empregado ferroviário. Foi estudar na Inglaterra. Lá, se tornou um admirador do futebol Quando retornou ao Brasil, trouxe consigo duas bolas.
Em 1895, no dia 14 de abril, na Várzea do Carmo, em São Paulo, ouve o que foi considerado o primeiro jogo de futebol no Brasil. Essa é a história mais conhecida! Mas, também sobre as origens do futebol brasileiro há poucas concordâncias. Há registros de que o futebol já havia sido praticado em datas anteriores. Em 1874, marinheiros estrangeiros disputaram uma partida em praias cariocas. Em 1878, tripulantes do navio Criméia enfrentaram-se em exibição para a Princesa Isabel. Em 1886, por influência dos jesuítas, em Nova Friburgo, no Colégio Anchieta praticava-se regularmente o futebol.
A partir do Governo Vargas, o futebol passou a ser incentivado pelo Estado brasileiro. A construção do Maracanã e a participação na Copa do Mundo, especialmente com a vitória do mundial, em 1958, deu um impulso decisivo ao futebol, no Brasil. Também negros e mestiços – como Didi e Pelé, ou Garrincha e Bellini-, passaram a integrar-se ao futebol.Foi especialmente esse o esporte que reuniu pessoas de todas as etnias, classes sociais, credos e diferentes regiões do país. Outras modalidades também cresceram e caíram no gosto dos brasileiros, como o vôlei, o handeboll, ou a natação. E outras, ainda, que por razões climáticas ou psico-culturais, não tiveram grande abrangência, como a prática de esquiar, ou os jogos de golfe.
Integração brasileira, com cara e sabor do Brasil, é o futebol. Nesse final da Copa do Mundo, estava eu em Madri quando venceu a seleção da Espanha. Fiquei hospedado há pouca distância da praça onde os espanhóis receberam sua seleção vencedora e festejaram sua conquista. A alegria era indescritível. Mas, se não estive enganado na percepção, nada se parecia ao que significa uma vitória de Copa do Mundo para o Brasil. Eram milhares a festejar, mas restringiam-se aos torcedores, não a todo o povo espanhol. Na verdade, nunca dependeram do futebol para afirmar seu projeto de nação. Possuem uma história de colonizadores, não de colonizados. Suas chuteiras chegaram num tempo tardio, com implicações nacionais muito diferentes daquelas do Brasil.
Por significado tão único que o futebol tem para o Brasil, para nós faz todo o sentido que tenhamos uma lei especial, um Estatuto que estabeleça as normas de proteção e defesa do torcedor e que puna a violência nos estádios. É preciso revalorizar o estádio de futebol como um grande espaço democrático da sociedade brasileira. É preciso que idosos, crianças, portadores de deficiências, mulheres, famílias, enfim, é preciso que todos possam freqüentar e se sentir seguros nos estádios.
Com o novo Estatuto do Torcedor, há um avanço nas chances de paz nos estádios. Entretanto, talvez, haja uma excessiva expectativa de que as leis transformem as condutas num passe de mágica. Por isso, no Brasil e no mundo têm sido redigidas tantas leis e tantos Estatutos. Mas, para além do Direito e da lei estão a Ética, a Moral e os valores. Enquanto a lei criminaliza a violência, a moral orienta as atitudes. Educar para os valores ainda é a aposta mais decisiva para a paz, nos estádios e na vida social.
Tema: Dia dos Pais
Domingo é o Dia dos Pais. Além da homenagem, a data nos remete a uma reflexão da paternidade, como graça e como responsabilidade.
Ser pai não é apenas um belo acontecimento na vida de um homem. Com a paternidade, o homem se transforma estruturalmente. Seu corpo não carregou um feto em gestação. Mas, sua alma engravidou e seu coração se manteve em espera. Aguardou alguém que também veio de si. Por isso, carrega consigo outro ser, com identificação genética e espiritual. E amorosamente proclama: meu filho, minha filha!
Dentre os momentos da vida que guardo mais vivos na memória, estão aqueles do nascimento de minha filha e de meu filho. Como era uma experiência única e inusitada, tinha dificuldade de expressar o conjunto de sentimentos que borbulhavam em mim. A alegria misturava-se ao medo. Me empenhava nas providências com a casa, as compras, as consultas médicas, e com tudo mais que devia prover à família que então aumentava. Sabia das novas despesas, dos possíveis percalços, da responsabilidade que nunca mais poderia abdicar. Era preciso redobrar a coragem para enfrentar as dificuldades. Não podia esmorecer. Em questão estava a chegada dos filhos que havia colocado no mundo.
Dos filhos, lembro do primeiro choro, do primeiro banho, das roupas de enxoval, do berço que mandei fazer, das mamadeiras e chupetas, das suas primeiras dores, das gramas que engordavam a cada mês, das desculpas que inventava para que fossem tomar as vacinas, das suas doenças que me fizeram chorar, de suas lancheiras, da compra do material escolar, das primeiras letras que escreveram, dos presentes que dei e que deles recebi, das declarações de amor feitas no dia dos pais, dos passeios e viagens, dos aniversários, da primeira eucaristia e da crisma, das noites em que dormiam na casa de famílias amigas, da chegada do namorado e da namorada! Quanta lembrança os pais carregam consigo em silêncio. Não há como dizê-las. São parte de sua intimidade, recolhidas nos caminhos de sua paternidade.
Ninguém nasce sabendo ser pai. Aprende-se. Observa-se como foram os próprios pais para imitar naquilo que acertaram. Quem pode, lê alguma coisa ou escuta com especial atenção o que outros pais contam de suas experiências. No mais, tudo é aprendizagem cheia de aventuras, feita entre temores e esperanças, lágrimas e alegrias. Por isso, pais merecem respeito. Há quem recite a eles formas de comportamento e receitas sobre o modo de ser. E os responsabilize por tudo, especialmente por aquilo que dá errado. Somos pais de carne e osso, com algumas tentativas de heroísmo. Também nós somos o resultado da história e da cultura que nos formou.
Em sociedades de remota idade, a economia baseada na caça e, depois, na agricultura, estruturou o regime do patriarcado. Desde então, se estabeleceram relações assimétricas entre homem e mulher, entre pai e mãe. Culturas e religiões educaram a todos para exercerem seus respectivos papéis sociais. Essa herança ainda persiste, ora explícitamente assumida e defendida, ora reelaborada e em vias de mudança. Portanto, não há modelos únicos de paternidade. Refazemo-nos no tempo, redefinimos tarefas e atitudes, repensamos nosso ser e agir.
A paternidade não é apenas história; também é arquétipo que mora no inconsciente coletivo, no subterrâneo de nossas mentes, na memória guardada em nossas entranhas. Por isso, a paternidade remete ao vigor, à segurança e à força. Foi desse arquétipo que nasceu, no imaginário dos povos, a evocação de Deus como Pai. E, para o cristianismo, como herança de Jesus, a graça de chamar a Deus de “Abbá”, paizinho.
Hoje, lembramos de todos os pais. Dos vivos e dos falecidos. Dos pais casados e dos pais solteiros ou separados. Dos pais sem terra e sem teto, dos pais desempregados e analfabetos, dos pais idosos e abandonados, dos pais alcoólatras e indiferentes. Dos pais que perderam seus filhos, dos pais doentes, dos pais distantes. E também dos pais responsáveis, dos pais felizes, dos pais que recebem presentes. Sim, todos os pais merecem nossa lembrança e nossa prece. Que o Pai Eterno abençoe a todos os pais.
Tema: Dia dos Avós
Nesta segunda feira celebramos o Dia dos Avós. Avô e avó são palavras que existem em todos os idiomas. Trazem consigo o afeto, a ascendência das gerações e a origem próxima da família. Avós marcam para sempre a vida de seus netos.
O dia 26 de julho foi escolhido para comemorar o Dia dos Avós porque, no calendário litúrgico dos santos, é dia de Santa Ana e de São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus.
Com razão, se fala que “avô é pai duas vezes”. O anúncio da chegada do primeiro neto provoca no inconsciente dos avós uma nova pulsão de vida, de procriação e de continuidade da espécie. Também ficam grávidos e participam emocionalmente da gestação. Em freqüentes ocasiões, se ainda em idade fértil, a avó engravida outra vez e acabam nascendo, em datas próximas, os que serão tio e sobrinho.
Dos avós herda-se muito. A transmissão da herança genética torna os netos incrivelmente semelhante aos avós. Mas, a principal marca dos avós não é externa. Fica guardada na alma. São os gestos de ternura e amor infinitos para com os netos.
Chegados a maturidade da vida, após terem enfrentado o árduo caminho de criarem os próprios filhos, os avós compreendem as relações e vivem o tempo de um modo diverso e especial. Por isso, fazem-se crianças para brincar e passear com os netos. Tornam-se exímios contadores de histórias e estórias. Fazem o bolo mais saboroso do mundo. Transgridem proibições e oferecem batatas fritas e picolés. Relativizam as velhas panelas para as transformarem em ruidosos tambores. E já não se importam quando as portas dos armários se despregam, nas clássicas brincadeiras de se esconder.
Também guardo na memória a ternura e o cuidado de meus avós. Os paternos, não os conheci. Mas, meu pai colocou o nome de meu avô em mim. Os maternos, fui quase por eles criado. Meus pais, ao se casarem não tinham casa própria. O jeito foi morar na casa de meus avós. Aí tiveram cinco filhos. Só então saíram. Na hora da mudança, minha avó escondeu minhas roupas. E fez a chantagem de que iria morrer se me levassem embora, noutra casa que ficava a três quadras adiante. Acabei ficando, até o dia em que parti para tocar minha vida.
Meu avô nos levava para as festas religiosas nas capelas rurais. Tínhamos direito ao almoço com suculento churrasco e os refrigerantes, que eram uma grande novidade naquele tempo e lugar onde morávamos.
Da avó, as lembranças são da mais doce ternura. Imigrante alemã e luterana até antes de se casar com o avô católico, foi ela quem me preparou na primeira catequese. Dela também aprendi o italiano em dialeto vêneto, com apenas cinco anos de idade. Em baixo de suas saias me escondia para fugir das surras. Em seu colo, na cadeira de balanço, transportava-me para o infinito de seus olhos azuis.
De meus avós, só tenho uma reclamação: terem partido tão cedo! Como símbolo sacramental de suas vidas, carrego comigo o relógio do avó e o terço de contas coloridas da avó.
Hoje, a estrutura familiar brasileira passou por profundas mudanças. A ampliação do tempo na educação escolarizada tem levado ao emprego tardio e a pais com mais idade, com exceção das situações de gravidez precoce. O ritmo frenético da vida urbana empobreceu a qualidade das relações familiares. Também tornou-se freqüente muitos filhos serem criados apenas pelo pai, ou pela mãe.
Sob tal contexto familiar, nunca foi tão decisiva a presença dos avós. Apóiam afetiva e financeiramente. Acompanham na escola, no passeio, na formação de valores. São importantíssimos para o equilíbrio afetivo das crianças. Também passam segurança e transmitem experiência aos pais de primeira viagem.
Hoje, quem tem os avós ao seu alcance, não perca o tempo e a ocasião. Leve a eles um ardente beijo, que nasce da alma de quem ama.
Tema: Paz na família
Não há condição mais feliz que a de viver em paz na família. O clima de harmonia, diálogo e entendimento em família possibilita uma vida mais saudável, com filhos equilibrados e com o sentimento de mútua confiança. Frente à violência doméstica, aos espancamentos, gritarias, desencontros e brigas, é preciso, com urgência, construir a paz na família.
A família não pode tudo. Mas ajuda muito para formar pessoas saudáveis e felizes. Famílias que se esforçam para compreender, dialogar e conviver em paz conseguem grandes conquistas. Geram personalidades saudáveis e capazes de enfrentar a vida com altruísmo e amor.
Com razão, a Constituição Brasileira afirma que a educação é obrigação da família e do Estado. Com freqüência, reduzimos a ação educativa à escola. Mas, boa parte da educação vem de berço. Por isso, se quisermos uma nova sociedade, mais justa e fraterna, não podemos menosprezar a família.
Certamente, a família de hoje passou por grandes mudanças. É bem diferente das famílias em que viveram nossos avós. E organizou-se de um modo diferente, nem sempre ao estilo da grande família, ou do modelo da família nuclear. Qualquer que seja a condição familiar (com pais separados, sob o acompanhamento dos avós, com filhos adotivos, com os problemas cotidianos a serem enfrentados), é preciso, sempre, construir a paz na família em que se vive.
A Pastoral da Criança elaborou 10 mandamentos para a Paz na Família. E, aqui, os compartilho com você:
1º) Tenha fé e viva a Palavra de Deus, amando o próximo como a si mesmo;
2º Ame-se, confie em si mesmo, em sua família e ajude a criar um ambiente de amor e paz ao seu redor;
3º Reserve momentos para brincar e se divertir com sua família, pois, a criança aprende brincando e a diversão aproxima as pessoas;
4º Eduque seu filho através da conversa, do carinho e do apoio e tome cuidado: quem bate para ensinar está ensinando a bater;
5º Participe com sua família da vida da comunidade, evitando as más companhias e diversões que incentivam a violência;
6º Procure resolver os problemas com calma e aprenda com as situações difíceis, buscando em tudo o seu lado positivo;
7º) Partilhe seus sentimentos com sinceridade, dizendo o que você pensa e ouvindo o que os outros têm para dizer;
8º Respeite as pessoas que pensam diferente de você, pois as diferenças são uma verdadeira riqueza para cada um e para o grupo;
9º Dê bons exemplos, pois a melhor palavra é o nosso jeito de ser;
10º Peça desculpas quando ofender alguém e perdoe de coração quando se sentir ofendido, pois o perdão é o maior gesto de amor que podemos demonstrar.
Essas são algumas humildes sugestões. Mas, podem muito bem ajudar.
Para a sua família, nosso ardente desejo de paz. E de muito amor.
Tema: Estatuto da Igualdade Racial
Aos poucos vai se tornando realidade o sonho de construir uma “sociedade de direitos sociais” no Brasil, prenunciado pela Constituição Brasileira, promulgada há 22 anos. Nas últimas duas décadas foram aprovados pelo Congresso Nacional três importantes estatutos: o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e, agora, o Estatuto da Igualdade Racial.
Há poucos dias, o Presidente da República sancionou o Estatuto da Igualdade Racial. O projeto primeiro foi aprovado pelo Congresso, após sete anos de discussão e tramitação. Esse Estatuto prevê garantias e criação de políticas públicas de valorização aos negros. Define ainda uma nova ordem de direitos para os brasileiros negros, que somam cerca de 90 milhões de pessoas. O documento possui 65 artigos e objetiva corrigir desigualdades históricas no que se refere às oportunidades e aos direitos dos afro-descendentes.
O Estatuto de Igualdade Racial prescreve direitos e obrigações do Estado nas áreas de Educação, trabalho, esporte, religião, internet quilombos e poder público. Na Educação Básica agora é obrigatório também o ensino de História da África e sobre a população negra no Brasil. Nada mais justo. Ainda há muita ênfase à História da Europa e de seus povos. E, na História do Brasil, embora índios e negros fossem a maioria, o grande destaque era aos portugueses e, nos demais países da América Latina, aos espanhóis. Seguramente, isso irá obrigar a ampliar a pesquisa e a rever os enfoques teóricos para que a história dos africanos e afro-brasileiros ganhe seu espaço de direito.
Na área do trabalho, o Estatuto de Igualdade Racial obriga ao incentivo de atividades produtivas rurais para a população negra; e, ainda, proíbe as empresas de exigir “aspectos próprios de etnia” como condição para empregar. Ou, em outras palavras, é proibido discriminar e não fornecer o emprego porque o candidato é negro.
O Estatuto reconhece a capoeira como esporte e o governo deverá destinar recursos para essa modalidade esportiva
Na prática da fé, o Estatuto reitera o livre exercício de cultos religiosos de origem africana e libera a assistência religiosa aos seguidores de cultos afro-brasileiros em hospitais.
Para a internet, além de multa a quem praticar crime de racismo, a nova lei prevê a interdição do site.
Quanto aos Quilombos, o Estatuto obriga à proteção do Estado às comunidades quilombolas e a preservação de seus costumes, além de linhas especiais de financiamento público para suas atividades produtivas.
A nova lei ainda prevê a criação de Ouvidorias Permanentes em Defesa e implementação das medidas de igualdade racial; e estabelece que o Estado tome medidas para coibir a violência policial contra quem é negro.
Algumas das propostas do projeto não foram aprovadas pelo Congresso. Não foi aprovada a política de cotas para negros nas empresas e nas Universidades. Com certa razão, os parlamentares afirmam que o acesso à Universidade e aos programas de pós-graduação, por determinação constitucional, deve ocorrer de acordo com o princípio do mérito, segundo a capacidade e o desempenho intelectual de cada um, e não por causa de sua cor.
Também foi suprimida a expressão “fortalecer a identidade negra”. Embora tenha importante densidade sociológica e cultural, quando transformada em lei essa expressão pode contrapor no país identidades paralelas ( de negros versus brancos ), além de não fortalecer a consolidação da identidade brasileira a que todos pertencemos.
Não foi aprovado que os negros terão “políticas de saúde específicas”, pois, os negros não possuem doenças exclusivas. E, ainda, foi trocada, no texto da lei, a expressão raça por etnia. Só no título - Estatuto de Igualdade Racial -, ficou a palavra raça.
