* Wolmir Therezio Amado
Oração pela paciência
Senhor,
Concede-me paciência para aguardar,
Discernimento para atuar,
Coragem para resistir,
Empenho ao continuar...
Protege-me da inquietude que não espera,
Da cegueira que não quer ver,
Da covardia que entrega a dignidade,
Da fraqueza que faz desistir.
Enxuga as lágrimas de minha alma,
Permita-me acreditar nos olhares,
Dá-me juízo nas intenções,
Mantenha-me sempre e todo para Ti.
Enfim,
Livra-me de todo o mal,
Para que eu descanse,
Em Teu coração.
PS: redigida em Goiânia, 10 de novembro de 1999, às 9h40m
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Renovação do Sim
Num dia de outrora, faz tempo...
Vieste ao meu encontro e me chamaste,
Sem nem sequer de tudo eu compreender,
Incapaz de prever o amanhecer.
Deixei o tudo que eu tinha:
O barco de mil sonhos que remei,
As redes que insistente relancei,
Os passos que no esforço percorri,
O sono vigilante que encolhi.
Os anos se passaram e aqui estou,
Fiel à mesma voz e ao mesmo olhar,
Nem glórias, nem fracassos me confundiram,
Mantive a mesma fé, o mesmo amor.
Eu creio, pois, firmemente,
Que o “sim” que nunca desdisse,
Será para sempre sem fim!
PS: Regida em São Paulo, em 11 de fevereiro de 2001, às 05:00
Oração de Agradecimento
Obrigado, Senhor,
Por jamais ter permitido
Que eu me separasse de Ti.
Chegaram os livros e as idéias,
Meus olhos passearam em mil imagens,
Eu tive esquecimentos e destaques,
Pastores me bateram com cajados,
Mas eu de Ti não me separei!
Vivi encontro e desencontro,
Tristezas e alegrias foram tantas,
Cheguei a distrair-me no caminho,
Mas eu de Ti não me separei!
O que me fez permanecer em Tua companhia
Senão a Tua própria graça,
Senhor!?
PS: redigida em São Paulo, em 11 de fevereiro de 2001, às 06:30
Oração a Nossa Senhora
Maria,
Mãe de Jesus Cristo,
Nossa Mãe querida,
de Caravággio, de Fátima,
de Lourdes, de Copacabana, de Nazaré,
de Salette, do Pantanal, do Sertão,
das Oliveiras, da Penha, do Perpétuo Socorro.
Senhora de todos os povos,
Presença em todas as situações
Conforto amoroso em todas as horas.
Tu, que guardava no coração e na memória
A história e os sonhos de Teu povo.
Tu, que soubeste discernir e responder “sim”
Ao convite desafiante do Pai Eterno.
Tu, que estiveste grávida de Jesus Cristo
E de todas as esperanças messiânicas de salvação.
Enfrentaste gravidez no noivado,
Viagens penosas, portas que se fecharam,
Ameaças de assassinato, fuga apressada, sumiço do filho adolescente, viuvez,
Impasse em festa de casamento, apreensões pela vida de teu filho
Dificuldades, covardia e traição daqueles que O seguiram,
Lágrimas pelo suplício da cruz, medo da Igreja nascente.
Olha a cada um de nós, Mãe de Misericórdia,
Ajuda-nos a aprender da tua vida a grande lição de:
Suportar com sabedoria as incompreensões,
Não desistir quando a caminhada é difícil,
Continuar procurando quando as portas se fecham,
Buscar lugares seguros que preservem a vida,
Saber corrigir nos momentos de erro,
Resistir em momentos de solidão e de desamparo,
Confiar que o Senhor fará o milagre da alegria,
Ter paciência nos processos de aprendizagem pessoal e comunitária,
Discernir ocasiões e atitudes de engano,
Não desesperar nos sofrimentos, perdas e mortes,
E estar sempre junto à Igreja e ao povo,
Mesmo quando tudo parece ter chegado ao fim.
Enfim, ó cheia de graça,
Rogai por nós, frágeis caminhantes,
Agora
E na hora da morte.
Amém.
PS: redigida no aeroporto de Fortaleza, em fevereiro de 1999, no retorno da assessoria feita à XVI Assembléia Regional Regional de Pastoral/Nordeste I, realizada em Tianguá, Ceará.
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Palavra
Jo 1, 1-18
Rumor de palavras
Querendo falar,
Insistem, reclamam,
Suplicam pedidos.
De braços abertos
Acolho-as n’alma.
Aguardo que digam
O que eu calei.
Palavra sem tempo,
Plasmou-se em vida,
Nasceu num menino
E fez-se esperança.
PS: pequeno poema, redigido em Fortaleza/Ceará, em 1999.
O bom perdedor
Saber perder,
Deixando que tudo vá embora,
Sobrando apenas
Pobres mãos vazias.
Saber perder,
Ceifado em precoce estação,
Brincando com a colheita
De uma dor não semeada.
Saber perder,
Integrando o juízo pesado
No pobre corpo pesado,
Com feridas que não saram.
Saber perder,
Molhando com as lágrimas
Alguma semente perdida,
Onde queira brotar vida.
Saber perder
Tudo aquilo que se tinha,
Ficando apenas o nada,
O vazio de sentido.
Saber perder
Sem parar de caminhar,
Sustentado por migalhas
De lições que a vida dá.
PS: redigido em Goiânia, em 4 de novembro de 1997, às 10:33
Cidade dos cristais
Silenciosas ruas
Que não foram ladrilhadas por cristais,
Singeleza dos que se sabem mortais,
Só o passado já não basta prá viver.
Ventos novos!? Chegaram-se por aqui
Nem levaram a poeira dos telhados,
É uma história com esforços encalhados
Burilando as tuas pedras transparentes.
Vejo a ti ou vejo a mim em mudos passos (?)
Só velando velhos sonhos já dormindo,
Sem lampejos que suscitem direção,
Restando o ar como uma concessão.
Inquietude é o meu nome de batismo?
É destino esta sina de mascate?
Tornei-me voluntário do Invisível,
É vertigem a cidade em que caminho!?
Perguntar foi meu credo e minha fé,
Foi ruído ou descompasso nas esquinas?
A certeza não gostou dessa cidade,
E meu corpo então se tornou o de um andarilho.
Sobre a Verdade, repousar é meu desejo,
Recolhi esta esperança, aquém plantada.
Ver transparente como olhar por teus cristais,
Olhos abertos, vou mantê-los eternamente.
PS: Redigido em Cristalândia, Tocantins, em 15 de novembro de 1998, às 01:20
Minha Casa
Em cada grito alegre de criança,
No barulho da chuva que cai nos telhados,
Na chama bruxuleante da vela,
Em janelas com retalhos de vidro,
Tudo lembra a minha casa!!!
Nos folguedos e brincadeiras sem fim,
Nas tardes pachorrentas de domingo,
Nas antigas camas de madeira,
No distante toque do sino,
Tudo lembra a minha casa!!!
A infância acabou,
A chuva nem mais é percebida,
As velas sumiram,
Modificaram-se as janelas.
Já não há o descanso domingueiro,
De espuma transformaram-se os colchões,
As buzinas estridentes me ensurdecem,
Como poderei eu brincar na sisudez?
Até eu já saí de minha casa,
Meu casulo ficou-se para trás
Sua lembrança que sempre me persegue,
É saudade de remota proteção.
PS: Poema escrito em Ilheos, Bahia, em 5 de maio de 1999