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Artigos do Wolmir - Nov 2010

                                         

 

Boa Leitura

 

 

 

   

 

 

  Tema: A idolatria aos falsos deuses

 

No meio do deserto, em difícil travessia, o povo hebreu, cansado e sem esperança, inventou uma forma de idolatria. Do ouro, moldou uma forma de bezerro. Era um símbolo falso. Mesmo assim, parecia encantar aquele povo. Hoje, a idolatria não acabou. Apenas, assumiu novas formas. E novos ídolos, ainda que falsos, continuam seduzindo multidões.

 

Quando os hebreus, na travessia do deserto, criaram um bezerro e o adoraram, na verdade estavam se sujeitando a um ídolo. Adorar a um ídolo é mais confortável que adorar ao verdadeiro Deus.

 

O ídolo é a projeção daquilo que somos e pensamos. Recebe nossa forma humana. É produzido para nos agradar e para atender exatamente do jeito que queremos.

 

Podemos idolatrar objetos. Podemos idolatrar pessoas. Podemos produzir falsas divindades, desejando que sirvam de entretenimento, de diversão, de passatempo.

 

Para os hebreus, o bezerro de ouro era o símbolo do cansaço, da preguiça, da acomodação e da insanidade. O caminho pelo deserto parecia não ter fim. A terra prometida exigia uma longa travessia, com a provação da fome e da sede e de todos os limites físicos e espirituais. Quando deixaram de acreditar no Deus invisível que tudo pode, o povo buscou a forma de um deus visível que nada pode, mas tudo parece poder.

 

Adorar ídolos impõe ajoelhar-se de modo irrefletido, ver sem enxergar, anular o senso crítico. É preciso desligar a capacidade de análise, o juízo que distingue o bem do mal, o senso crítico que interpreta a realidade.

 

O bezerro de ouro é encantador, enganador e opressor ao mesmo tempo. Ele encanta porque impressiona, envolve, seduz. Ele engana porque se apresenta com um poder que não possui. Ele oprime porque subjuga, anula a liberdade, impõe passividade.

 

Os ídolos, do passado e do presente, têm a força do poder manipulador, ao estilo do modo como descreveu Foucault na obra Vigiar e Punir. Ele dobra sem ferir, amolece sem quebrar, coíbe sem proibir.

 

No deserto dos dias atuais, é preciso resistir contra os bezerros luminosos e os ídolos que a sociedade produz. É preciso abrir os olhos à ideologia de que o consumismo é que produz a felicidade. É preciso duvidar daqueles com boa aparência, mas que escondem no bolso as mãos ensangüentadas pela injustiça e pela morte de inocentes. É preciso questionar as celebridades produzidas para divertir e enganar. É preciso quebrar os falsos encantos e denunciar o vazio que se esconde nas aparências do prestígio e da fama.

 

É preciso resistir na travessia da vida, suportar e superar as dificuldades do caminho, reorganizar as esperanças, reafirmar os valores fundamentais, tomar consciência da realidade, vencer a acomodação e, sobretudo, acreditar no poder que liberta, que respeita e que ama.