Ainda há muito para se fazer a fim conquistarmos a igualdade de direitos entre as etnias. Mas, sem dúvida, com esse Estatuto, o Brasil deu mais um grande passo como nação. E me sinto honrado em dirigir uma Universidade Católica que há três décadas possui um Centro de Estudos Afro-brasileiros, que erigiu um importante monumento de homenagem aos negros, que tem milhares de alunos, professores e funcionários negros e que, agora, apóia a campanha para que, no censo, quem é negro declare a sua cor. Parabéns, Brasil!
Tema: Senado, um paraíso na terra?
Dizia-se que um modo de entrar no paraíso sem morrer era ser eleito senador. As mordomias do Senado provocam indignação e repúdio do povo brasileiro.
Um dos concursos públicos mais concorridos no Brasil é para trabalhar no Senado. Os aprovados ganham planos de saúde, estrutura funcional, acesso gratuito à pós-graduação, estabilidade no emprego e plano de carreira que pode mais do dobrar suas remunerações finais.
O Senado foi criado em 1824, por definição da primeira Constituição do Império. Depois de 186 anos de sua fundação, o Senado pela primeira vez apresenta oficialmente detalhes inéditos sobre o que os senadores podem usufruir. Uma dessas benesses é a frota de 167 automóveis, dos quais 87 veículos oficiais são para atender os 81 senadores e 43 veículos são reservados para transportar servidores, documentos e material.
Para seus automóveis, cada senador tem direito a 25 litros de combustível por dia, não cumulativos, desde que estejam em Brasília. Como o gasto é definido para a locomoção de segunda a sexta-feira, são postos à disposição de cada parlamentar 125 litros por semana. Caso os deslocamentos sejam feitos nos Estados, para exercício de atividade parlamentar, os gastos podem ser restituídos aos senadores por meio de verba indenizatória, que pode chegar a 15 mil reais mensais.
Em meses recentes, foi descoberta a que apelidou de “farra das passagens aéreas” pela Câmara e pelo Senado. Depois de grande repercussão pública, a Câmara anunciou a redução de 20% na cota das passagens aéreas e o Senado reduziu em 25% os valores da verba de transporte aéreo. Segundo ato da Comissão Diretora, cada senador faz jus à verba mensal corresponde a cinco trechos aéreos de ida e volta à Brasília. Os valores, devido às distâncias, podem variar de 6 a 23 mil reais por mês, para cada senador.
Cada senador também recebe um subsídio mensal de mais de 16 mil reais. E aquele senador que não quiser apartamento funcional, tem direito ao auxílio-moradia no valor de 3mil e 800 reais por mês. Além dos 13 salários do ano, os senadores ainda recebem uma “ajuda de custo” no valor de 16mil e 512 reais por ano, para compensar o décimo quarto salário.
Para dar conta dos gastos funcionais, o orçamento anual do Senado tem se aproximado de 3 bilhões. Para se ter uma comparação, Recife e seus mais de dois milhões de habitantes dispuseram no orçamento do ano passado de um orçamento de 2 bilhões e 300 milhões.
Certamente, de agora prá frente, com a lei de transparência dos gastos públicos, teremos sempre mais informações sobre quanto custa a burocracia e o regime representativo do Estado brasileiro. Desde já, é possível constatar com os números aquilo que todo mundo já sabe: o declínio da credibilidade nos políticos se deve, em grande parte, porque olharam mais para seus próprios interesses e o de seus grupos afins.
Vantagens como as que os senadores e deputados federais aprovaram para si não existem em nenhuma outra instituição do Brasil. Por isso, cada vez mais, aprofunda-se a crise do regime democrático representativo. E, por conseqüência, as campanhas eleitorais perdem a empolgação, o voto é praticado com desinteresse e o povo já não acredita mais nos políticos.
Frente a essa realidade, que ninguém responda com a descrença e a indiferença. Isso só favoreceria a muitos “deles”, que querem que tudo continue como está. Exigir mandatos austeros, praticados com sobriedade de recursos, é o mínimo que se pode fazer para mudar a política no Brasil.
Tema: O sentido da peregrinação
Há poucos dias, realizei uma das peregrinações mais conhecidas no mundo. Percorri, a pé, durante cinco dias, uma extensão de 130 quilometros, pelo caminho português rumo a Santiago de Compostella. Em meu retorno, hoje, gostaria de compartilhar com você um pouco dessa experiência.
Num dia qualquer, numa das peregrinações à Trindade, ocorreu-me de fazer a peregrinação pelo caminho de Santiago de Compostella, na Espanha. Era apenas uma idéia, como tantas que passam pelas nossas cabeças. Aos poucos, tornou-se um sonho. E, logo, uma esperança.
Esperanças nem sempre são realizações. Moram na alma. Latejam em forma de desejo e arremessam para o desconhecido. Marcam datas impossíveis. Aguardam por aquilo que não chega. Fazem acreditar no que não se vê.
A peregrinação à Santiago de Compostella poderia nunca acontecer. Mas, na vida, às vezes, quando menos se espera, contrariando previsões, as coisas acontecem. Desígnio ou destino? Convergência de oportunidades ou coincidência não intencional? Quantas perguntas temos sem nos responder!
Compostella é uma cidade da Espanha. A ela se acrescentou o nome de Santiago. Tiago foi um pescador que vivia à margem do lago de Tiberíades. Era irmão de João, o evangelista. Um dia, após ser convidado por Jesus, atendeu ao chamado e tornou-se um dos 12 apóstolos.
Depois do evento da morte e ressurreição de Jesus, Tiago cumpriu o mandato missionário e partiu mundo afora. Foi pregar na Galícia, no extremo oeste da Espanha, quando então era uma província romana. Retornando a Jerusalém, foi preso e decapitado. Dois de seus discípulos, Teodoro e Anastácio, recolheram o cadáver e o levaram de volta à Galícia de navio, sepultando-o secretamente em um bosque.
Aquele local do sepultamento ficou esquecido até que, oito séculos depois, um eremita observou chuvas de estrelas sobre um ponto no bosque. Logo o bispo Teodomiro ordenou que fossem feitas escavações naquele local, onde foram encontrados os ossos do apóstolo Tiago.
A notícia se espalhou e as pessoas começaram a caminhar até aquele local a fim de conhecer a tumba, originando-se assim o caminho a Santiago de Compostella. No ano de 899 foi construída uma igreja naquele local. Depois, em 1075, foram iniciadas as obras da atual Catedral, cinco vezes maior que a anterior.
Na Idade Média houve intensa peregrinação a Santiago de Compostella. Mas, a partir do século XVI, essas caminhadas perderam em intensidade. No século XX, o caminho foi redescoberto espiritualmente. Hoje, são mais de 30 mil pessoas viajando em peregrinação. Os três caminhos mais importantes a Santiago de Compostella são: o caminho francês, o caminho inglês e o caminho português. Fiz o caminho português, partindo de Tui, percorrendo 130 quilometros de estrada, atravessando matas, plantações, trechos montanhosos e lugares de muita lama ou poeira.
Caminho não é apenas estrada. Caminho é itinerário. Nele há etapas, mensuradas conforme a possibilidade e os limites de cada um. Cada etapa percorrida, uma meta alcançada. Também, há um destino último, uma meta final.
Em todo o caminho, além de si, é preciso saber o que se leva e o que não se deve levar. Além do sonho, na mochila é preciso o necessário. O que for a mais é precisão supérflua a ser abandonada. A vida é uma grande caminhada nessa terra. E cada um dos caminhos percorrido deve ser uma escola de luz, que ilumina os rumos e fornece sentido aos passos que se dá.na vida.
Tema: Dia Internacional da Amizade
Todo dia é dia de amizade, de valorizar os amigos que se tem, de fazer novas amizades. Mas o dia de hoje, especialmente, foi escolhido internacionalmente como o Dia da Amizade.
O Dia da Amizade foi criado oficialmente em Buenos Aires, na Argentina, em 1979. A data foi sugerida pelo argentino, Nobel da Paz, Enrique Ernesto Febbraro. Ele se inspirou na chegada do homem à lua, ocorrida em 20 de julho de 1969. Considerava que a conquista espacial não era somente uma vitória científica, como também uma oportunidade de amizade com o universo. Seu lema era: “Meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro”.
Esse Dia da Amizade também foi acolhido e oficializado pela Organização das Nações Unidas. Hoje, é celebrado em mais de 200 países. No Brasil, ainda não é uma data marcante nem como motivação pessoal, nem como interesse comercial. Entretanto, quem não valoriza uma boa amizade?
“Quem encontrou um amigo, encontro um tesouro”, diz o livro do Eclesiastes. Quem de nós não foi marcado pela amizade!? São os inesquecíveis amigos da infância, os amigos da escola, os amigos no trabalho. Nas horas mais difíceis da vida, lá esteve o amigo ao lado. Nas horas felizes e alegres, ao lado está o amigo a compartilhar.
Aos filhos, sempre se orienta para terem boas amizades. Elas levam ao caminho do bem. São necessárias para expandir as relações familiares, para compartilhar experiência, para conviver e descobrir juntos o mundo.
Maus amigos, não são amigos. É preciso bem distingui-los. Nunca foram amigos aqueles que se afastaram quando aconteceu a falta do dinheiro, a morte, o luto, a doença e as dificuldades. Não são amigos aqueles que levam ao caminho das drogas, da bebida, da dependência moral, da violência, das rasteiras no trabalho profissional, da falta de compromisso com a vida. Por isso, é preciso enaltecer e valorizar a amizade como um dom a ser cultivado.
Com Ernestina Oliveira de Medeiros, lá das Minas Gerais, gostaria de dizer:
“Pudera eu ter o dom de um poeta ou de um músico para poder colocar em verso e melodia o sentimento de uma amizade!
Amigo ocupa mais espaço do que somente o lado esquerdo do peito. Amigo é aquele com quem choro. É aquele com quem rio. É aquele com quem exploro riachos e cachoeiras dentro de mim.
Amigo é um só. Não importa se tenho um ou cem. Cada um, em cada momento, é especial, é único, é vital. Amigo não se escolhe. Não se pede ninguém em amizade. Ela existe ou não... Sem tempo predeterminado... sem prazo para iniciar. Amizade é sentimento, é afeto, amor, respeito, veracidade, troca, carinho, cumplicidade... é um beijo... um abraço.
Tema: Divórcio rápido?
Agora, quem pretende se divorciar pode fazê-lo instantaneamente. Há poucos dias, o Congresso Nacional aprovou a proposta de emenda constitucional nº 28/09. Essa nova lei acaba com a exigência prévia para que o casal possa pedir o divórcio. Isso é bom ou ruim?
O divórcio foi instituído no Brasil em 1977. Pela antiga redação na Constituição Brasileira, para ter o direito de pedir o divórcio o casal precisava provar que estava separado judicialmente há mais de um ano. Ou, então, que estava separado de fato há mais de dois anos.
Com a aprovação da nova lei, acaba a exigência de separação judicial prévia para a obtenção do divórcio. Em 24 horas, inclusive, uma pessoa pode casar-se novamente. Há apenas uma pequena ressalva no entendimento da nova lei. Quando o casal tem filhos menores, ou filhos maiores incapazes, não vai ser possível se divorciar em cinco minutos.
No Brasil, cerca de 150 mil pessoas por ano serão beneficiadas por essa lei do divórcio rápido. Em Goiás, serão cerca de 5 mil os beneficiados pela agilidade do processo jurídico. Além de ser vantajosa aos casais apressados em se separar, a nova lei sobre o divórcio vai atenuar o trabalho do Poder Judiciário. Como para a concessão do divórcio não cabe a identificação de culpados, não haverá mais necessidade de produção de provas e inquirição de testemunhas. As demandas se limitarão a definir eventual obrigação alimentar entre os cônjuges e a questão do nome, caso algum deles tenha adotado o sobrenome do outro.
É preciso analisar com mais cuidado essa nova lei sobre o divórcio. Aos que compreendem o Direito apenas como aplicação ágil e eficaz da lei, certamente estão a aplaudir pelo fim dos prazos e dos entraves cautelares burocráticos. Entretanto, as relações humanas são complexas e não se revolvem apenas pela eficácia da lei. O divórcio-relâmpago pode facilitar à tomada de decisões emotivas e impensadas. Pessoalmente, já presenciei audiências onde o casal, diante do juiz, após um tempo em que estavam separados para refletir, retomaram a relação e reconstruíram o próprio casamento. Decisões complexas não podem ser tomadas com rapidez.
Desde os códigos mais antigos dos povos, as leis foram formuladas não apenas para regular os comportamentos e aplicar a justiça entre as pessoas. As leis, acima de tudo, tem uma finalidade pedagógica. Formam a consciência e orientam para a reta ação. As leis não apenas agem sobre fatos consumados. Elas também indicam para como agir.
A lei do divórcio-rápido consolida a cultura da rapidez e do provisório. Vivemos um tempo em que tudo precisa ser rápido, descartável e com novidade diária. Mas não pode ser assim com o casamento e o amor.
No casamento, é preciso de maturação, diálogo, convivência com a rotina. Durante décadas, é preciso enfrentar juntos o crescimento dos filhos, as doenças, a harmonização dos temperamentos, o envelhecimento dos corpos. Que ninguém se empolgue com a nova lei sobre o divórcio. Ela estará apenas remediando, de modo apressado, a falta de auto-realização pelo amor.
Tema: Superação da pobreza e da desigualdade social
Em Goiás, 575 mil pessoas saíram da linha da pobreza absoluta, entre 1995 e 2008. No Brasil, foram 12 milhões e 800 mil. Esse resultado foi apresentado pela pesquisa realizada pelo IPEA, o Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada. A redução das taxas de pobreza aponta para uma acertada política econômica e social, o que tornou o Brasil um pouco mais justo.
Goiás foi um dos Estados que mais avançou na redução da desigualdade social, nos últimos 13 anos. A sua frente, apenas os Estados do Paraná e de Santa Catarina. Esse avanço foi graças à combinação de políticas públicas e por ter agregado maior valor à produção local. Nosso Estado passou a industrializar mais seus produtos agropecuários. Isso garantiu mais empregos e, por isso, mais renda à população.
É preciso comemorar os avanços sociais. E, também, de modo acertado, reconhecer que não é o resultado apenas de um governo. Os números mostram que, nos últimos 17 anos, ocorreu no Brasil uma acentuada redução da pobreza. Houve uma forte queda no percentual de pobres e extremamente pobres quando diminuiu a inflação, com o Plano Real. E, a isso, se sucedeu o avanço de políticas sociais que ajudaram a melhorar a vida dos mais pobres.
Uma projeção alvissareira foi feita pelo IPEA. Pela previsão, o Brasil poderá acabar com a pobreza extrema em 2016. E irá reduzir sensivelmente, para 4%, a taxa de pobreza absoluta, nos próximos anos.
Entretanto, ainda há muito por se fazer. Nos vários Estados em que ocorreu maior desenvolvimento econômico, isso não significou que houve na mesma proporção a redução da pobreza e da desigualdade social. Além disso, ainda são milhões os que dependem dos serviços sociais do governo. E o fluxo migratório é intenso no Brasil e em Goiás.
A condição de pobreza e de miséria extrema desintegra a sociedade. Há uma classe privilegiada que estuda, trabalha, mora, prepara o seu futuro, e está segura de si. Há os abastados, que se beneficiam dos mercados financeiros e dos paraísos fiscais, da inclusão precária dos pobres e da redução dos salários e dos benefícios sociais.
Por tudo isso, vencer a exclusão social não é apenas um desafio técnico, restrito às ações dos governos. Também é uma exigência ética, moral, espiritual e política. São necessárias decisões e ações sociais, em âmbito nacional e internacional. Gestos pessoais e sociais de ajuda e de solidariedade deverão ser o grande sinal do futuro, capaz de levar à inclusão solidária e a construir um Brasil mais justo e mais fraterno.
Tema: Telefone celular e comunicação pós-moderna
Goiás já tem mais de um celular por habitante e alcança a marca de mais de 6 milhões de linhas. Conforme a Agência de Telecomunicações, a cada 100 pessoas, 101 tem aparelho, o que faz de Goiás o sétimo Estado, no Brasil, com o maior número de aparelhos por habitante. Com tanto telefone na mão, os goianos de hoje comunicam-se melhor que a geração de seus pais?
Até um passado recente, pouco mais de 20 anos atrás, era muito difícil e caro possuir uma linha telefônica no Brasil. Micro-computadores e internet ainda não existiam. O meio mais freqüente para a comunicação à distância era a carta, escrita a mão e enviada pelo correio. E, para telefonar, ia-se a uma central telefônica. A telefonista discava o número e ao obter a ligação passava para a cabine do usuário.
Situações de emergência sempre colocavam a família em apuros. O telegrama era uma das soluções mais ágeis. Mas, geralmente chegava ao destinatário com um atraso sobre os acontecimentos. Assim se vivia!
Aos nativos digitais, parece soar estranha essa realidade ainda tão recente da comunicação. Foi uma grande revolução quando chegaram os primeiros telefones celulares. Eram enormes, com grandes baterias e uma antena para captar o som. Em pouco tempo, evoluíram para sofisticada tecnologia e com múltiplas funções.
Agora, Goiás já tem mais de um celular por habitante. Certamente há milhares de goianos que sequer conheçam o que é um aparelho celular. E há quem possui mais de um aparelho, aproveitando as promoções das diferentes operadores ou simplesmente trocando os aparelhos por outros mais atuais e que estejam mais na moda. Além disso, crianças e jovens são usuários cativos dos aparelhos celulares.
Pesquisa recente, ocorrida na Itália, demonstrou que os pais sentem mais segurança em soltar os filhos quando esses levam consigo um aparelho celular. Mas, o celular não é garantia de controle. Constatou-se que adolescentes e jovens permanecem até mais tarde da noite quando estão de celular. E que o aparelho celular em nada impede que os filhos sejam protegidos dos riscos que atingem a juventude. Portanto, o celular é uma falsa segurança familiar. Não pode ser sinônimo de proteção e de segurança, que dispensa o olhar vigilante dos pais.
Outro aspecto importante do aparelho celular é que essa nova tecnologia forneceu uma forte sensação de vínculo, de relacionamento e de comunicação. Paradoxalmente, em tempos pós-modernos, nunca se experimentou tanto isolamento e falta de diálogo quanto hoje. O contato virtual não substitui a relação pessoal, nem supre a presença física, a profundidade da mensagem e o interesse pelo outro.
Ainda resta se perguntar sobre o que faremos com tantos aparelhos que em poucos meses ficam fora de moda. Poderá a terra suportar a tanto lixo tecnológico? Saberemos reciclar tanto equipamento descartável que está sendo produzido? Acompanharemos a tantas mudanças, em tão rápida velocidade e no tempo de uma única geração histórica? O jeito é torcer para que a inteligência humana saiba dar respostas sábias a perguntas tão intrigantes.
Tema: Final de semestre escolar
Nessa semana, milhares de estudantes encerram o primeiro semestre de aulas. Metade do ano já foi vencida. Vitória e atenção marcam essa fase. Dificuldades foram superadas. Muito se aprende em meio ano de estudo. Mas aprender significa percorrer um longo caminho, com vigilância e sem baixar a guarda. É preciso estar atento aos passos seguintes.
Para quem é estudante, ou tem filhos, sobrinhos ou netos na escola, sabe que o final de junho não é apenas a conclusão de um semestre de estudos. Cada etapa de estudo percorrida é também uma fase vencida. Mesmo quem enfrentou dificuldades, sabe que muito aprendeu. E se prepara para o segundo momento do ano. De degrau em degrau, vai escalando uma grande subida.
A quem se empenha no estudo, é inevitável que enfrente o cansaço físico e mental. Estudar é trabalhar. Exige esforço, atenção, horários a serem cumpridos, disciplina e empenho diário. Por isso, é comum, nessa época do ano, ver alunos e professores mais cansados.
Um certo nível de stress é oportuno e necessário. Nos tira da letargia, da acomodação, da preguiça e da desmotivação. Nos impulsiona a agir, a aquecer o corpo e a mente, a empreender realizações. Nos lança para fazer, construir, enfrentar novos horizontes.
Mas o excesso do stress, o cansaço fora da medida, leva a perda da memória, à baixa aprendizagem, à dificuldade em concentrar-se, às irritações e brigas sem motivo. O stress mental é o mais perigoso. Tira o apetite ou leva ao excesso da alimentação. Cai a motivação. Baixa a tristeza sem motivo e sem razão. É um perigo, na certa!
Por isso, as férias de meio de ano não são um luxo a quem estuda. São necessárias para repor as energias, para descansar, para conviver, para silenciar interiormente.
Mas, antes que se iniciem as férias, quando a cabeça ainda está quente, é hora de estudantes, professores e famílias respirarem mais fundo. Acalmarem-se. Exercitarem a mútua compreensão. Fazerem um balanço do ensino-aprendizagem. Olharem de frente para as notas obtidas. Redefinirem seus propósitos para o próximo semestre. O tempo dos estudos é decisivo para o resto da vida. Lança a base para aquilo que se vai construir. Por isso, que nossas crianças e jovens sejam ensinados a olhar para frente. E encorajados também nas dificuldades e sacrifícios. Afinal, a felicidade é uma conquista, com a vitória e o empenho em cada uma das fases da vida. Um dia, chega a hora da colheita!
Tema: Aquecimento da terra
A mudança no clima sempre esteve ao olhar atento da humanidade. Mas, as mudanças atuais são bem mais preocupantes. Elas são a conseqüência da devastação da natureza. E isso não é apenas uma opinião. É o resultado de um estudo mundial, publicado pela Organização das Nações Unidas, escrito por 600 cientistas de 40 países.
O documento da ONU sobre o meio ambiente apresenta uma questão crucial para a vida no planeta. Trata-se do aquecimento global, ou do aumento da média da temperatura na terra. A permanecer a situação de agora, de total desrespeito à natureza, as temperaturas médias deverão subir entre 1,8 e 4 graus. Isso sobre os níveis atuais dos termômetros, que já estão alterados em escala nunca sentida antes. O que mais preocupa os cientistas e a humanidade são as conseqüências desse aquecimento da terra.
Se não acontecerem profundas mudanças nos projetos de desenvolvimento e de progresso, até o final desse século os ares da terra receberão mais de um quatrilhão de quilos de dióxido de carbono, mais conhecido como CO2. Isso significa mais de 38 bilhões de poluentes por ano sujando o ar, ou um bilhão e quinhentos milhões por hora.
Com o aquecimento, as geleiras dos pólos da terra derretem em quantidade maior. E isso aumenta a quantidade e o nível da água no mar. Portanto, cidades que ficam próximas ao litoral podem, no futuro, ser cobertas pelas águas. E a agricultura mundial terá uma nova geografia. Para se ter uma idéia, os grandes cafezais paulistas e mineiros poderão desaparecer do mapa da agricultura, assim como a soja gaúcha.
Essa projeção científica não é para daqui a milhões de anos. Será vivida por nós, e, principalmente, por nossos filhos e netos. Já temos catástrofes que precisam ser reconhecidas. São os furacões, os tornados, os maremotos, os terremotos e as “tsunamis”, cada vez mais violentos, que atingem ricos e pobres.
Essa análise certamente não é um bom cardápio, nem uma cantiga para o sono. Mas, não tem o objetivo de lançar medo. Quer, acima de tudo, ser um alerta planetário. Enquanto não se chega a um consenso mundial sobre o que fazer com o futuro da vida no planeta, é preciso também pensar o que fazer no Brasil e em Goiás.
Em tempos de eleição que se aproximam, é decisivo um olhar atento sobre a questão ambiental. Precisamos de um plano de desenvolvimento sustentável. Um plano não significa um mero apanhado de medidas, quase sempre desconexas, que geralmente atendem apenas às expectativas econômicas e imediatas. Os ares, as águas, a vida dependem de nossa ação e da consciência de nosso voto.
Tema: O cuidado com o peso do corpo
O cuidado com o peso não é apenas uma questão de beleza do corpo. Acima da estética está a atenção para com a própria saúde, de si e da família. Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde revelou que um em cada dez goianos pode ser considerado obeso. E quase 46% dos goianos estão acima do peso ideal. Mas, a quantia de homens que estão gordinhos é bem maior que a das mulheres. Que mudança de hábitos está levando a engordar? Ao cuidar do próprio peso, que riscos deverão ser evitados?
A pesquisa sobre o peso dos brasileiros foi aplicada pelo Ministério da Saúde, em todo o Brasil. Foram entrevistadas 54 mil pessoas, com mais de 18 anos. O resultado, no país, é bastante preocupante. Na média nacional, a cada dois brasileiros, um está com o corpo acima do peso, ou, no dizer científico, está com elevado índice de massa corporal. Esse cálculo é feito da seguinte maneira: multiplica-se a altura pela altura; depois, o resultado da multiplicação é dividido pelo peso. Se o resultado do cálculo ficar entre 18,5 e 24,99, o peso pode ser considerado adequado. Acima de 30, a pessoa já está na faixa da obesidade.
A obesidade está relacionada a fatores genéticos. Mas, há outros fatores importantes. Aos poucos, trocamos os alimentos saudáveis por produtos industrializados ou refeições pré-prontas. Além disso, nos acomodamos à vida sedentária, sem exercício físico. E, certamente, para alguns casos, há aspectos psicológicos que interferem: o alimento como compensação de carências e problemas, a ansiedade e o nervosismo, a vida agitada e as pressões sociais. Há também um aspecto ideológico de forte influência. Há pessoas que tendem a consumir não os alimentos saudáveis, mas aqueles que possuem uma marca mundial e ostensiva propaganda.
Além dos problemas de saúde, o obeso enfrenta o problema do preconceito. Rejeição, piadas, gracinhas provocam a baixa auto-estima e a dificuldade no trabalho, no namoro, na amizade e na convivência social. Há situações ainda mais graves. Trata-se da obesidade mórbida. Nesse caso, é preciso de séria intervenção médica e tratamento psicológico, pois, chega-se a morte.
Há, entretanto, uma consideração paradoxal para o problema do peso acima do ideal. Produzimos padrões de beleza que não correspondem ao corpo saudável. Há uma forte crítica internacional aos modelos super-magros, transformados em cabides de exposição das roupas da moda. Eles não são a principal referência a que devemos nos inspirar. Mas, certamente estão influenciando muita gente. E isso pode também trazer sérias conseqüências para o crescimento saudável, especialmente às crianças, aos adolescentes e aos jovens. Em alguns casos mais graves, tem provocado problemas como a bulimia e a aneroxia. Pela importância do assunto, amanhã tratarei sobre esse tema.
Por hoje, fica o alerta para que pais e responsáveis tratem da alimentação de si e da família também com atenção educativa e de saúde. A educação alimentar, o exercício físico, a harmonia interior e a espiritualidade certamente são o caminho para uma vida saudável.
Tema: Obsessão pelo corpo: anorexia e bulimia
Nossos corpos são dom e graça. No corpo mora a vida, a possibilidade de ser-no-mundo, a face histórica e material do espírito. Por isso, todo corpo traz consigo a beleza, as habilidades, os traços culturais e a imagem que cada um faz de si. Entretanto, tem gente por aí que está de mal com o espelho. Tem uma imagem distorcida sobre si. E enfrenta doenças até pouco conhecidas, como a anorexia e a bulimia.
Em “Receita de Mulher”, referindo-se à beleza feminina, Vinícius de Moraes inicia o poema dizendo: “As muito feias que me perdoem/ Mas a beleza é fundamental”.
Para além da beleza da mulher, a beleza é sempre fundamental nessa nossa existência, alicerçada sobre emoções poderosas e arrebatadoras. Todos, diariamente, fazemos a experiência estética. Gostamos de deixar a casa bonita. Fazemos escolhas de beleza para vestir, cuidar do cabelo ou calçar. Mantemos hábitos de higiene também associada à beleza. Gostamos de apresentar um trabalho escolar bonito. Sim, a beleza é fundamental. Mas, o que é mesmo a beleza?
Cada grupo humano apresenta modos diferentes de ver e de sentir a beleza. Para a arte, existe um critério universal. A produção artística autêntica é aquela que toca o sentimento de todos. Mas, quando nos referimos à beleza de uma pessoa, o assunto é bem mais complexo.
Quando se trata de gente, não vale só a aparência física. Também conta a inteligência, as habilidades, a capacidade de conviver, a delicadeza, o amor, a personalidade e o caráter. Portanto, são muitos os aspectos que tornam alguém belo ou feio.
A obsessão pela aparência do corpo está levando muita gente a descuidar da beleza interior, a distorcer a imagem de si e, o mais grave, a adoecer e morrer. Duas perigosas doenças estão atingindo principalmente as crianças, os adolescentes e os jovens. São a anorexia e a bulimia.
A anorexia é uma disfunção alimentar. Caracteriza-se pela recusa a alimentação e pelo stress físico. É quando a pessoa não quer comer de jeito nenhum porque se acha gorda. Seu peso cai assustadoramente. Vira “o coro e o osso” e, ainda assim, se acha gorda. Produz em sua mente uma imagem distorcida de si. Essa doença afeta principalmente as adolescentes. De 10 a 15 por cento dos atingidos pela anorexia chega à morte. É um dos mais altos índices de mortalidade entre as doenças de transtorno psicológico.
É importante ficar atento aos sintomas da anorexia. Quando você perceber que sua filha está com baixíssimo peso corporal, e ainda assim não quer se alimentar,e quando eventualmente ocorrerem tendências ao suicídio ou desgosto permanente com a vida, é preciso encaminhar-se para urgente tratamento médico e psicológico.
Que causas levam um adolescente à anorexia? Tem-se verificado em tais pessoas uma distorção mental ou psicológica de auto-imagem, às vezes provocada pela dificuldade de fazer amizade, de lidar com a própria sexualidade e com o corpo que deixa de ser criança, de ter sofrido abuso sexual ou violência física e moral.
No reverso da anorexia está a bulimia. E uma doença mais difícil de ser percebida porque, às vezes, quem é atingido apresenta um corpo belo e esbelto. A bulimia é um distúrbio psicológico. Provoca uma fome compulsiva. A pessoa consome grandes quantidades de alimento em curto período de tempo. Em seguida, para não engordar, provoca o vômito, toma laxantes e diuréticos, faz exagerados exercícios físicos ou dietas rigorosas. Essa doença tem atingido alguns dos que desejam ser ou já são modelos. A predisposição genética, a pressão social e a valorização do corpo magro como ideal de beleza podem levar à bulimia.
Cuidar da saúde e do peso significa também não ter obsessão pela aparência do corpo. Beleza só é autêntica quando se traduz em felicidade e em gosto de viver.
Tema: Trabalho Escravo
Desde o mês de maio, foi iniciada, em Goiás, uma operação conjunta para combater o trabalho escravo. Sim, a escravidão, no sentido preciso da palavra, ainda existe. Recentemente, numa fazenda localizada no município de Joviânia, foram resgatados 99 trabalhadores rurais, vivendo em péssimas condições. Tinham sido trazidos do Piauí e do Maranhão, de forma clandestina. Hospedavam-se em barracos, dormiam no chão, passavam fome e frio. Vivendo em era pós-industrial, ainda convivemos com o trabalho infantil e com a mão de obra escrava.
Não são raros os flagrantes de trabalho escravo nos Estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Tocantins e Goiás. Há décadas a Comissão Pastoral da Terra apresenta, todo ano, imensas listagens sobre vítimas de trabalho escravo no Brasil. A escravidão tem ocorrido nas lavouras de algodão, de cana de açúcar, de frutas cítricas, nas carvoarias e nos desmatamentos.
Segundo uma Instrução Normativa, do Ministério do Trabalho, emitida em 1994, trabalhadores só podem ser levados para trabalhar após emissão da Certidão Declaratória de Transporte de Trabalhadores, onde se declara as cidades de origem, as condições de trabalho, o valor da remuneração, o fornecimento de alojamento, as refeições e o retorno à localidade de origem. Quanto isso não é praticado, é trabalho escravo.
Sob o regime de trabalho escravo, os trabalhadores são privados da liberdade de deixar a fazenda, com alegação de que primeiro precisam pagar a dívida que fizeram com alimentação. São iludidos primeiro pelas promessas enganosas dos “gatos”, os agenciadores que prometem pagamento de hospedagem, alimentação, transporte, salário e ferramentas de trabalho. Quando chegam na fazenda, submetem-se à violência física ou psicológica, feita por seguranças, capangas ou fiscais, geralmente armados. Obrigado o trabalhador a ficar na fazenda, não devolvem os documentos pessoais, e não assinam contrato ou carteira de trabalho. Caracteriza-se, assim, o trabalho escravo: trabalhador fraudado, dívida ou retenção de salário e documentos, ameaças, violência e cerceamento da liberdade.
O trabalho escravo e o trabalho infantil são paradoxos da era pós-industrial. A automação das fábricas, a informatização das empresas, os poderosos multimeios de comunicação, o desenvolvimento sustentável, a participação na gestão e nos lucros, os modernos e flexíveis contratos coletivos de trabalho, tudo isso aponta para o nascimento de uma nova era, com nova organização do trabalho.
Mas a realidade teima em mostrar que isso não é para todos. Além de surgirem novas, requintadas e sutis formas de escravidão, ainda persistem focos dos antigos regimes escravocratas. No passado, escravos edificaram as mais belas pirâmides do mundo, construíram nações, garimparam e cataram milhares de toneladas de quilos de ouro, movimentaram poderosas economias mundiais. No presente, continuam produzindo, com suor e lágrimas, a riqueza retida pelas mãos de uma minoria. E revelam a miséria de uma civilização construída na violência e na exploração do trabalho.
Tema: Lições de vida que o esporte nos dá
Ontem foi mais um dia de torcer para a seleção brasileira na Copa. Todos os povos, em todas as épocas e culturas, tiveram suas modalidades esportivas e torceram por seus atletas. Em tempos de Copa do Mundo, quando cada povo torce pela sua seleção, esse grande fenômeno mundial evoca profundas interrogações. Que lições de vida o esporte nos dá?
Todo esporte requer preparação e conhecimento. Ninguém vai a uma competição sem longo tempo de aprendizagem. Não se faz um atleta do improviso. Há em cada um os talentos especiais. São dons físicos e espirituais, ou a convergência de características genéticas que favorecem o desempenho e transformam-se em habilidade.
Aprender não é uma tarefa fácil! É preciso querer, desejar, empolgar-se por um ideal. Sem disposição interior e metas na vida, ninguém vai a lugar nenhum. Nem suportaria tantas horas de preparação e de exercício.
Tornar-se atleta supõe ter disciplina, esforço e constância. É preciso superar o cansaço, o desânimo e as derrotas. É preciso, também, não se iludir com as vitórias, os aplausos e o reconhecimento das multidões. Só vai longe quem está concentrado em seu caminho. Quem se dispersa ou se descuida, pode por tudo a perder. Uma semana sem treino, um descuido na alimentação, o desperdício de noites de sono, a bebida em excesso, a alimentação incorreta, tudo isso corrói a força física e a disposição interior.
Atletismo também supõe condições externas que ajudam o atleta a crescer. Treinos corretos precisam de orientação do treinador, do conhecimento e da análise para a realização dos exercícios, da avaliação permanente sobre o desempenho.
Esporte requer capacidade de convivência, de respeito ao outro, de conhecer o próprio time e os demais times. É preciso atuar em equipe, não subestimar o outro, compartilhar jogadas, passar a bola. Quem não compartilha, faz o time perder.
A realização esportiva também exige condições financeiras e gestão administrativa do clube. É preciso de campos, quadras, equipamentos, material esportivo, uniformes, calçados apropriados, assistência à saúde e, sobretudo, previsão e provisão dos recursos.
Qualquer semelhança da atividade esportiva com a vida, não é mera coincidência. Também a vida, em suas diversas manifestações, supõe preparo, conhecimento, talento, desenvolvimento de habilidades, empolgação, entusiasmo,disciplina, concentração, esforço, perseverança, cuidado, orientação, avaliação, convivência. E, também, de um mínimo de condições materiais para viver.
Além de torcer pela seleção brasileira, vale a pena se perguntar: Que lições de vida posso tirar da Copa do Mundo?
Tema: Transparência nos gastos públicos
Agora é lei, com prazo vencido para ser aplicada. A arrecadação e a aplicação do recurso público podem ser conhecidas por todos. Essa lei, que complementa a Lei de Responsabilidade Fiscal, obriga à criação dos portais de transparência, informando o que se faz com o dinheiro público.
O que você faz com o dinheiro de seu trabalho não é da conta de ninguém. Certamente, pensa em si e em sua família. Por isso, planeja como e quanto gastar para que aqueles que dependem desse dinheiro não passem dificuldades. Com o dinheiro público, é um pouco diferente. Ele não é o dinheiro do governo. É a soma dos impostos que todos nós pagamos. E trabalhamos durante cinco meses do ano só para pagar os impostos. Portanto, saber como o dinheiro público é gasto, é um direito de todo cidadão.
Na Grécia antiga, há quatro mil anos antes de Cristo, a criação da democracia foi algo inusitado na história. À força física, que impunha a obediência, foi sucedida pela livre escolha dos cidadãos da polis. Mas, essa escolha apresentava uma exigência fundamental: era preciso a publicidade das questões sociais. Tudo aquilo que pertencia ao bem-comum devia ser apresentado e discutido na ágora, na praça pública. Nessa experiência está a origem de nossa democracia. Agora, portanto, após dois mil e quatrocentos anos, em pleno século XXI, essa exigência de transparência ainda permanece como um dos pilares do regime democrático.
Então, agora é lei.Todo cidadão pode ter acesso aos gastos públicos. Foi estabelecido pela lei complementar 131, de 2009, que os municípios com mais de 100 mil habitantes, os Estados e a União tornem conhecidas as contas públicas. Prefeitos e governos, doravante, são obrigados a mostrar, via internet, nos chamados Portais da Transparência, como e quanto arrecadam e gastam.
Quando o dinheiro é bem administrado, do pouco de faz muito. Evita-se a dívida, planeja-se o custo, avalia-se o melhor preço e a qualidade do produto ou do serviço. Ora, nem sempre isso acontece com o dinheiro público. Há despesas, compras e contratos a preços exorbitantes. E, o pior, ninguém sabe ao certo como prefeitos e governadores estão gastando o dinheiro público.
A prestação de contas atualizada possibilita avaliar a capacidade e eficiência da gestão e dos gestores. Inibe a corrupção, força ao planejamento e facilita a constante fiscalização. Quando há mais gente de olho, fica mais difícil que os aproveitadores se escondam nas gigantescas máquinas burocráticas do Estado brasileiro.
Instalados os Portais de Transparência, agora é preciso uma nova atitude e disposição. Devem ser permanentemente atualizados. Para serem entendidos por todos, precisam de explicações complementares e notas explicativas. Mas, acima de tudo, devem ser acessados e consultados pela sociedade. Só assim serão aperfeiçoados enquanto instrumentos. E, especialmente, os recursos públicos serão melhor fiscalizados.
Certamente, essa iniciativa cidadã induzirá a uma nova postura e a uma cultura da transparência. Pequenas cidades, não obrigadas pela lei, e sem computador à disposição, poderão usar cartazes, boletins ou placas para informar sobre o custo de suas obras. Escolas, universidades, igrejas, associações, clubes ou sindicatos, poderão ser induzidos a informar e a prestar contas sobre a arrecadação e a aplicação dos recursos. Um novo jeito de assegurar os valores éticos e de suscitar o compromisso com o bem comum pode estar nascendo com os Portais de Transparência. Agora, é “ficar de olho”!
Tema: Política, desafio de novas escolhas
Aproxima-se o tempo das eleições. Em breve, as pré-candidaturas serão, então, apresentadas oficialmente. Os partidos já mostram pela televisão sua plataforma idéias e ações. Entretanto, é hora não apenas de olhar os candidatos e os partidos. Também o eleitor precisa ser conhecido, reconhecido e analisado.
Eleitor e candidato são duas faces de uma mesma moeda. Dentre os eleitores saem as candidaturas, sob a mediação dos partidos. Da liderança dos candidatos, os eleitores são induzidos às escolhas e ao modo de agir na política.
Eleitor e candidato são a cara da história do Brasil. Os tempos de formação da nação, com seus respectivos contornos, teceram o jeito de exercer a cidadania brasileira.
Do Brasil colônia, ainda latejam as feridas da escravidão e da ausência de direitos políticos, econômicos e sociais.
Do Brasil império, ficou a herança patrimonialista, quando o bem público se confunde com seu uso privado e quando os interesses de uma família, ainda que real, se sobrepõem aos interesses de um povo em formação.
Da velha República ficou a herança dos currais eleitorais, determinados pelo poder dos coronéis locais. Fixavam as escolhas e impunham suas vontades, transformando as eleições em aparentes escolhas do povo.
Do arcaico coronelismo gestou-se o populismo, após o Estado Novo. Nesse período, os candidatos se apresentavam como pais do povo. Aquilo que faziam não era ação de Estado, mas benevolência de suas vontades.
Outras heranças do século XX também marcaram nosso modo de compreender e de fazer política. Os tempos do desenvolvimentismo, do “Brasil, ame-o ou deixe-o”, induziram a uma visão da política limitada à criação da infra-estrutura nacional, especialmente com a construção de grandes obras, como a usina de Itaipu e a Transamazônica.
O fenômeno da migração e do êxodo rural nos trouxe o legado dos fortes sindicatos urbanos e da complexificação das políticas públicas. Enfim, na mudança para o século XXI, a globalização questionou a teoria de Estado, as fronteiras do país e a autonomia da nação. Três grandes crises, a social, a ambiental e a crise ética, levam a pensar em um novo modo de ser eleitor e num outro perfil de ser candidato.
À luz da história brasileira, que nos formou como eleitores e candidatos, que perspectivas e escolhas devemos fazer para o futuro? Ao meu ver, a sociedade brasileira precisa estar determinada a fazer dois grandes acordos na política: um acordo ético e um acordo político.
Para o acordo ético, é preciso fazer uma firme opção pela solidariedade, superando o individualismo; pela paz, contra a violência; pela justiça, superando as desigualdades; pela sobriedade, evitando o consumismo; e pela partilha, contra a acumulação.
Para o acordo político, é preciso fazer três grandes escolhas: estabelecer uma nova relação entre eleitor e candidato; elaborar uma nova legislação eleitoral; e determinar-se a construir um novo projeto civilizatório.
Sem um grande acordo nacional entre eleitores e candidatos, o Brasil dificilmente irá superar as mazelas de sua história.
Tema: Embriaguez e direção não combinam
Goiás está na contramão da maioria dos Estados brasileiros. Aqui, surtiu pouco resultado positivo a lei que proíbe dirigir após o consumo de álcool. No Detram, tem mais de 5 mil processos em tramitação. Mas, só 365 resultaram em suspensão da Carteira de Habilitação. A fiscalização é rigorosa, mas poucos são condenados. Enquanto isso, vítimas inocentes morrem nas estradas.
Há dois anos foi aprovada a lei 11.705, de 19 de junho de 2008. É a chamada Lei Seca. Ela proíbe que pequem na direção os motoristas que tenham consumido bebida alcoólica. Quem tiver consumido de 0,11 a 0,29 miligramas de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões, tem as seguintes penalidades: retenção da carteira de motorista, suspensão do direito de dirigir por um ano e multa de R$ 957 (reais). Acima de 0,30 miligramas de álcool, além das penalidades anteriores, o motorista também é preso.
Nesses dois anos de vigência da Lei Seca, em Goiás, já ocorreram mais de 8 mil flagrantes de motoristas dirigindo embriagados. Nas BRs o número de motoristas embriagados triplicou em um ano. E as mortes por acidente de trânsito, contrariando a tendência nacional, aumentaram durante a vigência da Lei Seca. Segundo o Ministério da Saúde, as mortes por acidentes de trânsito caíram 6,3% no Brasil, após 12 meses da implantação da Lei Seca. Isso significa que, no país, tivemos 2.302 mortes a menos. Entretanto, em Goiás, no mesmo período, as mortes cresceram 3,1%.
Mortes provocadas por embriaguez ao volante devem ser tratadas como crime, assim como está previsto em lei. Não podem ser tratadas apenas como infrações e punidas apenas administrativamente. A sensação de impunidade encoraja a dirigir depois de beber.
Quem se embriaga e depois assume a direção de um carro tem de saber dos riscos que está impondo a si próprio e aos inocentes que cruzarem o seu caminho. Por isso, Goiás, vamos decorar: “Se beber, não dirija; se dirigir, não beba”. Sua família precisa de você!
Tema: A caminho de Trindade
Inicia-se, outra vez, a Festa de Trindade. O coração bate mais forte. Colocamo-nos em marcha, rumo ao Pai Eterno. Esse acontecimento já se realiza a 160 anos. Se não fosse significativo para a vida, nada poderia subsistir a mais de um século e meio, como experiência existencial de tantas gerações.
As origens goianas da devoção à Trindade são modestas e discretas à semelhança das demais devoções brasileiras. A singeleza de uma pescaria, com o pescado de uma pequena imagem, fez nascer a devoção à Mãe Aparecida. O achado de um medalhão, na roçagem de um pasto, reuniu em torno de si a devoção que hoje reúne milhares de pessoas.
Por volta de 1840, o local chamava-se Barro Preto, hoje, Trindade. Num pobre arraial, um fato singelo foi a origem de uma grandiosa, duradoura e comovente história de fé. Constantino Xavier e sua mulher Ana Rosa, enquanto cortavam o pasto, encontraram um medalhão de mais de um palmo de circunferência. Nesse medalhão estava gravada a imagem da Trindade, coroando Maria.
Marcados pela vivência religiosa popular, Constantino, Ana Rosa e seus familiares começaram a rezar o terço, aos sábados, diante do medalhão que haviam encontrado. Logo outras famílias foram chegando para também participar das orações. A casa ficou pequena. Foi construida, então, uma capelinha coberta com folhas de buriti.
Os devotos aumentaram ainda mais. Então, com esmolas recebidas e com um terreno mais amplo que havia sido doado, foi construída uma capela mais espaçosa e coberta de telhas. E, depois, foi encomendado a Veiga Valle que esculpisse a imagem impressa do medalhão. Ao buscar a imagem, como o dinheiro que havia levado não tinha sido suficiente, Constantino deixou até seu cavalo como pagamento. E retornou a pé, numa viagem de 120 quilometros. Foi assim, ele próprio, o primeiro romeiro a fazer a grande caminhada goiana em nome da devoção ao Pai Eterno.
A Festa de Trindade, além de seu sentido espiritual, também ajudou a formar uma identidade regional. Os goianos do século XIX moravam em meio ao imenso cerrado, com pobreza de recursos e em tudo começando. Eram arraiais distantes, formados não mais em função da mineração, mas da agropecuária. Três fluxos migratórios destinavam-se a Goiás: o nordestino, vindo do Maranhão, Piauí, Pará, Ceará e Pernambuco; o baiano, com entrada pelo leste goiano; e o mineiro, que ia ocupando mais o sudoeste.
Hoje, os romeiros do Pai Eterno sabem do alcance e profundidade de sua devoção. Se podem ver mais longe, é porque estão assentados sobre uma história gigantesca, construída com heroísmo e fé.
Tema: Copa do Mundo e Sentimento de Pátria
Outra vez, estamos em tempo de Copa do Mundo. A humanidade constrói uma linguagem que se transforma em diálogo universal. E o Brasil se veste de verde e amarelo. Um forte sentimento de identificação nacional contagia a todos. Com a bola que agora rola nos gramados, juntos torcemos pelo Brasil.
O futebol brasileiro é mais que a soma dos times de craques jogando nos campos. Cada time tem consigo a história de uma região e a referência de uma cultura. Meninos atletas encontram no futebol seu espaço de revelação e de reconhecimento. Famílias se encontram para torcer nas tardes domingueiras. Décadas de luta e empenho esportivo da cada time vão se misturando à vida das cidades e Estados. Símbolos esportivos geram a identificação coletiva. E imensas torcidas estabelecem uma relação de paixão e de buscas infinitas de vitórias.
Se os times regionais porventura não atingem a todos, muito diferente é na Copa do Mundo. Converte-se em torcedor mesmo quem é indiferente ao futebol. Não torce apenas para uma seleção. Torce para o Brasil. E durante os jogos diz-se que “estamos jogando”, mesmo que o jogo real se realize a milhares de quilômetros. A bandeira brasileira, não a de um time, é colocada nas casas e carros. E a camisa da seleção é vestida por todos, das crianças aos idosos. É como que se todos os brasileiros fossem os escalados para jogar. Preparo e esperança é o que não falta.
De onde surgiu sentimento tão forte? Temos uma história que nos antecede. Ela nos teceu enquanto o Brasil se fazia nação. Tivemos uma longa e difícil formação nacional. Há cinco séculos, aqui moravam centenas de povos indígenas, milhares ainda vivendo heroicamente em suas terras, hoje demarcadas. E outros milhares desaldeados, desaculturados e que sucumbiram diante da violência na implantação do projeto civilizatório. Para esse território chegaram os colonizadores, nem sempre altruístas e com interesses coloniais diversos. Com espadas e canhões, logo se empenharam em demarcar as fronteiras de sua imensa colônia. E também se fez plantações e construções mil, com a mão de obra escrava. Navios negreiros transportavam gente a ser vendida. Famílias foram dilaceradas. Culturas justapostas. Manifestações sufocadas. Houve resistências, como os quilombos, as reduções dos guaranis e, atualmente, as causas indígenas e dos afro-descendentes.
Uma grande revolução industrial, enfim, despontou na Europa do século XVIII e XIX. As máquinas começaram a produzir em alta escala. Milhões ficaram desempregados e a fome assolou todo aquele continente. Começou a maior e mais inusitada história das imigrações. Só da Itália, em apenas 100 anos, migraram mais de 30 milhões de pessoas para a América. Também meus bisavós paternos de lá vieram. E, aos poucos, chegaram ao Brasil povos de diversos países da Europa e, em seguida, da Ásia. E aconteceu uma complexa justaposição de culturas e idiomas. Em geral, todos tinham saudade de seu povo e de seu país de origem. Ninguém se sentia brasileiro.
Em suas origens, o Brasil era apenas uma colônia da metrópole portuguesa. O Brasil monárquico era só a expressão de uma família real, que não suscitava identificação nacional. O Brasil inconfidente era uma rebeldia regional contra os pagamentos dos impostos a Portugal. O Brasil da Velha República era um território esfacelado pelos coronelismos locais. Como torcer por um Brasil assim, sem identidade nacional? Sim, tínhamos um complexo de inferioridade coletiva, a que se apelidou de síndrome do cachorro vira-lata. Éramos um personagem Macunaíma, um herói sem caráter. Éramos uma mistura que não se misturava, uma geografia sem identidade, um território sem unidade, um povo sem orgulho de ser brasileiro.
Temos uma dolorosa história. Não foi fácil o diálogo entre a casa grande e a senzala. E as mazelas dessa relação se estenderam por séculos. Entretanto, aos poucos, os filhos dos filhos foram misturando-se em diversas etnias, idiomas e costumes. E aconteceram tensas acomodações culturais. Então, já em pleno século XX, foi criada a Copa do Mundo. No início, pouco significou ao povo brasileiro. Entretanto, na década de 1950, um sentimento silencioso estava por eclodir. Era preciso dizer ao mundo que éramos um novo povo, uma nação. Se quiséssemos um futuro, era preciso que nos disséssemos que somos brasileiros e como tal nos assumimos. Foi então que esse grito entalado na garganta ecoou como consciência de nação. Encontramos no futebol um dos caminhos de afirmação de nossa identidade nacional. E gritamos, em 1958: o Brasil venceu! Não era apenas a vitória esportiva de uma seleção. Nem era a derrota imposta a importantes países do mundo. Era, acima de tudo, a vitória de um povo que havia tomado consciência de si.
Tema: Festival de Cinema e Vídeo Ambiental
Foi realizado, em Goiás, mais um Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental. Na semana passada, você pode acompanhar pela UCG TV a ampla cobertura feita a esse Festival. A cada edição, torna-se mais conhecido e ganhou prestígio. Hoje é uma referência no circuito de festivais temáticos. Firmou-se no calendário goiano como importante atividade cultural.
Há algumas décadas atrás, debatia-se muito sobre a finalidade da arte. Alguns a consideravam como ato gratuito, espontâneo e livre do espírito humano, para o deleite da alma. Outros, afirmavam que toda a arte devia ter uma finalidade e implicava em certo compromisso social. Na verdade, com alternâncias, ambas as posições se mantém na história. E, talvez, não sejam mutuamente excludentes.
Pretender que toda a produção artística responda a uma demanda social pode empobrecer outros temas e linguagens possíveis. Assim ocorreu, em parte, durante o regime militar. Toda arte devia ser necessariamente contestatória. Se não apresentasse uma temática social, logo era rechaçada como alienada. Isso, certamente, cerceava as possibilidades de criação. E atingia a qualidade da produção artística.
Com liberdade criativa, é possível tematizar a arte. Há na história clássicas músicas com finalidade litúrgica. E esculturas com objetivo religioso. E obras literárias com finalidade social. Basta lembrar da produção das músicas gregorianas. Ou da bela imagem do Divino Pai Eterno, esculpida por encomenda a Veiga Valle. Ou, ainda, da obra Os Escravos, de Castro Alves. São muitos os exemplos, extensíveis também ao cinema.
O meio ambiente também pode e deve ser tema de vídeos e filmes. Os riscos ambientais e a interrogação sobre o futuro do planeta precisam tocar não apenas os projetos de governos, como também a subjetividade e a consciência de cada pessoa. A linguagem da arte e da imagem são um dos mais importantes meios para tocar as pessoas e a sociedade. Só por esse aspecto já se justifica o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, já conhecido pela sigla Fica. Os pré-candidatos ao governo do Estado já nem insinuam em extinguí-lo. Há, ainda, outras interrogações oportunas. Á cidade de Goiás comporta uma expansão desse Festival? Como a produção goiana poderá competir com a produção internacional? Como a população da cidade de Goiás poderia ser mais integrada a esse festival? Como atenuar a forte matiz política do evento? Esses são alguns dos questionamentos, oportunos e necessários.
Mas, há uma questão, a meu ver, mais decisiva para o Fica. Nesse ano, foram inscritas 657 produções vindas de 77 países. Apenas 28 foram selecionadas, incluindo a cota de filmes feitos em Goiás. É aqui que mora o problema: a questão da qualidade e o risco da arte se confundir com a ideologia. Quando a exigência induzida, a condição financeira para o prêmio e a seleção das produções artísticas são condicionadas a um roteiro monotemático, nesse ponto é que o Fica terá que enfrentar uma contradição que lhe é inerente. É como pretender fazer com que todas as músicas tenham um único tema. Tornam-se, aos poucos, música com uma nota só. Aos poucos, a linguagem fica enfadonha, o tom repetitivo e a mensagem banalizada. E a liberdade criativa cede lugar a uma pauta previamente determinada. Como lida essencialmente com arte, no futuro, esse será o desafio principal do Fica: manter a qualidade da produção com um único tema. Ou, manter a liberdade da criação condicionando implicitamente a certo viés que, eventualmente, poderá se tornar ideológico porque reduzido a um único modo de dizer o mundo.
Tema: O uso de drogas na gravidez
Sob sustos e temores, assistimos ao crescimento do uso das drogas em Goiás. O crack, especialmente, está crescendo de modo assustador. E, agora, atinge também os nascituros. Maternidades públicas revelam que cresce o índice de gestantes dependentes do crack.
No Hospital Materno Infantil de Goiânia, cresce o número de gestantes que confessam ser usuárias de drogas. Essa praga social, que destrói vidas, adoece famílias e ameaça a todos, também chegou aos fetos e às crianças inocentes.
O uso do crack e das demais drogas age no organismo da gestante. Provoca desnutrição, parto prematuro, baixo peso, ausência de hábitos de higiene, disfunções na respiração, problemas de coração e de circulação do sangue e a dependente quase não come e não dorme.
Para o recém nascido, que tem uma mãe usuária de drogas, também são graves as conseqüências. Pode apresentar o feto mal formado, nascer prematuro, ter irritação, hipoglicemia, dificuldade respiratória e atraso no crescimento. Ainda pior: após o nascimento, por não receber mais a droga pela circulação do sangue da mãe, sofre de crise de abstinência, que pode culminar em parada cardíaca e morte.
Conheço várias famílias que enfrentaram o problema das drogas. É como se todos adoecessem. E a felicidade foi embora. Pais e avós idosos, no direito de usufruir um pouco a vida, enfrentam o colapso e a desestabilização de suas famílias. Irmãos de usuários ficam prejudicados nos estudos e no trabalho. E tudo bagunça na vida. A dependência leva os usuários a atitudes extremas. Quando lhes falta a droga, tudo vale: roubar, violentar, machucar e matar. Nas crises, quebram tudo o que encontram em casa. E roubam até a televisão e o liquidificador para comprar sua droga.
No desespero, pais acorrentam seus filhos. E enfrentam o portão de sua casa cravejado de balas. Os traficantes rondam moradias, escolas, praças, universidades, empresas, bares e estádios. Todos os espaços se tornam lugares de ameaça e de tentação.
Que futuro teremos quando até os inocentes já estão sob o impacto das drogas? Quem vai trabalhar, andar e viver em paz quando tanta gente está enveredando pelo caminho das drogas?
Nesse combate, não basta polícia e justiça. É preciso que cada um faça a sua parte. E que nos conscientizemos do grande mal das drogas. É preciso enfrentar a tarefa de construir um sentido mais elevado de vida, antes que seja tarde demais.
Tema: Para onde leva o consumismo?
Consumismo é sinônimo de felicidade? É preciso ter tudo, sobre todas as coisas, para ser feliz? Os modismos, o cartão de crédito, as facilidades dos crediários e, sobretudo, o desejo de felicidade no ter, tudo isso está endividando muita gente. E, agora, também a juventude está na mira das dívidas.
O que vale mais, o ser ou o ter? Parece já termos feito a escolha. Importante é quem tem mais, pode mais, acumula mais, aparece mais. Assim cultuamos as celebridades atuais. Por que olhar para o caráter, se tal pessoa é tão admirada e aplaudida? Prá que considerar os valores, se os aplaudidos e admirados são os que seduzem pela aparência e pela mediocridade? Quando nossas escolhas e nossa audiência é dedicada às celebridades produzidas pelo dinheiro e pela aparência, é preciso que interroguemos se estamos no rumo certo.
Recentes pesquisas apontam para o crescente endividamento das famílias. E, agora, principalmente o crescimento das dívidas feitas pelos jovens. Falta dinheiro no bolso para que as dívidas aumentem. Certamente que sim. Mas, nunca tivemos uma economia tão aquecida e tanto dinheiro circulando. Então, há outros fatores em jogo. Nos tornamos uma sociedade “novidadeira”. É preciso, sempre, ter a última novidade: o último tênis que foi lançado, o computador mais moderno, o sapato da última moda. Quem poderá acompanhar as novidades que são criadas todos os dias? Quem terá dinheiro para comprar tudo o que aparece? Que planeta suportará tantos equipamentos e produtos descartados diariamente porque não estão mais na moda?
É preciso rever o rumo frenético do consumo. Uma convivência saudável também se faz com o passeio singelo, com o joguinho de bola com os colegas, com o bom gosto em vestir sem exagerar na quantidade e no preço. A alegria e o reconhecimento são possíveis também sem ter que ir às compras sem necessidade. A admiração e a beleza também se fazem pelo caráter, pelo empenho no estudo, pela inteligência, pelas habilidades, pela capacidade no relacionamento. Valemos pelo que somos, não pelo que temos ou por aquilo que compramos.
Precisamos comprar. Mas é preciso juízo e bom senso nas compras. Os cartões de crédito não podem nos passar a falsa ilusão que nossas disponibilidades financeiras são infinitas. A aparência não pode nos levar a sermos escravos de falsos padrões sociais de vida. A facilidade das prestações não pode fazer com que avancemos em algo que está além daquilo que podemos?
Apresento, com humildade, algumas sugestões a quem não quer perder o sono com dívidas. É preciso, planejar-se financeiramente. Enfrentar as dívidas com austeridade, sem protelar soluções ou empurrar com a barriga. Não criar falsos padrões de vida. Poupar para as situações imprevisíveis e cuidar do próprio futuro. Gastar com aquilo que realmente é necessário. Não se deixar levar por tudo aquilo que é colocado como moda. E, acima de tudo, construir a vida com base nos valores interiores, sólidos e duradouros. Isso não é receita. Mas, pode dar certo.
Tema: Festa junina, tradição e identidade
Mês de junho é tempo de festa junina. É tempo da dança de quadrilha, da quermesses, do quentão, da batata e da pipoca. É tempo das barraquinhas, das pescarias com prêmios, das bandeirolas e de animados jogos. É tempo das bandeirolas, do traje caipira e das homenagens a Santo Antônio, São João e São Pedro. Igrejas, escolas, universidades, sindicatos e empresas, em Goiânia e nas demais cidades do interior, em todo lugar se realizam essas belas festas populares.
Existem duas explicações para o termo “festa junina”. A primeira diz que surgiu devido as festividades ocorrerem durante o mês de junho. Outra versão diz que esta festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam uma homenagem a São João. Talvez, sejam explicações que se complementem. No calendário litúrgico católico, junho realmente é mês desses santos, escolhidos como padroeiros de muitas pessoas e comunidades. É só recordar sobre o simbolismo da fogueira. Para além de aquecer nas noites frias de festança, ela remete para a lenda de que o modo de Isabel comunicar a Maria sobre o nascimento de João Batista foi acendendo uma fogueira no alto de um morro.
A festa junina foi trazida para o Brasil pelos portugueses, durante o período colonial. Além de elementos culturais portugueses, recebeu influência dos chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar foguetes veio da China, lugar de onde surgiu a manipulação da pólvora. E da península ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Tudo isso misturou-se aos aspectos culturais dos brasileiros, especialmente dos indígenas, dos afro-brasileiros e dos imigrantes europeus, assumindo características próprias nas diversas regiões do Brasil.
No sul do Brasil, minha origem, as festas juninas são marcadas pelo quentão feito com vinho e clara de ovo batida, e com uma tradicional fogueira em homenagem a São João. No nordeste, as festividades também servem para agradecer as chuvas, alegrar o povo e, em diversas cidades, é um momento de aquecimento econômico, pois, atrai turistas e gera empregos. Quem é do interior do Nordeste, certamente também lembrará da formação dos grupos de festeiros, que andam e cantam pelas ruas das cidades. E, também, do mastro erguido em honra aos três santos padroeiros.
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados para a festa são feitos deste alimento. É só prá lembrar de alguns exemplos: a pamonha, o cural, o milho cozido, a canjica, o cuzcuz, a pipoca e o bolo de milho. Nas grandes cidades, houve adaptações. Agora, tem também o cachorro quente, os refrigerantes e, para dançar, as músicas eletrônicas.
Festas juninas são expressões de nossa tradição. Diante da cultura de massa, ainda resistem e remetem para a afirmação da identidade cultural. Expressam os valores da simplicidade, do companheirismo, da amizade e da alegria. Evocam nossas origens agrárias, ainda tão fortes em nossa alma. E, acima de tudo, fornecem significado à própria vida.
Tema: Jovens na Política
Uma nova geração de jovens manifesta interesse pela participação política. Que nova juventude politizada é essa? Em que se distinguem daqueles jovens com militância política, de 1960 a meados de 1980? Como se inserem e quais suas novas expectativas na política? Encontram que momento político? E que protagonismo político exercerão no futuro?
É preciso um novo olhar para os jovens que despertam para a política. O interesse não é apenas para com uma faixa etária. A sociedade, em seu conjunto, precisa estar atenta à formação de suas lideranças. Igrejas, associações, sindicatos, escolas, universidades e partidos. É desses celeiros especialmente que são suscitadas as grandes vocações para a liderança política. Há, portanto, uma especial responsabilidade daqueles que formam lideranças.
Convivendo, há três décadas, com jovens universitários e jovens da Pastoral da Juventude e das comunidades eclesiais, presenciei centenas deles tornarem-se lideranças no Judiciário e nos poderes Executivo e Legislativo. Outros tantos se tornaram lideranças importantes nas empresas, nas associações e nas diversas entidades representativas de categorias profissionais. Com as lições que a vida dá, firmou-se em mim, então, a convicção de que era preciso os apoiar, ainda que sob o risco maior de tomar chutes na canela.
Na Universidade, aos poucos, fomos dispondo, dentre outras iniciativas, de espaço físico e estrutura para dezenas de Centros Acadêmicos. Instituições de Educação Superior não devem apenas prover de boas salas de aula, bibliotecas, laboratórios e campos de estágios. Podem e devem fazer um pouco mais, se autenticamente educadoras. Precisam colaborar com a formação e inserção política da juventude.
Quem forma para a liderança tem estudantes mais exigentes e reivindicativos. Fica mais exposto e, às vezes, pública e injustamente açoitado. Mais tarde, quando a poeira baixa, a verdade aparece. Daí, raramente há reconhecimento do erro. Os prejudicados, quando fazem recordações, logo são calados sob a pecha do revanchismo e do título de amargurados. Isso não é nada fácil! Assusta a muito gestor. Mas, formar liderança política também é dar bom exemplo pessoal, profissional e institucional de compromisso e responsabilidade social. Igrejas, centros comunitários, espaços de associação de bairro, entidades de categorias profissionais, todos deveriam ter um espaço físico e político-administrativo, ou então pastoral, para acolher, apoiar e orientar lideranças jovens.
Juventude não pode ser convidada apenas para ampliar platéias, às vezes sonolentas, nos auditórios e nos eventos. Não pode ser reduzida a cabo eleitoral com a promessa de um emprego. Não pode ser colocada no último lugar da fila dos partidos para poderem se candidatar. Deve ser cuidada para que não enverede às ideologias extremistas, sectárias, violentas e perigosas para si e para o bem comum.
Observo, com especial interesse de educador, dezenas de jovens universitários que passaram a se engajar na política partidária, em diversos partidos. Em geral, são altruístas, conscientes e generosos. Possuem perfil de liderança. Predomina, ainda, maior número de homens, mas jovens mulheres também despontam com muita capacidade. Não se vestem mais com roupa hippie, cuidam da aparência, evitam palavras de ordem, sabem se articular, são enfaticamente propositivos e acompanham com rigor e seriedade o cumprimento daquilo que é acordado, são respeitosos quando correspondidos na mútua confiança, não cobiçam nem insinuam para vantagens particulares ou pessoais.
É preciso especial atenção para com essa silenciosa geração emergente de lideranças políticas. O arrefecimento da participação política dos jovens, ocorrida na década de 1990, já foi em parte superado. O final da primeira década do século XXI tem um novo jeito de participação dos jovens. Que ninguém os subestime, por saudosismo anacrônico às gerações anteriores, ou por não identificá-los com faixas nas ruas. Quem lê os sinais da história, antecipa as promessas do futuro. Um jovem ex-governador de Goiás demonstrou dinamismo e competência. Um ex-prefeito que compreendeu a importância da juventude, ampliou sua capacidade administrativa e sua longa biografia ganhou ainda mais grandeza. Jovens bispos foram ordenados pela Igreja Católica, e muitos deles revelaram brilhante liderança eclesial. Jovens padres, pastores e lideranças eclesiais, ainda que sob algumas controvérsias, encontraram na música uma nova linguagem para a evangelização.
Na vida, é preciso começar cedo. E ser amparado e apoiado. Vale, aqui, escutar outra vez a história de João Paulo II. Quando ainda muito jovem foi chamado para ser bispo. Era o ano de 1958. Era o período de férias. Estava no trem, com um grupo aficionado em canoagem, rumo ao rio Lyna, na Polônia. Precisou interromper a viagem, devido a convocação enviada pelo cardeal Stefan Wyszynski. Parado numa das estações, dormiu num saco de dormir enquanto aguardava o trem da madrugada. Na verdade, nada dormiu por preocupação e desconforto. Chegando a Varsóvia, tomou um banho, vestiu uma batina e apresentou-se ao primaz da Igreja na Polônia. O restante, com as palavras dele: “Depois de entrar no estúdio do primaz, soube dele que o Santo Padre tinha me nomeado bispo auxiliar do arcebispo da Cracóvia. [...] Ouvindo as palavras do primaz que me anunciava a decisão da Sede Apostólica, exclamei: ‘Eminência, sou muito jovem, tenho apenas 38 anos!’ Mas ele replicou: ‘É uma fraqueza da qual você se libertará rapidamente. Peço que não se oponha à vontade do Santo Padre’. Disse-lhe então apenas uma palavra: ‘Aceito’. ‘Então vamos almoçar’, concluiu o primaz”.
Tema: Ficha Limpa, a vitória da democracia brasileira
Hoje é um dia importante para o aperfeiçoamento da democracia no Brasil. O Presidente da República poderá sancionar o Projeto de Lei Popular 518/09, já aprovado pela Câmara Federal e pelo Senado. Esse projeto de lei foi denominado popularmente de Projeto Ficha Limpa. Prevê que não podem ser eleitos os candidatos políticos “que forem condenados criminalmente, com sentença transitada em julgado, pela prática de crime contra a economia popular, a fé pública, a administração pública, o patrimônio público, o mercado financeiro, pelo tráfico de entorpecentes e por crimes eleitorais, pelo prazo de três anos, após o cumprimento da pena”.
É preciso impedir que bandidos se candidatem à política. E, ainda mais, que sejam eleitos. Se estiver respondendo judicialmente por crime de corrupção, de abuso do poder econômico, de homicídio e tráfico de drogas, de racismo, tortura e terrorismo, com tais crimes é claro que nenhuma pessoa estará habilitada para representar o povo. E, ainda mais perigosamente, para ter as chaves do cofre do dinheiro público e para exercer o poder de fazer as leis, ou de administrar as cidades, os Estados e o país.
Mandatos políticos são sublimes e de extrema responsabilidade. Exigem habilitação, preparo e idoneidade moral. Exercem forte impacto sobre toda a sociedade. Além de terem consigo as principais decisões sociais e econômicas, também exercem profunda influência representativa. Por terem grande visibilidade, influenciam mentes e corações. Se um representante do povo é mau caráter, pelo lugar de representação que ocupa acaba exercendo grande influência negativa sobre a conduta da população. É um pouco como os artistas e atores. Muita gente neles se inspira e procura imitá-los.
O projeto Ficha Limpa foi uma iniciativa popular, prevista pela Constituição Brasileira de 1988. Tanto quanto o plebiscito é um dos recursos que a população tem para se expressar por democracia direta, sem a mediação de representantes. Hoje, entretanto, é preciso fazer justiça e homenagem a quem principalmente merece.
Há 10 anos foi aprovado o primeiro projeto brasileiro de iniciativa popular, o projeto de lei nº 9840/99. Essa lei inibe o uso da máquina administrativa em favor da própria candidatura e determina que se o candidato estiver comprando voto, além da pena prevista em lei, ainda tem que enfrentar processo sumário, registro cassado e pagamento de multa. No passado recente, o problema era grave. Em algumas regiões do Brasil vendia-se e comprava-se o voto por um caixão, por um par de chinelos, por um saco de cimento ou por uma dentadura. O voto valia pouco, apenas o preço de uma necessidade imediata. Foi preciso de uma ampla campanha, intitulada “O voto não tem preço, tem consequências”. Era preciso inibir a compra do voto. Mas também era necessário conscientizar para o povo não vender o seu voto.
Lembro-me bem dessa iniciativa. Na ocasião, eu era o presidente do Conselho Nacional do Laicato Católico do Brasil. Todos os meses, as principais lideranças e assessorias pastorais tínhamos um encontro com a Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral da CNBB, em Brasília.Recém havia sido reestruturada a Comissão Brasileira de Justiça e Paz , até então coordenada por Cândido Mendes, irmão de D. Luciano Mendes. Essa Comissão havia prestado um grande serviço ao Brasil, especialmente na luta pela anistia e na defesa aos Direitos Humanos. Assumiu-a, então, no final da década de 1990, o Francisco Whitaker, atual coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Por limite de hospedagem e austeridade eclesial, sempre compartilhava com ele o mesmo quarto de dormir, que comportava diversas camas. Antes que o sono chegasse, trocávamos algumas palavras sobre nossos trabalhos pastorais. Nessa simplicidade foi que dei meu aceite para empenhar as principais lideranças de leigos católicos do Brasil a fim de coletar assinaturas em favor de um projeto de lei contra a compra de votos.
A tarefa não foi fácil. Durante todo o ano de 1998, milhares de lideranças, nas paróquias, movimentos e pastorais, foram coletar assinaturas. Ao final das celebrações, com uma pequena mesa, era solicitado aos participantes das missas que deixassem sua assinatura e número da cédula de identidade. Nem sempre éramos compreendidos. A iniciativa era muito inusitada. Alguns, ainda mais empenhados, foram para as ruas, as praças, as rodoviárias e aeroportos, aos estádios e aos desfiles, às escolas e universidades.
Gente simples, idosos e jovens, catequistas e lideranças, foi muita gente que assumiu a ética na política como compromisso cristão. Também muitas entidades, associações e sindicatos se aliaram a causa. Mas capilaridade mesmo para obter assinaturas na época foi com o trabalho de base da Igreja, apoiados pela CNBB. Ainda não dispúnhamos da internet, com a facilidade e abrangência que existe hoje. Por isso, a primeira experiência não alcançou a meta de 1 milhão de assinaturas. Assim, na assembléia dos bispos, em Itaicí/SP, ficou decidido que a campanha continuaria no ano seguinte. Assim se sucedeu. A primeira lei de iniciativa popular foi aprovada. Depois, foi necessário acompanhar sua execução. Criaram-se comitês de acompanhamento dos processos eleitorais e chegou-se, em 2006, pela OAB – seção Goiás, a criação de um número de telefone exclusivo para o disque-denúncia em caso de compra de voto.
O atual projeto de lei Ficha Limpa chegou ao Congresso em setembro do ano passado. Naquele mês, já tinha obtido 1 milhão e 600 mil assinaturas. Às vésperas de sua aprovação no Senado, tinha conquistado 2 milhões, por meio da internet. Para essa mobilização às assinaturas, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral utilizou a mesma rede social que havia sido formada para criar e, depois, para fiscalizar a aplicação da lei que pune a compra de votos. Essa rede, tão bem conhecida por nós, envolve 10 mil paróquias, 27 seccionais da OAB, associações de bairro e entidades sindicais, além da participação mais recente do Ministério Público.
Alguns políticos diziam que era mais fácil uma vaca voar que obter êxito esse projeto popular Ficha Limpa. Talvez, ignoram ou minimizem que a sociedade brasileira dispõe de entidades com credibilidade histórica, que aprendemos a tecer redes sociais e a fazer bom uso das novas tecnologias da comunicação e, especialmente, que obtivemos experiência e crescemos em consciência pública. Mas essa história não termina aqui. Outros capítulos precisam ser construídos e escritos. Para uma autêntica reforma política no Brasil, só mesmo se for por iniciativa popular. Novas formas de financiamento das campanhas e uso das emendas parlamentares são apenas alguns dos grandes temas a serem enfrentados. Longa é a história de aperfeiçoamento da democracia brasileira.
Tema: Congresso Pensar, porque pensar é preciso!
Começa hoje o 11º Congresso Pensar, um dos mais importantes eventos da Educação em Goiás.Traz consigo uma preciosa iniciativa: colaborar com a qualidade da Educação. E com a melhoria do ensino-aprendizagem a seus filhos. Cresceu em conteúdo, em abrangência de participantes e em originalidade. E, especialmente, resistiu ao tempo com criatividade e despertando à participação de milhares de professores e estudantes dos cursos de licenciatura. Tornou-se um espaço nosso, de todos os que trabalhamos com Educação. Iniciativas assim merecem ser enfatizadas e apoiadas.
Preparávamos para a entrada no novo milênio. Iria chegar o ano 2000. Idades redondas não tem um significado apenas cronológico. Mexem conosco. Evocam o sentido da vida, remetem à reflexão, apontam para a revisão dos caminhos. E quando tais idades pertencem não a uma pessoa, mas a toda a humanidade, então há como que uma onda de sentimentos coletivos que entram em ebulição. E, também, não faltam as análises prospectivas, as previsões astrológicas, a meditação escatológica, a interrogação sobre o futuro e, naquela ocasião, até a emergência das teorias milenaristas, tais como ocorreram na Idade Média, na virada do ano mil. Em todos os títulos de palestras e nos slogans devia constar: rumo ao novo milênio, ou a caminho do novo milênio. Sob tal contexto, surgiu o Pensar 21, também ele como filho do clima de seu tempo.
O tempo passou. E chegamos ao final da primeira década do século XXI. Cada ano, dolorosa e persistentemente percorrido, também foi construído pelos caminhos da Educação. E, acompanhando esse percurso, junto caminhou, como companheiro, o Congresso Pensar. Cada ano trouxe novos temas, visando a compreender os novos desafios e a encorajar para novos passos. E juntos assistimos ativamente, discutimos e participamos de grandes mudanças. Mudaram governos, economias e tecnologias. Aconteceram novas descobertas científicas. Configurou-se uma nova geração, com outra percepção da vida. Surgiram novas linguagens e novos questionamentos à ética e à educação. Alterou-se a composição da família, a relação do amor, a idade dos avós. As metrópoles se agigantaram ainda mais e a roça viu seus produtos cotados na bolsa de valores. Como professores e futuros professores poderiam ficar indiferentes a tudo isso?
E por que não fazer uma reflexão ampliada, com respostas mais plurais e caminhos mais criativos? Era a tais objetivos e questões que tentou colaborar o Congresso Pensar, em mais de uma década.
A qualidade, profundidade e eficácia de um congresso dependem muito do modo como é elaborado. Do contrário, vira encontro de compadre, também necessário, mas nunca urgente, imprescindível e agendado com regularidade. Para o Congresso Pensar, além da eficiente coordenação feita por funcionários da Organização Jaime Câmara, ainda conta com a representação da PUC, da UEG, de Faculdades Particulares, de Sindicatos, da Secretaria Estadual de Educação e das Secretarias municipais de Educação de Goiânia e de Aparecida de Goiânia. E escolha do tema geral, dos temas das palestras, das oficinas e mini-cursos, dos palestrantes, das apresentações culturais, da metodologia, dos recursos pedagógicos disponíveis, dos horários, da divulgação, tudo é construído em equipe, ao longo de meses.
Nesse ano, o Congresso Pensar abordará o tema Educação e Comunicação. As novas ferramentas e meios de comunicação são um grande desafio para a Educação. Quando ficou tão mais fácil copiar e colar artigos encontrados na internet, como ensinar e aprender a refletir e escrever? Como obter a atenção e concentração de alunos com celulares, mp3 e redes sociais? Como os professores irão se preparar para responder profissionalmente a Goiânia que em breve será uma capital digital, com acesso livre à internet sem fio? Como será o ensino-aprendizagem quando, em breve, todos os alunos da rede pública municipal de Goiânia (e, talvez, em todo o Estado) terão disponível um computador em sala de aula? E, enfim, para além das novas ferramentas de comunicação, como transformar a ação educativa em caminho de interação, relação e crescimento? Novas perguntas, novos desafios, novo Pensar!
Tema: Há uma esperança para o futuro do mundo?
Assim como o Brasil, outros 190 países do mundo, integrados à ONU, também assumiram o compromisso de atingir oito grandes objetivos do milênio. O prazo vai até 2015. É um pacto universal para tornar o mundo mais justo e mais solidário. Nesse esforço humanitário, cada um deve cumprir sua parte. E corremos contra o tempo porque urgências não se fazem esperar.
Dentre os oito grandes objetivos do milênio, o primeiro é a erradicação da extrema pobreza e da fome. No Brasil, as diversas iniciativas de segurança alimentar atenuaram o problema. Ainda temos na memória a imagem de Herbert de Souza, o Betinho, ícone da luta pela superação da fome no Brasil. Na década de 1990, milhares de cidadãos se mobilizaram na luta contra a fome. Acontecia algo inusitado na história da sociedade brasileira. Bancários tiravam seus paletós após o expediente e iam fazer plantios para ajudar aos mais pobres. Agentes da Pastoral da Criança percorriam vilas, favelas e lugarejos distantes para ensinar o soro caseiro e a multimistura a fim de evitar o descarte de partes altamente nutritivas de alimentos. Milhares de toneladas de comida eram arrecadadas e transportadas para regiões de seca e de risco alimentar. Foi grande a mobilização social. Mais tarde, foi dado início ao Programa Fome Zero e, em seguida, criada a Bolsa Família. Com acertos e falhas, diminuiu o número de pessoas que passam fome e que estavam situadas na condição de miséria. Entretanto, ainda estamos longe de soluções estruturais. Os benefícios do crescimento econômico são desiguais e os pedaços de pão que chegam às bocas são de tamanho muito diferente. As maiores desigualdades do mundo ainda estão na América Latina, no Caribe e na África Subsaariana. Tudo indica que esse primeiro objetivo de superação da fome, estabelecido pela ONU, não será cumprido.
Os outros sete objetivos são os seguintes: atingir o ensino básico universal, promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater a AIDS, a malária e outras doenças infecto-contagiosas, garantir a sustentabilidade ambiental e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
A causa é grande, mas o desafio é gigantesco. Segundo a UNICEF, na América Latina e no Caribe há 4,1 milhões de crianças fora da escola. No norte da África um em cinco trabalhadores é do sexo feminino e essa proporção não muda há 15 anos. Quase 11 milhões de crianças do mundo morrem todos os anos, antes de completar cinco anos. Também no mundo, complicações na gravidez ou no parto matam mais de meio milhão de mulheres e cerca de 10 milhões ficam com seqüelas. Todos os dias 6.800 pessoas são infectadas pelo vírus HIV e 5,7 mil morrem em conseqüência da AIDS. Imensas queimadas continuam destruindo as florestas e grandes acidentes poluindo os mares. E ainda é imensa a dívida externa dos países pobres.
É preciso globalizar a solidariedade para ampliar a ajuda humanitária, para tornar o comércio internacional mais justo, para baratear o preço dos remédios, para ampliar o mercado de trabalho aos jovens e para democratizar o uso das novas tecnologias.
É preciso pensar e agir local e globalmente. Por isso, foi criado, em nosso Estado, o Movimento Nós Podemos Goiás. Ele visa a incentivar e valorizar as ações, os programas e projetos que contribuem para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio.
É preciso que Organizações Não Governamentais e entidades filantrópicas sejam apoiadas e amparadas. É preciso superar algumas tentativas de ostensiva e equivocada fiscalização incriminatória. Na ânsia por expandir a receita dos impostos e por cumprir uma legislação frequentemente confusa e, às vezes, alheia à ação comunitária, trata-se pessoas e instituições de bem como se fossem bandidos.
É preciso, enfim, que governo e sociedade caminhem juntos. Quando um governo atribui apenas a si todos os avanços sociais, anula os esforços coletivos e abafa as iniciativas autônomas nascidas do povo.
Sim, ainda muito é preciso. Mas se tivermos confiança, nós podemos Goiás.
Tema: Reflexão sobre o Dia dos Namorados
Dias especiais merecem reflexão especial. Amanhã é dia dos namorados. Então, fazemos uma especial homenagem a quem amamos e apostamos nossas vidas. Pequenos gestos podem apresentar grandes significados. Romantismo também faz parte da vida. E dá leveza e intensidade às relações.
O dia dos namorados nos toca a todos. A fase do namoro é um momento inesquecível da vida. Traz consigo a intensidade da descoberta, a novidade de quem se conhece, o olhar cheio de paixão, a companhia que não vê as horas passarem, o passeio com um modo diverso de olhar, a delicadeza dos gestos, a alegria de ouvir e falar, o envolvimento cada vez mais profundo, o vestir e o arrumar com o desejo de bem impressionar, a esperança de um dia esse amor se eternizar.
Tudo isso dá força para superar os desafios. Não é fácil harmonizar as diferenças. Aos poucos, elas se revelam no tom da voz, nas inseguranças recíprocas, nas mútuas cobranças, na oscilação dos humores, nos bloqueios pessoais, nas mais íntimas frustrações, nos cansaços e rotinas, nas expectativas frustradas. Definitivamente, namorar não é fácil. Requer tempo, disposição, generosidade, dedicação. Exige intenso diálogo, abertura ao outro, respeito às diferenças, paciência para caminhar junto.
Além da paixão e do amor, namorar é essencialmente conhecer o outro. Conhecer seus gostos, seu pensamento, suas atitudes, sua visão sobre a vida. Namorar é chegar ao coração do outro. E ritmar a cadência do próprio coração ao coração de quem se ama.
Namorar é transformar o próprio olhar e o sentir. É perceber de um modo diverso a brisa e o orvalho, a beleza das flores, o encanto das estrelas. E a lua cheia, essa não pode faltar a quem ama. Aquele brilho inspirador, cheio de poético silêncio, se traduz em mil linguagens. Então, namorar também é alcançar um certo degrau interior. É desenvolver uma disposição para a contemplação. É ver com os olhos da alma. É alcançar outro nível de profundidade. Então, namorar é um bem!
Todos temos nossas histórias de namoro. As minhas, as guardo vivamente na memória. E, também, numa maleta cheia de cartas de amor. Foram escritas à mão, diariamente e a longa distância. Era, então, o único modo de se comunicar que estava ao meu alcance. Mas traduz o essencial de todo o namoro: a comunicação, o mútuo conhecimento, a afirmação das identidades, a abertura para construir um caminho em comum, o interesse efetivo pelo outro.
Como em tudo na vida, também ao namoro é preciso de cuidado. As precipitações, os ciúmes doentios, a possessividade, o egoísmo a dois, as provocações, as brigas, os desentendimentos. Tudo isso pode se tornar perigoso e estragar vidas. Daí a preocupação dos pais, o alerta dos educadores, a cautela nos passos que se dá.
Fora isso, namorar é tão bom! Sempre valerá a pena ser reconhecido como um enamorado. Sempre será importante namorar, também quando o corpo envelhecer, os cabelos embranquecerem, as energias se esvaírem e a solidão beirar a soleira da porta.
Talvez, num momento tão difícil de fragmentação das identidades, namorar tenha se tornado sinônimo de mera relação sexual, ou de ficar, ou de não estar sozinho. Vivemos essa esquisita condição psico-cultural. Experimentamos o colapso da hierarquia das identidades devido à massificação. Tornamo-nos incapazes do silêncio e das pausas de introspecção e, quando sozinhos, aquietamos nossas interrogações com o suporte de aparelhos móveis para chamar e ser chamados. Criamos simulacros de comunidades e de relacionamentos virtuais, onde é fácil entrar como também é fácil ser deletado e abandonado. Desenvolvemos redes de conexões e de relacionamentos, transformadas em divertida aventura e em tarefa exaustiva. Optamos por viver em espaços sem definição, onde o contato é infinitamente próximo e infinitamente distante. E tendemos apenas a ficar, construindo relacionamentos baseados numa convivência frágil e efêmera. Se esse admirável mundo novo fosse uma autêntica resposta ao desejo de felicidade, não estaríamos sob tão grande ameaça da depressão, do suicídio e da fuga nas drogas.
É preciso voltar a namorar. Não ao jeito de um passado superado. Nem ao modo do presente dilacerado. Mas ao estilo do futuro, daquilo que é o sonho da alma humana e desejo profundo do coração.
Amanhã também é dia de Santo Antônio. Que ele abençoe a todos os que se amam.
Tema: A ciência e a reinvenção da vida
Homens e mulheres envolvidos em pesquisa científica sempre trabalham arduamente. Consagram suas vidas à invenção, às novas descobertas e à inovação. Criam possibilidades de uma qualidade de vida melhor. E são os principais responsáveis pelo progresso da civilização. Nas últimas décadas, souberam aproveitar de tecnologias arrojadas, tornando-as poderosos instrumentos a serviço da ciência. Essa dobradinha entre ciência e técnica acelerou as inovações em diversas áreas de conhecimento. Dentre essas áreas, uma das que mais apresentou avanços foi a da genética. Há poucos anos, envolvendo equipes de cientistas de diversos países do mundo, foi realizado o Projeto Genoma Humano. Com a conclusão desse projeto, se obteve um mapa completo do DNA humano, identificando o código genético de suas células. Era só o começo. Desde então, acompanhamos às grandes experiências bem-sucedidas sobre clonagens e, mais recentemente, o uso de células tronco (adultas ou embrionárias) para complexos tratamentos a doenças degenerativas. Agora, cientistas anunciam que chegaram à criação de uma célula sintética. Estaremos vivendo o 8º dia da criação?
Num passado recente, a reflexão filosófica sobre o conhecimento, chamada de epistemologia, fazia uma clara e rígida distinção entre ciência e técnica. A ciência era a teoria, o universo dos conceitos, a formulação de um objeto teórico. A técnica era o produto da ciência, o artefato decorrente da teoria. Tínhamos, então, o cientista e o técnico: o primeiro criava, o segundo aplicava. Isso, talvez, para algumas áreas do conhecimento, já não seja assim tão bem delimitado. A causa é óbvia. Surgiram as novas tecnologias, a automação, a linguagem virtual. Potentes e cada vez menores computadores tornaram-se a mediação para as múltiplas linguagens. Assim, a racionalidade moderna chegou à plena “matematização” do mundo. E entramos numa era pós-humana, a era virtual.
Foi com essa nova lógica do conhecimento que chegamos à criação de uma célula sintética. Não, não somos deuses. Mas já foi possível, pelos resultados anunciados nesses dias, transformar um código do computador numa futura forma de vida. Ou, na prática, foi retirado sinteticamente o DNA (ou o genoma) de uma bactéria, escrevendo todo o seu código genético. Depois de obter um alfabeto bioquímico completo, o arquivo foi editado, acrescentou-se um novo código e, após novo seqüenciamento do DNA, daí se originaram colônias de células sintéticas.
Essa experiência laboratorial ainda vai requerer muita experiência. Mas, ao menos virtualmente, é a primeira experiência de criação de uma nova espécie viva. Não é absolutamente original, pois, não criou o DNA; apenas o reordenou e daí surgiu a possibilidade de uma nova espécie. Mas, isso não é pouco. É uma das descobertas mais inusitadas da historia das ciências.
Como em toda invenção científica, também sobre a criação da célula sintética surgem as questões éticas. O assunto sobre genética tornou-se tão complexo que foi necessário especializar também a abordagem da ética. Então, foi criada a Bioética. Com pertinência, haverá de encontrar soluções para que as novas descobertas científicas sobre a vida estejam orientadas pelo bem e para o bem. E fornecerá uma nova reflexão, capaz de subsidiar uma nova regulamentação jurídica a fim de proteger a humanidade de qualquer uso da ciência para o mal e a morte. Mas, embora confiantes, é preciso que permaneçamos vigilantes. Depois de Hiroshima, dos campos de concentração nazista, do uso do avião para o transporte de bombas, das armas biológicas e dos inventos que sujaram o planeta e esgotaram os recursos naturais, depois de tudo isso, sabemos que a ciência não é inocente. Há escolhas prévias sobre o que inventar. Há patrocínios e patrocinadores da ciência, com interesses nem sempre humanitários. Há aplicações da ciência para o bem e para o mal. Também com a ciência é preciso ter juízo!
Tema: Dom Fernando, memória e profecia
Nesse ano, celebramos 100 anos de D. Fernando. E, hoje, os 25 anos de seu falecimento, ocorrido em 1º de julho de 1985. Um mês e 10 dias antes, em 21 de abril, havia ocorrido a morte de Tancredo Neves. Os brasileiros ainda estavam impactados, inconformados e intrigados com aquela morte quase repentina. Exatamente um mês mais novo que Tancredo, Dom Fernando Gomes dos Santos, o primeiro arcebispo de Goiânia, morreu aos 75 anos e 58 dias. Ambos morreram após cirurgias para extirpação de tumores no intestino. Ambos, cada um a seu modo e por caminhos sociais diversos, foram lideranças decisivas para a redemocratização do Brasil. Para a geração de que fiz parte, são referências de memória e chaves de interpretação para compreender um importante período da história brasileira. E à geração nascida nos últimos 25 anos, podem ser inspiração para revigorar ideais e utopias de um outro mundo possível, mais justo e mais fraterno. Recordar testemunhos da história é fazer memória profética.
Dom Fernando Gomes dos Santos foi uma personalidade singular e marcante. Sua trajetória é emblemática e de complexa compreensão aos tempos pós-modernos. Nasceu na cidade de Patos, na Paraíba, em 4 de abril de 1910. Com apenas 11 anos, ingressou no seminário e aos 22 anos, em 1º de novembro de 1932, foi ordenado padre, em Roma. Depois, foi diretor de colégio, em Cajazeiras e vigário em Patos, sua cidade natal. Aos 33 anos de idade, aos 4 de abril de 1943, foi ordenado bispo de Penedo, em Alagoas. Era o mais jovem do episcopado brasileiro. Em 1949, foi transferido para a Diocese de Aracaju. Em 1952, participou da criação e foi o primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB. Continuou sua atuação e ministério no nordeste, até 1957. Então, nesse ano, sua vida foi reorientada ao planalto central. Aos 7 de março, foi promovido a Arcebispo de Goiânia. O território arquidiocesano de então era imenso. Abrangia também Brasília, Anápolis, Ipameri, Itumbiara, São Luis de Montes Belos e Rubiataba. Percorreu a cavalo e de jipe as extensas estradas goianas, sob chuvas torrenciais ou longas estiagens.
Com criatividade e ousadia, um mês após tomar posse, Dom Fernando lançou a Revista da Arquidiocese, que ainda hoje é publicada. Em 1959, quando havia apenas dois anos como arcebispo de Goiânia, liderou três grandes iniciativas: a criação da Universidade Católica de Goiás, a aquisição da Rádio Difusora e o início do Projeto Piloto de reforma agrária na Fazenda Conceição, em Corumbá de Goiás. Essa experiência, nas palavras de Dom Fernando, “foi uma das iniciativas que mais [ o ] empolgaram” na vida. Tomou o maior imóvel da Arquidiocese e nele fez o assentamento de 52 famílias de agricultores sem terra, com direito a casas construídas por financiamento e prestação de assistência técnica.
De 1962 a 1965, Dom Fernando participou de todas as sessões do Concílio Ecumênico Vaticano II. E nele fez duas importantes intervenções, em nome do episcopado brasileiro. Desde então, e ainda mais após a Conferência de Medellín (1968), seu visão e seu modo de ser e agir mudaram profundamente. Aos poucos, foi se despojando das insígnias externas, tornou-se mais simples, possibilitou novos espaços de participação e apoiou a criação dos Centros Comunitários, sementes das futuras Comunidades Eclesiais de Base. Implementou uma pastoral mais inserida nos meios populares. Criou o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral e as Pastorais Sociais. Assumiu a opção preferencial pelos pobres e pelos jovens. Sob duras conseqüências e pagando caro por isso, tornou-se uma voz profética na denúncia contra a repressão da ditadura militar e no empenho pela redemocratização do Brasil
Por tudo isso, e por muito mais, com razão dele se disse: “Dom Fernando nos faz recordar, seja pela sua figura imponente, seja pelo seu denodo, seja pela sua impressionante força de persuasão, os grandes bispos do passado, como Santo Ambrósio, São João Crisóstomo e São Gregório Magno” (Leonardo Boff, 1985). Após décadas de sua morte, hoje, sob as desesperanças, as crises de utopias, o declínio dos paradigmas e os múltiplos desencantos psico-culturais, a voz de Dom Fernando ainda ressoa com renovada convocação: “Unidos a Jesus Cristo e aos irmãos, sem violência e sem medo”.
Tema: Rodovia dos Romeiros
Já estamos às vésperas da Festa do Divino Pai Eterno. Romeiros de Goiás, de todos os Estados do Brasil e de diversos países, movidos pela fé, participam dessa grandiosa Romaria. Trazem consigo a expectativa da acolhida, da hospitalidade e de um mínimo de condições para chegar e permanecer em Trindade. E milhares vão, outra vez, percorrer a Rodovia dos Romeiros. Freqüentada por multidões, ela tornou-se como que um cartão postal não fotografado. Quem nela caminha durante horas, leva consigo uma impressão definitiva sobre a realidade de nosso Estado. É de se esperar, então, que esse caminho esteja lindo! Depois de anos e décadas, que condições apresenta essa rodovia?
Romarias e peregrinações remontam a séculos pretéritos. Hebreus, egípcios, babilônios, gregos, povos outros de remota história, todos empreenderam peregrinações. Os motivos sempre foram os mais diversos: festas primaveris, gratidão pela colheita, identificação étnica e reencontro após a diáspora, súplicas e promessas, convivência e revigoramento da esperança, aprofundamento pessoal e comunitário da fé. Em procissão ou sozinhos, percorreram por entre desertos ou montanhas. Enfrentaram secas, tempestades, frio ou intenso calor. Nem sempre chegaram ao destino. Alguns não resistiram devido ao cansaço, à fome, a doença e até a morte.
No final do caminho, sempre há uma referência de chegada. A arca da aliança, a caaba, o santuário, o totem. Um símbolo agrega e identifica. Nele há o aconchego e o repouso da alma. Geralmente, fica no alto de um morro. Por isso, toda peregrinação é uma caminhada de subida, de elevação.
Romarias católicas, as encontramos em todo o mundo. Predominam as romarias marianas: a de Fátima, em Portugal; a de N. Sra. de Guadalupe, no México; a de Lourdes e de Salette, na França; a de Caravaggio, na Itália. Também temos as famosas peregrinações a Santiago de Compostella, na Espanha; à Roma; ou a Terra Santa, onde viveu Jesus. No Brasil, temos as belas romarias de Aparecida, em São Paulo; do círio de Nazaré, em Belém do Pará; de Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre; do Senhor do Bonfim, na Bahia; de São José, no Maranhão.
Romaria supõe peregrinação, deslocamento, êxodo. Há um significado antropológico profundo numa caminhada religiosa. Expressa nossa condição de peregrinos neste mundo, de caminhantes nesta terra. Somos não só “homo sapiens”, homens que sabem, refletem, tem inteligência ; nem apenas “homo faber”, homens que trabalham, que fabricam ou constroem. Somos também, desde o passo original da humanidade, o “homo viator”, viajantes e peregrinos, com capacidade de transcender e confiantes que nossas vidas não se reduzirão à poeira e à terra com o fim de nossos corpos.
Por isso, também à Trindade se caminha! Não é uma invenção leviana, um passeio superficial, um percurso ocasional. É um caminho com 150 anos de história. Tem tradição. Marcou gerações, assumiu contornos culturais próprios, teceu nossa identidade. Merece atenção, carinho e respeito.
Entretanto, quem fizer nesse ano a peregrinação pela Rodovia dos Romeiros, vai encontrar as mesmas condições dos anos anteriores. Com o acréscimo de ter piorado um pouco mais. Há uma ligeira melhora nos painéis da via-sacra, parcialmente restaurados por Omar Souto. No mais, nada mudou: o mato crescido, a ausência de lixeiras, os banheiros quebrados, o alfalto com buracos e trechos incompletos. Nada foi pensado a médio prazo. E logo chegarão, outra vez, as providências de improviso. Uma roçagem rápida, uma passada de cal pelo meio fio e alguns tonéis instalados como lixeiras.
Há poucos dias, mais de 5 mil estudantes percorreram a rodovia dos romeiros, na Romaria da Educação Católica. Constataram o que é a realidade que se repete todos os anos, ao longo das décadas. Nem mesmo o plantio voluntário de centenas de árvores foi devidamente cuidado. Uma parte delas, as formigas levaram; outras foram arrancadas e roubadas; outras, ainda, ou secaram por falta de água, ou devido as queimadas. Alguns heróicos pés de ipês ainda resistem, clamando por cuidado público. Foram plantados pelos presos da Agência Prisional, no mês de janeiro. Embora em período de férias, acompanhei pessoalmente esse plantio. Era preciso aproveitar o período chuvoso. E o fizemos, cheios de voluntário empenho ambiental e sócio-educativo. Agora, é esperar que o senso de responsabilidade e de respeito acorde nas consciências dos responsáveis. Enquanto isso não acontece, amarguemos com o desmazelo e agucemos a memória na hora de votar.
Tema: Corpus Christi, a generosidade do amor
Nesses dias, houve a oferta de muitos pacotes de viagem para o feriado de Corpus Christi. É a velha lei da oferta e da procura. Tendo quem queira, o mercado está disposto a tudo vender. Porém, há algo que não consegue vender. É o amor. Ele não tem preço. É doação generosa e plenitude da gratuidade. Hoje, milhares de cristãos percorrem as ruas em prece, num respeitoso silêncio religioso. Exaltam e adoram a Eucaristia, o Corpo de Cristo, suprema expressão do amor. Amor que se faz partilha para saciar a fome de pão, de justiça e de paz.
A solenidade da festa do Corpo e Sangue de Cristo, a festa de Corpus Christi, foi instituída pelo papa Urbano IV, em 1264. Ele a promulgou pela bula Transiturus, prescrevendo esta solenidade para toda a Igreja. Portanto, é uma festa religiosa universal, celebrada em todo o mundo. Repete-se há quase oito séculos. Suscita à reflexão e à manifestação pública da fé. No Brasil, desde 1961 entrou para o calendário civil como dia de feriado nacional.
Guardo, desde a infância, referências marcantes da Eucaristia em minha vida. Lembro-me, numa certa ocasião, de uma missa celebrada numa gruta dedicada a Nossa Senhora de Lourdes, em minha cidade natal. Terminada a celebração, havia sobrado grande quantidade de hóstias consagradas. O padre, então, resolveu levá-las ao sacrário da Igreja Matriz. Pediu-me ajuda para carregar a âmbula, a vasilha especial em que se colocam as hóstias consagradas. Sentei-me na poltrona de um velho fusca. Era tão pequeno que as pernas não alcançavam o chão do carro. Coloquei a âmbula entre as pernas, enquanto o padre dirigia. Vendo-me numa posição que julgou pouco adequada, disse-me: - Carregue a âmbula numa posição um pouco mais alta. Você está levando Jesus!
Aquela frase – “Você está levando Jesus!” – ainda ecoa em minha alma. E a escuto ainda mais intensamente quando, em meio à multidão, na solenidade de Corpus Christi, vejo as pessoas caminhando e levando Jesus pelas ruas. E pergunto-me se o levamos, ou Ele nos leva. E sinto que não estamos sozinhos. Ele caminha conosco. E recordo-me da bela homilia de Bento XVI, feita na solenidade de Corpus Christi de 2008. Disse o papa: “A Eucaristia é o Sacramento do Deus que não nos deixa sozinhos no caminho, mas se coloca ao nosso lado e nos indica a direção. De fato, não basta caminhar. É preciso saber para onde se vai”.
“Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”, foi dito à Alice, perdida no “país das maravilhas”. Na festa de Corpus Christi, os cristãos caminham pelas ruas indicando-se a quem seguem e que orientação tem as suas vidas. Experimentam na Eucaristia o alimento do corpo e da alma. Sabem que naquela aparência do pão consagrado está a presença viva do Senhor, dom supremo de amor. E sentem-se fortalecidos para a missão,a construção da justiça, a partilha do pão e a instauração da paz. Alimentados por esse Pão, encontram sentido para viver e para morrer.
Tema: Criança tem direito ao respeito
Hoje é o Dia Mundial Contra a Agressão Infantil.O motivo dessa data não foi colocado ao acaso. A violência contra as crianças não tem fronteiras. Machuca seus corpos e suas almas. E deixa marcas para o resto de suas vidas. Criança que sofreu violência física, psicológica ou moral torna-se um adulto inseguro, com baixa auto-estima e, com alguma freqüência, quando não é reorientado, também apresenta propensão a ser um agressor. Transmitirá aos seus filhos a violência que herdou da família e da sociedade. Romper esse velho jeito de educar com surras é condição para construir uma nova humanidade, menos triste, mais harmoniosa e com sentimentos mais positivos diante da vida.
Minha infância e a de minha geração tinham um canto que todos sabíamos decorado: “Criança feliz,/ feliz a cantar,/ alegre a embalar/ seu sonho infantil./ Oh! Meu bom Jesus,/ que a todos conduz,/ olhai as crianças de nosso Brasil”.
Ainda que sob o encanto da poesia e da música, agrade-nos ou não, é preciso reconhecer que vida de criança nunca foi fácil, no Brasil. Ao ignorar a tradição de grande parte das etnias indígenas no cuidado para com as crianças, assumimos a concepção e a educação européias sobre a infância e a família. A violência machucou as relações, presidiu a convivência, nos fez sofrer e adoeceu o projeto civilizatório. Por isso, há 500 anos ainda temos uma nação inconclusa.
O recente julgamento do casal Nardoni será um desses “tempos da memória” que jamais cairá no esquecimento. Uma criança foi maltratada e jogada pela janela. Goiás não tem ficado para trás nas atitudes de perversidade contra as crianças. Roubadas de seus pais quando recém nascidas, torturadas com alicates que esmagavam suas unhas, ou matadas em vôo suicida de um avião jogado contra um shopping, assim tem sido alguns dos gestos macabros que acompanhamos aterrorizados em nosso querido Goiás. Assim tem sido, também, com a infância brasileira. Os que são os primeiros responsáveis pelo cuidado e proteção, seus pais e família, são os principais autores da violência contra as crianças.
Vulneráveis e indefesas, as crianças são as primeiras vítimas com a falta de água nas regiões de seca, de doenças e morte pela ausência de saneamento básico, de balas perdidas nas conflituosas e violentas metrópoles, do trabalho infantil nas carvoarias, da exposição humilhante nos sinaleiros, da prostituição nas estradas e no interesse estrangeiro pelo turismo brasileiro, da pedofilia, do craque e das demais drogas que atingem faixas etárias sempre mais precoces, dos isolamentos provocados pelas novas tecnologias, do pretenso direito de colocar a Saúde Pública a disposição da curetagem ilegal e imoral de fetos, da desnutrição, do analfabetismo.
Lamentavelmente, outros países não são mais condescendentes para com as crianças. Forçadas a serem soldados precoces em guerras regionais, aprisionadas em porões e violentadas durante décadas por pais com mentes doentias, sob os escombros de terremotos, assim também é a dramática realidade internacional da infância. Mas, é preciso também reconhecer e potencializar os esforços e os acontecimentos positivos . A brasileira Zilda Arns e a indiana Tereza de Calcutá são ícones dessa ética do cuidado e do respeito às crianças. Comemoram-se os vinte anos da criação do Estatuto da Criança e do Adolescente. O Judiciário e os Conselhos Tutelares avançaram na defesa e proteção dos direitos da infância. Intensificou-se a responsabilidade do Estado e vinculou-se a concessão de bolsas e benefícios à freqüência da criança na Escola. As novas gerações de famílias aprenderam aos poucos a educar com diálogo e sem bater. Sim, avançamos muito na história. Mas ainda há muito para mudar. Nosso futuro vai depender do modo como tratarmos as crianças no presente.
Tema: Novo telejornal. Qualidade à notícia.
Em apenas um ano, a UCG TV já criou treze novos programas. Investiu na qualidade. Apostou na criatividade de sua equipe. Cresceu em conteúdo e em credibilidade. Ficou mais bonita e melhor. E confiou em você, telespectador. Hoje, na festa da padroeira de Goiânia, Nossa Senhora Auxiliadora, sob sua proteção, concluímos a atualização da nova proposta de telejornalismo. E a apresentamos para você, com muito carinho e respeito.
Você já deve ter notado que temos um novo telejornal. Antes era o UCG Notícia. Agora, é o TJ Goiás. Novo nome, novo cenário, novos recursos. Estamos unificando a linguagem com a TV Aparecida. Asseguramos a credibilidade da notícia e a qualidade da informação. Externaremos, também, nossa opinião, com um comentário feito diariamente. Bom jornal é aquele que ajuda a formar opinião e a interpretar a realidade. É isso o que desejamos proporcionar a você e a sua família.
Hoje, em Goiânia, é dia de feriado. Quando um feriado se confunde com dia de descanso, começa a perder seu sentido original. Descanso mesmo são aos dias de férias. Num feriado, se suspende o trabalho por um motivo muito especial. Hoje, os goianienses evocam Nossa Senhora Auxiliadora, a padroeira de Goiânia.
Em meados da década de 1930, foi constituída uma comissão para a escolha do local da nova capital de Goiás. D. Emmanuel Gomes de Oliveira , na época arcebispo de Goiás, chefiava essa comissão. Foi sob seu comando que esse local onde hoje é Goiânia foi o escolhido para sediar a capital do Estado. Foram anos difíceis, com muitos conflitos de interesses e poucos recursos para tão grande obra. Foi então que D. Emanuel consagrou Goiânia a Nossa Senhora Auxiliadora. Pediu àquela que um dia cuidou de Jesus, para que também cuidasse dessa nova cidade que nascia. Mais tarde, em 1957, com a criação da Arquidiocese de Goiânia, Nossa Senhora Auxiliadora tornou-se também a padroeira da Arquidiocese.
Com 75 anos, Goiânia enfrenta grandes desafios e esperanças, também mostrados diariamente por esse seu telejornal. Goiânia já não é apenas uma cidade grande, como também eu dizia quando morava no interior. É, sempre mais, uma grande cidade, com jeito de metrópole. Por aqui, tudo mudou muito por aqui, e cada vez mais rápido.
Que a Mãe Auxiliadora continue intercedendo por cada morador dessa cidade e por todos os que dela precisam. E que também abençoe essa nova fase de nosso TJ Goiás.
Tema: Compromisso com a vida no planeta
Hoje, à noite, acontece a abertura do décimo terceiro Encontro Ambientalista do Cerrado. Não será apenas um evento a mais, na intensa agenda de eventos que acontecem em Goiás. A grande questão, a ser tratada nesse Encontro, é que está em risco a vida no planeta.Ou cuidamos da vida, ou nos destruiremos.
Até quando você acha que teremos água suficiente para saciar nossa sede, lavar nossos corpos e roupas, limpar nossa casa, aguar as plantas e sustentar os animais?
Até quando resistiremos às mudanças climáticas, às chuvas torrenciais e às secas prolongadas, aos vendavais e à baixa umidade do ar?
Até quando suportaremos o ar cada vez mais poluído e a terra cada vez mais devastada?
Sim, vale a pena se perguntar sobre a vida no planeta. Sobre a minha vida, a sua vida, a vida de nossos filhos, a vida de todos nós. Talvez, conscientes ou não, estamos nos destruindo uns aos outros. E colocamos o futuro sob ameaça.
Os recursos da terra não são infinitos. É preciso rever nossos padrões de consumo, a quantidade de lixo produzido, o desperdício de água, as queimadas irresponsáveis.
Você já plantou uma árvore em frente a sua casa, ao seu comércio e em sua rua? Você já verificou se tem árvores plantadas ao redor de sua Igreja, do seu clube, da sua associação? Você não acha que pode fazer alguma coisa pelo meio ambiente?
No Brasil, temos diversos biomas: a mata atlântica, o pantanal, os pampas, a caatinga e o cerrado. Cada bioma tem uma história e uma diversidade própria. Cada bioma requer um cuidado distinto e especial. Nosso imenso cerrado, tão pouco conhecido, detém 20% da biodiversidade do planeta. É um dos biomas mais ricos e mais frágeis que existem. Quando nele as matas são derrubadas, dificilmente se refazem. Então, é preciso um cuidado especial sobre as matas ciliares, sobre a expansão da pecuária e das pastagens, sobre o descuido na proteção das reservas legais de floresta, sobre os locais de plantação da cana de açúcar e da soja, sobre a caça aos animais e seu atropelamento nas estradas, sobre o risco de destruição das fontes de água e dos lençóis freáticos.
Deus criou. Agora, é preciso cuidar. O planeta terra está em nossas mãos. E nós, dentro dele. Não há, por enquanto, como fugir. Aqui é a nossa casa.
Tema: Construir a paz
Hoje a cidade de Campos Belos , a 600 quilometros de Goiânia, celebra o sétimo dia de falecimento do Padre Rubens de Almeida, covardemente assassinado. Cresce a violência a cada dia, em Goiás e o mundo. O valor da vida está banalizado. Mata-se por motivos fúteis, por qualquer coisa. O que está acontecendo conosco? Por que estamos nos tornando tão violentos?
Na quinta-feira passada o padre Rubens de Almeida Gonçalves, de 35 anos, foi morto com um tiro na cabeça. O assassinato ocorreu por volta das 9 horas da manhã, no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora da Conceição, no centro da cidade de Campos Belos.
O assassino confesso do padre, o comerciante Fagner dos Santos Lopes, tem 26 anos de idade. O motivo para matar foi um aluguel do salão paroquial, onde instalaria uma academia de ginástica. Na quinta feira passada, quando conversou novamente com o padre, Fagner foi informado que o salão não seria mais alugado. Inconformado, comprou uma pistola, foi ao encontro do padre e, sem discutir, atirou e saiu correndo a pé.
Esse fato, de tanta brutalidade, e infelizmente tão comum e banal, deve nos convocar a uma profunda reflexão. Entre a expectativa de um bom negócio e o valor de uma vida humana, pesou o valor do dinheiro. Na cidade de Campos Belos, e pelo tamanho do empreendimento, talvez nem seja tão grande assim a soma da renda com um negócio de academia. É assim mesmo: mata-se por um par de chinelos, pelo aluguel de um barraco, por uma discussão conjugal, por um relacionamento não correspondido, por um boi do vizinho que entrou na lavoura, por uma fechada no trânsito, por uma expectativa de apressar a herança.
Mata-se qualquer um: pode ser um papa abençoando na Praça de São Pedro, ou um padre numa cidade do interior. Pode ser uma mãe, ou uma criança inocente. A violência não tem fronteiras morais. Seus motivos são banais, fúteis, irracionais. Numa escala de valores, a vida fica em último lugar. Parece que estamos numa encruzilhada em nosso projeto civilizatório. Avançamos tanto na ciência, na técnica, nas invenções para a longevidade, para termos uma estimativa de vida maior. Crescemos na qualidade de vida e nos recursos para superar as doenças. Mas, não crescemos no Bem-Viver, nos valores que presidem as relações, no valor insubstituível da vida.
O assassinato do padre ainda suscita outra questão importante. Como foi tão fácil assim para que o Fagner, o assassino, comprasse uma pistola? Há poucos anos, ocorreu um plebiscito sobre a livre venda de armas no Brasil. A maioria dos brasileiros escolheu pelo direito de armar-se livremente. Verdade é que as indústrias de armas patrocinaram forte publicidade. Mas todos fizemos uma escolha. Agora, guarda-se armas no maleiro do guarda-roupa ou no porta-luvas do carro. E, assim, a morte está sempre ao alcance das mãos. É só perder a cabeça e logo chega a violência fatal.
É hora de por a mão na consciência. Todos somos um pouco responsáveis pelos crimes. Votamos pela livre circulação das armas. E defendemos o dinheiro como valor supremo. De opções como essas, não podemos esperar boa coisa!
Tema: Universidades Católicas
Na PUC, há dois dias estamos estudando esse documento(....), sobre as Universidades Católicas. Foi escrito há 20 anos, pelo papa João Paulo II, que recolheu sugestões das universidades de todo o mundo. É um documento que influenciou profundamente no rumo das Universidades Católicas. Também eu, desde agosto de 1990, tive nesse documento uma clara orientação para atuar na educação superior e, particularmente, na Universidade Católica. É esse o tema que hoje gostaria de compartilhar com você. Aguarde-me no comentário final.
Temos no mundo em torno de 1.800 Universidades Católicas e mais de 250mil escolas católicas de ensino fundamental e médio. Para quem tem um filho ou parente numa Instituição de Educação Católica, sabe da importância e da qualidade de uma escola ou universidade católica para sua família e para sua cidade.
Como estive na diretoria da Federação Internacional das Universidades Católicas, tive a oportunidade de conhecer o bem que fazem as diversas universidades católicas da África, da Ásia, da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa. Também dirigi, por dois mandatos, a associação das universidades católicas no Brasil. Em nosso país, há 64 Instituições de Educação Superior Católicas. Dentre tais Instituições, 19 são universidades. É a Católica de Pernambuco, a Universidade Católica de Salvador, a Católica de Brasília, a PUC Goiás, a Católica Dom Bosco de Campo Grande, a PUC de Minas Gerais, a PUC Campinas, a PUC São Paulo, a Católica de Santos, a Universidade Sagrado Coração – de Bauru, a PUC Rio, a Católica de Petrópolis, a PUC do Paraná, a Católica de Pelotas, a UNISINOS em São Leopoldo, e a PUC do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
Mais de meio milhão de alunos estudam nas universidades católicas brasileiras. Quarenta e cinco mil professores e funcionários administrativos trabalham nas universidades católicas do Brasil. Tanta gente assim estudando e trabalhando, no país e no mundo, é uma grande responsabilidade e desafio para a Igreja. É por isso que foi escrita a Ex Corde Ecclesiae. Essas palavras são da língua latina. Todo documento de Igreja escrito pelo papa tem sua primeira versão sempre em latim. Depois, é traduzido para os mais importantes idiomas que há no mundo. As primeiras palavras da versão latina dos documentos da Igreja tornam-se o titulo que se dá ao documento. Esse documento sobre as Universidades Católicas começa assim: “Nascida do coração da Igreja...”, por isso, ex corde ecclesiae.
Que importância tem um documento desses para Goiânia e Goiás? Ora, um documento assim fornece uma orientação sobre o jeito que se deve educar, sobre o tipo de gente que se quer formar, sobre o perfil de profissional que o mundo precisa, sobre o corpo de valores que deve fundamentar a atividade intelectual, sobre a responsabilidade da atividade científica e técnica. Aqueles que se formam na Universidade vão ser professores de seus filhos e netos, vão fazer sua cirurgia, vão projetar a ponte em que você vai passar, vão pilotar o avião em que você vai viajar, vão assegurar a qualidade do alimento que você vai comer. Para bem fazerem tudo isso, precisam de uma formação integral: formação científica, técnica, estética, ética, espiritual, ambiental e social. É para isso que aponta o Documento Ex Corde Ecclesiae. Que João Paulo II, lá do céu, receba a nossa gratidão por essa preciosa obra.
Tema: Mudança do Parque Agropecuário
Em breve se encerra mais uma exposição agropecuária. Há 65 anos os goianos freqüentam essa exposição. Não é apenas uma visita a um parque. É uma identificação com nossas raízes rurais, com a história de nossos pais e avós, com um modelo econômico, social e cultural que teceu e formou nosso jeito de ser e agir. Agora, depois de 65 anos, essa exposição parece que vai sair da Vila Nova. Talvez, não seja apenas uma mudança de local, mas de um ciclo de vida social que se encerra.
Durante 65 anos a Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura realizou a exposição agropecuária no Parque Agropecuário de Goiânia, na Vila Nova. Desde os inícios desse evento, o povo goiano aderiu com sua presença, envolvimento e participação. É como que encontrasse na Exposição Agropecuária uma certa identificação com suas origens.
Há 65 anos atrás, 80% da população brasileira vivia no campo. Hoje, restam em torno de 20% dos que ainda moram na roça. O fenômeno de urbanização, no Brasil, foi um dos mais rápidos do mundo. Enquanto, na Europa, a migração do campo para as cidades ocorreu durante 500 anos, para o Brasil essa mudança aconteceu nos últimos 50 anos. Por isso, muitos de nós e de nossos pais tem origem rural. O mugido do boi, o ranger da carroça, o sabão de bola feito em casa, o arado no campo, a garapa da cana, o açúcar mascavo, a colheita do milho, a pamonha e o beiju, a galinha caipira, a porteira da entrada, as lindas noites estreladas, a música sertaneja... tudo isso nos é familiar, nos comove, nos enche de lembranças e saudades.
Mas, o tempo passou. Aquele parque agropecuário de 65 anos atrás passou por grandes mudanças em si e no seu entorno cultural. Goiânia cresceu, os carros aumentaram, as indústrias chegaram, o estilo de vida mudou e surgiu uma nova geração, com outra visão da vida e do mundo. Agora, para o olfato urbano, o cheiro do gado tornou-se mau cheiro. E muita gente que vai ao parque nem visita a exposição. São atraídos pelos shows de novos cantores sertanejos, embalados por guitarras e baterias. E os cavalos e carroças deram lugar aos imensos congestionamentos de veículos motorizados. A violência e a droga também rondam o parque e obrigam a um forte aparato de segurança. Agora, a exposição agropecuária já não é mais desejável pela população da Vila Nova.
Estive na abertura da exposição desse ano. Conheci a maquete do novo Parque Agropecuário. É um projeto arrojado e moderno, muito diferente do atual parque. Será um grande centro de eventos, a ser construído entre a Barragem do João Leite e o Batalhão do Exército, no Jardim Guanabara. Embora com os transtornos atuais, a Vila Nova tem uma dívida de gratidão para com esse Parque. Ele ajudou muita gente da região, valorizou as propriedades, incrementou o comércio local e colaborou no sustento de muita gente. Mas a algo mais decisivo a perceber. A mudança do parque agropecuário aponta para a mudança de um ciclo psico- cultural em Goiânia. No futuro, será um acontecimento de referência para distinguir uma mudança de época e de cultura. Quem viver, verá! E lembrará com saudades um outro tempo da história.